A operação de Caminhões da BYD no Brasil começou em 2018, quando acertou uma parceria com a Corpus Corpus Saneamento e Obras, de Indaiatuba (SP), e com a Clean Ambiental, do Rio de Janeiro, em 2019, sendo ambas voltadas à coleta de resíduos com o modelo eT8.
“O desempenho é satisfatório. Recentemente, eu vi um dos veículos que roda em Indaiatuba até hoje. Estamos falando de um grande nicho, pois as coletas de lixo ocorrem à noite e quando se trata de um veículo a diesel nessa operação toda a vizinhança escuta o seu barulho, causando incômodo. Com o veículo elétrico a gente não tem esse tipo de problema”, Bruno Paiva, diretor de Vendas de Caminhões de Ônibus da BYD.
As operações, consideradas modelos pela BYD, despertam o interesse do mercado em conhecer mais a fundo o portfólio da marca. “Inclusive, estamos preparando a fase de testes do modelo eT18 para os próximos meses”, confirma o executivo.
Em 2019, para viabilizar a compra de caminhões com seus clientes, a montadora difundiu o conceito Night&Day, em que o veículo trabalha de noite e, durante o dia, tinha a sua bateria utilizada para suprir a necessidade de energia elétrica de um Centro de Distribuição (CD), por exemplo. Dessa forma, a promessa era de que o TCO de um BYD fosse melhor do que o de um caminhão diesel.
“A gente vem trabalhando nesse sentido em duas frentes: uma para tentar baratear o custo do caminhão, que acabou aumentando com o reajuste do imposto no final do ano passado, impactando no capex (Despesa de Capital) inicial do investimento do nosso cliente para a compra do veículo. Mas, sobre a possibilidade de também utilizar a bateria do veículo para suprir uma máquina ou um imóvel de energia elétrica também serve para os ônibus e automóveis da marca”, garante Paiva. “Hoje, na Inglaterra, há uma garagem de ônibus que ocupa quatro andares de um edifício comercial e boa parte dessa frota é recolhida aos finais de semana, já que a demanda é, naturalmente, menor. Dessa maneira, os veículos devolvem energia para a rede, o que dilui o TCO (custo total de propriedade, na sigla em inglês)”, exemplifica Paiva.
Cuidados com a bateria
Segundo Paiva, o consumidor deve tentar evitar o superaquecimento das baterias, assim como nos smartphones. “Quando o seu telefone celular chega a 20% de sua capacidade energética, normalmente o dispositivo lhe avisa, mas não é para falar que a bateria está acabando e, sim, para dizer: ‘Olha, a partir de agora vou começar a usar essa bateria no extremo. Ela vai aquecer e isso pode causar seu deterioramento’. Portanto, se o uso da bateria for correto, a sua degradação será mínima e o mesmo vale para a eletromobildiade”, esclarece.
Locação de veículos BYD
Durante a intermodal de 2019, a BYD havia confirmado, com exclusividade a este jornalista, que lançaria o seu próprio programa de assinaturas de veículos, o que foi adiado diante da pandemia de Covid-19. “Já fizemos alguns aluguéis, mas não avançamos no sentido de continuar com este projeto, pois hoje já há empresas praticando essa modalidade. Atualmente, estamos focando em alguns nichos de mercado onde a gente acredita que o nosso caminhão terá mais aderência, como, por exemplo, na coleta de resíduos e outras aplicações urbanas, incluindo transporte frigorificado, distribuição de bebida e o último km para o comércio eletrônico. Temos uma empresa interessada em fazer a locação dos nossos produtos e estamos conversando com esse parceiro para que uma boa novidade seja confirmada ainda em 2024”, revela Paiva. “Não será uma simples locação do veículo, pois este parceiro entregará a solução completa, da infraestrutura ideal para fazer a recarga da frota aos veículos elétricos”, completa.
Portfólio de caminhões
Atualmente, a BYD comercializa os modelos eT5 e eT18. O caminhão elétrico eT5 7.200 com t ransmissão automatizada possui autonomia de 185 km e capacidade para carregar até 3.900 kg de cargas. Conta com PBT de aproximadamente 7 toneladas é equipado com baterias de fosfato de ferro-lítio, com tempo para recarga DC de até 2 horas. Se trata de um modelo para operações logísticas de último quilômetro, como para entregas urbanas, além de aplicações como guincho, frigorífico e baú.
O Caminhão elétrico eT18 21.250 com transmissão automatizada tem até 165 quilômetros de autonomia. Possui capacidade para transportar até 13.300 kg e seu PBT é de, aproximadamente, 21 toneladas. Equipado com a bateria de fosfato ferro-lítio, poderá evitar a emissão de até 133 toneladas de CO2 ao ano. Com autonomia de até 165 km, seu tempo de recarga DC chega a até 1h30. Este modelo pode operar como guincho, na coleta de resíduos, na distribuição de bebidas e produtos refrigerados.
Exclusivo: 2 novos caminhões no Brasil
“Tem mais um veículo que a gente está olhando para poder trazer para o Brasil, que é o ET23, voltado para distribuição de bebida. Este modelo já está disponível no México e, inclusive, estou com viagem marcada para ver de perto a operação com a Coca-Cola Femsa, que conta com uma frota de cerca de 30 unidades deste modelo”, revela com exclusividade à Frota&Cia. “O mercado de distribuição de bebidas no México está um pouco à frente do brasileiro, pois conta com maiores facilidades para a homologação dos caminhões elétricos. Mas, a ideia é que a gente traga o eT23 ainda este ano para o Brasil, para que possamos homologar e iniciar a sua comercialização o mais rápido possível”, completa.
“Outro exemplo é que estamos trabalhando na chegada de um caminhão híbrido, que pode ser uma solução interessante para distâncias maiores. Não posso revelar maiores detalhes, mas estamos em reuniões frequentes com o time de engenharia. Temos uma expectativa muito grande, porque acreditamos que será um veículo que pode receber uma demanda bastante interessante no Brasil”, explica.
Mercado brasileiro
“Não adianta a gente sair dando tiro para tudo quanto é lado. Portanto, focamos bastante na questão de distribuição e serviços urbanos, como coleta de lixo, distribuição de alimentos, manutenção da rede elétrica, entre outras aplicações. As nossas projeções apontam para um mercado de 1.000 caminhões elétricos no Brasil”, analisa Paiva.
O primeiro negócio da BYD, em 1994, foi a bateria. Em 2003, a marca comprou uma montadora de veículos à combustão na China e, foi a partir deste momento, que passou a fabricar automóveis, vans, caminhões e ônibus. “Estamos projetando os investimentos necessários para iniciar a produção das baterias Blade na fábrica de Manaus, que hoje produz as baterias dos nossos ônibus. Além da montagem dos packs de baterias, queremos produzir as suas células, por aqui. Dessa forma, teremos duas opções: uma bateria com autonomia para até 270 km, o que representa um ganho de 20 km sobre a atual tecnologia que fornece até 250 km; além de uma bateria com autonomia para até 350 km que proporcionará, ainda, uma redução de peso de 1.500 kg”, revela Paiva.
BYD no mundo
Segundo o executivo, a BYD é uma empresa focada no produto. Hoje, a corporação chinesa emprega 700 mil colaboradores no mundo, sendo 10% de engenheiros, o que corresponde a 70 mil profissionais dedicados ao desenvolvimento de novas tecnologias. A marca conta com cerca de 40 mil patentes homologadas.