A Ypê, fabricante de uma linha completa de produtos para a roupa, casa e corpo, inaugura hoje (25) seu primeiro Centro de Distribuição (CD) 4.0, localizado no complexo fabril de Amparo (SP). O projeto foi executado pela empresa italiana de automatização intralogística E80 Group e exigiu investimento de, aproximadamente, R$ 300 milhões.
A unidade conta com área total de 45.000 m², dos quais 17.000 m² foram adicionados em 2021 para abrigar o projeto 4.0. O galpão também ganhou 15 mil novas posições paletes que agora soma 50 mil no total. Além disso, possui 60 docas para recebimento e expedição de produtos.
Eduardo Beira, diretor de engenharia e manutenção, conta que o início da discussão para implantação de um CD 4.0 ocorreu em 2018. No ano seguinte, a Ypê consolidou a parceria com a E80 para colocar em prática tudo que já estava sendo discutido internamente. A empresa parceira é a responsável pela produção e manutenção de softwares e hardwares que operam na planta.
O executivo também explicou em detalhes o funcionamento atual da planta, que tem processos de movimentação de materiais realizados 100% por robôs. Mesmo assim, a unidade 4.0 conta com 205 colaboradores que são responsáveis por processos como case picking (separação de produtos, orientados por inteligência artificial, variados em um mesmo palete) e outros que necessitam da ação humana para realização.
Atualmente, a Ypê,possui mais de 500 SKUs e importa produtos para mais de 10 países. Também conta com mais de 6500 colaboradores e 7 fábricas somente no site de Amparo.
Tecnologia de ponta
A inauguração marca o início do processo de automação do Centro de Distribuição da empresa, iniciada há cerca de dois anos com o aproveitamento da infraestrutura existente. As máquinas com tecnologia de ponta descarregam os caminhões que chegam das fábricas para a distribuição, armazenam os produtos, separam pedidos em layer picking (separação por camadas de caixas) ou paletes fechados e expedem as mercadorias para o transporte. A tecnologia também é capaz de avaliar a qualidade da paletização, peso, altura e vedação do film stretch.
Já na área de recebimento, o equipamento Reach LGV da E80 retira os paletes fechados do caminhão e os transporta para o Quad LGV. Esse último equipamento é o responsável por transferir os paletes para as posições e realizar as avaliações de qualidade. Depois, a separação em camadas é realizada pelo Ant AGV ou pelo Reach em paletes fechados.
O novo CD da Ypê conta com um total de 72 máquinas que funcionam de forma totalmente autônoma. Os robôs operam com bateria de lítio e possuem autonomia para identificação de baixa bateria. Assim que a necessidade de recarga é atestada, eles se movem até o equipamento de carregamento por indução mais próximo. A estrutura também conta com transelevadores que contam com mais posições de armazenagem.
Existe ainda um pequeno ponto na expedição de produtos em que a operação é híbrida. As máquinas levam os paletes já separados para a área de carregamento e colaboradores em transpaleteiras os levam para o caminhão.
Ganhos
Graças ao processo de inclusão tecnológica, o tempo médio de permanência veicular (momento em que o caminhão entra na área de carga e sai para a estrada com toda a documentação em mãos) passou de 12h para 6h e o diretor de engenharia tem planos de reduzir ainda mais. O CD libera aproximadamente 250 caminhões por dia e o giro de produto agora é mais rápido.
Além disso, houve ganho em redução de iluminação, redução de erros, avarias, entre outros. O tempo de carregamento no principal e maior CD da Ypê que antes levava em média 1h, agora é realizado em 10 minutos. Beira explica que antes o processo envolvia diversas variáveis que foram eliminadas com a utilização da automação.
Em termos de produtividade, ainda não existe uma média exata para esse indicador, mas é possível emitir relatórios completos do desempenho de todas as máquinas. A empresa acredita que tudo isso, de maneira indireta, gerará um ganho em faturamento e melhoria na qualidade da entrega aos clientes.
Desafios
Segundo Eduardo, existe o desejo de implementar o mesmo tipo de tecnologia em outros CDs da companhia. Para ele “a tecnologia é natural e acontecerá, mas preferimos começar por essa planta por ser a unidade principal atualmente”. Ele também destaca que, por ser uma planta de baixa complexidade, com menos picking, a implementação da tecnologia foi menos difícil, embora ainda tenha sido um grande desafio.
Beira ressalta que a maior dificuldade foi migrar a tecnologia sem desativar o funcionamento do CD. Ou seja, a operação continuou enquanto todas as melhorias eram realizadas.Quanto aos colaboradores, ele afirmou que nenhum desligamento foi realizado pelas mudanças ocorridas. Muitas pessoas foram transferidas a outros setores e unidades.
Para completar a autonomia tecnológica do CD, a Ypê adquiriu 4 caminhões Atego 1730 da Mercedes-Benz que receberam a tecnologia da Lume Robotics para funcionarem de forma autônoma. Esses caminhões terão como missão transportar os paletes com produtos acabados das fábricas para o CD 4.0.
Por enquanto, os caminhões estão em fase de testes e adaptações. Os técnicos da Lume estão “ensinando” a inteligência artificial todo o trajeto, locais de parada e espaços.
Leia mais: Dunlop comemora marca histórica com expansão da fábrica no Brasil