A Eaton é mais uma empresa presente no Brasil que está na IAA Transportation 2024, realizada na Alemanha até o dia 22 deste mês. O estande da marca está dividido em três grandes grupos: componentes para motores a combustão e gerenciamento de fluxo de ar; nova família advantor (lançada durante Eaton Experience) e portfolio de transmissões para veículos eletrificados.
Marcos Janasi, diretor global da unidade de negócios Comercial Powertrain e Sérgio José Kramer, diretor geral de Veículos Comerciais e Fora-de-Estrada da Eaton, falaram com a imprensa brasileira fazendo um resumo da participação da marca na feira, quais novidades de lá são aplicáveis no Brasil, para onde a Eaton vai caminhar nos próximos anos e também uma análise de como efetuar essa transição energética por aqui.
Resumo da feira e comparação com a edição de 2022
“Citando o setor de pesados, não teve uma variação muito grande daquilo que foi mostrado nas duas últimas edições do IAA. O que vemos é uma aproximação do início de produção. As montadoras ainda estão falando em volumes baixos de produção, falando de vendas em números baixos também, (2, 3 mil unidades). Esses números ainda são pequenos em comparação ao que vimos em 2018, quando essas tecnologias já foram mostradas. Então, agora aconteceu um amadurecimento dessas tendências.
Aliás, ainda existe uma preocupação de como a infraestrutura europeia vai suportar essas tecnologias. Os dois grandes temas foram infraestrutura e viabilidade econômica das tecnologias. Vale contextualizar que isso é para os caminhões. Em carros e vans, isso vem se desenvolvendo de forma mais avançada.
De um modo geral, a mensagem que fica é que não haverá pulverização das apostas, tudo está em aberto.”
Tendências da IAA 2024 para o Brasil
“As montadoras estão na tendência de veículos híbridos ou elétricos para last mile. Isso vem sendo puxado por regulamentação, aliás. Estamos trabalhando em frentes com montadoras e clientes, nada em produção, mas avançando no uso de transmissões de quatro velocidade de 18t, outra de quatro transmissões para veículos de 42 t. Tanto para caminhões, quanto ônibus. Em paralelo, estamos trabalhando na variação desses modelos de transmissão para uma linha futura também.”
O híbrido como ponte para o elétrico
“Ele tem uma parte das soluções quando falamos em motores menores. Como motores de combustão interna menor, sendo um motor a etanol, por exemplo, para prover energia para o motor elétrico. Para o Brasil, a tendência é o híbrido fazendo essa ponte, até chegar no veículo elétrico.
Vamos pensar as soluções contextualizadas na região. O que funciona na Europa, pode não resolver no Brasil. Assim, a EATON vai também focar em produzir próximo ao cliente, em região próxima onde o produto está sendo usado. Acreditamos em soluções customizadas produzidas localmente. Não posso responder se o motor híbrido já está em testes no Brasil, já que isso é responsabilidade das montadoras, mas afirmo que a Eaton está se preparando desde já”.
Espaço para melhora do motor à diesel
“Vemos esse espaço para melhorar ainda. Vamos ter uma transição dessas tecnologias, que depende de fatores extras, mas definitivamente ainda tem espaço no motor à combustão. Nossa linha automatizada Advantor traz um investimento importante nessa solução de motores à combustão com bastante ganho de eficiência no custo total do veículo.
Estamos investimento na tecnologia de produção no sistema de engrenamento, nos componentes da caixa. Nível de acabamento das peças cada vez maior, nível menor de ruído e eficiência maiores também. Tudo isso contribui para uma eficiência maior no final das contas.
O poder público na transição energética
“Acreditamos que é parte da solução. Não é uma solução única, mas sim coletiva. Envolve governos, indústria veicular e indústria de infraestrutura. É uma mudança tecnológica complexa e que precisa de todos esses participantes para viabilizar tecnologia e economicamente.
A questão da regulamentação acelera mais ou menos a introdução. Assim como os subsídios, é importantíssimo. Aqui na Europa um caminho extrapesado elétrico não paga pedágio. Então, isso acaba ajudando no TCO final, por exemplo.
A questão da infraestrutura pesa bastante também. Como energia é fornecida, por exemplo. Você tem que dimensionar o sistema pelo pico consumido. Quando você tem 100 veículos carregando, dá pra imaginar o problema pra não faltar energia na cidade. São alguns pontos que a política pública precisa estar pensando. Não é só colocar pressão em cima da montadora, se você não tiver a infraestrutura necessária completa, a adoção da tecnologia fica muito limitada.
Fazendo um contraponto, a solução híbrida, por exemplo, não tem a necessidade dessa parte da infraestrutura pronta e e implementada.”
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