Novas regras do setor são questionadas pela ANTF

Em julho, três resoluções foram publicadas pela ANTT

Em julho, três resoluções foram publicadas pela ANTT

Quatro meses depois de ameaçar entrar na Justiça contra as novas regras para as ferrovias, a iniciativa privada já parece ter se convencido da necessidade de mudanças no setor. Três resoluções publicadas pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) em julho são vistas hoje, por governo e por empresas, como um passo para a modernização ferroviária.

Para Eduardo Parente, que falou em congresso sobre ferrovias ocorrido nesta semana em São Paulo, como presidente do conselho de administração da Associação Nacional de Transportadores Ferroviários (ANTF), a iniciativa privada e o governo hoje concordam em grande parte das questões. “O modelo de concessão era o possível na época em que foi feito, mas hoje venceu e não funciona mais. Por isso, é fundamental que ocorra mudanças nele”, diz.

Mesmo assim, diz Parente, ainda restam dúvidas sobre as regulamentações da agência. Das três resoluções publicadas, o principal ponto de resistência das empresas está no compartilhamento da malha hoje concessionada – o que, defende Parente, levaria à perda de eficiência dos atuais operadores.

Hoje, diz, as concessionárias transportam tanto cargas mais lucrativas – como o minério – como as menos lucrativas. Isso, segundo ele, equilibra as receitas e dá eficiência à operação. Parente levantou publicamente a questão. “Se um novo operador entrar na minha malha, ele vai carregar só carga boa e eu vou ficar com o osso?”, questionou em seu pronunciamento no congresso.

Segundo Parente, no entanto, a análise inicial feita pelo setor é que o impacto das novas regras será pequena. “Acho que, se for bem feita [a regulamentação], o impacto será muito pequeno. Hoje, não abusamos de preços e temos contratos estáveis e de longo prazo. É difícil que alguém venha de fora e consiga competir”, analisa.

Além do chamado “direito de passagem”, a ANTT publicou outras duas resoluções. A segunda delas é a fixação de metas por trecho. Nas concessões, foi estipulado um valor global a ser atingido, em número de acidentes e em volume de transporte. O problema visto pelo governo é que as metas podem ser atendidas somente com a operação de alguns trechos (sendo que outros ficariam subutilizados). A ideia é que, a partir do ano que vem, haja um desdobramento da meta para cada trecho. “Se a concessionária for pouco agressiva na utilização da malha, ela vai ter que dar oportunidade para outras concessionárias a um preço mais baixo”, diz Bernardo Figueiredo, diretor da ANTT. A terceira resolução permite que um usuário (no caso, outras empresas) invista e construa serviços dedicado a ele.

Valor Econômico

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