Segundo estudo da Feap, escoamento de grãos no Estado por ferrovias é 3% mais caro que o frete rodoviário
A prerrogativa de que o transporte ferroviário é mais barato que o rodoviário não se aplica no Paraná. Ao menos é o que indica um estudo encomendado pela Faep (Federação da Agricultura do Estado do Paraná). De acordo com o levantamento, o uso de ferrovias como parte da solução logística para o escoamento de grãos no Estado é 3% mais caro que o frete rodoviário. Isso significa que, mesmo com o alto preço do combustível e as tarifas de pedágio, o custo para um produtor de Guaíra enviar a sua produção de caminhão até o Porto de Paranaguá é menor do que transportar a carga de carreta até Cascavel e fazer o restante do trecho de trem.
No entanto, mesmo com o maior custo do modal, o frete ferroviário praticado no Paraná representa 71% da “tarifa teto” estabelecida pela ANTT (Agência Nacional de Transporte Terrestre). Porém, de acordo com especialistas do setor, isso não significa que os preços praticados no Paraná sejam condizentes com a realidade do mercado. “O teto está inflacionado. A ANTT deveria revisar o valor”, garante José Vicente Caixeta Filho, coordenador da Esalq-Log (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), da Universidade de São Paulo (USP), responsável pelo desenvolvimento do estudo. “Mesmo dentro do teto estabelecido, as empresas que operam as ferrovias cobram taxas abusivas e os produtores acabam reféns. Queremos que o teto seja diminuído significativamente”, complementa Nilson Hanke Camargo, assessor técnico e econômico da Faep. De acordo com a ALL, que opera quase 90% dos 2.348 quilômetros de ferrovias da região, além dos fatores principais que compõem o preço do frete, como distância, volume e sazonalidade da carga, fazem parte da tarifa os custos de manutenção da ferrovia, aquisição e manutenção de material rodante, tecnologia de segurança e outros custos operacionais.
Porém, outro gargalo enfrentado pelos empresários paranaenses é que as principais regiões produtoras do Estado não estão ligadas por trem até os portos responsáveis pelo escoamento da safra, o que exige a integração de outras modalidades de transporte. “No Paraná não é comum haver ligação ferroviária entre as pontas. Apesar de as ferrovias serem mais adequadas para o transporte de granéis sólidos, o Brasil vai continuar com mais rodovias. Isso não é bom, mas não adianta se enganar”, afirma Caixeta.
Gazeta do Povo