Não é de hoje que o transporte rodoviário de cargas no Brasil enfrenta um desafio crônico: o excesso de peso em caminhões. Pode parecer uma forma fácil de aumentar a rentabilidade, mas traz consequências sérias para a infraestrutura rodoviária, meio ambiente e o próprio transportador. “Isso significa insegurança no transporte, pois diminui o domínio do veículo por parte do motorista, com risco de provocar acidentes”, alerta Laércio Rodrigues, consultor na gestão de pneus com vasta experiência no ramo.
Do ponto de vista econômico, o excesso de peso é uma falsa economia. As multas por sobrecarga podem chegar a R$5.000 por eixo. Sem contar que a sobrecarga provoca desgaste acelerado de componentes vitais do veículo, como é o caso dos pneus. Sua vida útil vai cair, o que lá na frente vai acelerar a necessidade de reforma ou compra de um novo. “Ainda mais quando lembramos que as transportadoras não fazem manutenção preventiva, só corretiva”, lembra Laércio.
Os riscos da sobrecarga
O especialista reforça que o excesso de peso provoca um maior aquecimento do componente, além da fadiga prematura da carcaça. Sem contar o risco de estouro que pode provocar acidentes graves. O mesmo acontece com o consumo de combustível que aumenta significativamente, assim como o impacto ambiental. Outro dano correlato é o custo direto na má conservação de rodovias, que chegam a perder entre 30% e 70% da sua vida útil nesses casos, de acordo com a CNT (Confederação Nacional dos Transportadores).
A maioria dos casos de excesso de peso acontece na faixa de até 30%, o limite que o pneu pode suportar, o que obriga o motorista a reduzir a velocidade. Laércio cita que “os caminhões de lixo costumam operar dessa forma. Para compensar o peso, precisam andar mais devagar”.
No final das contas, respeitar os limites de peso não é apenas uma obrigação legal – é um investimento, principalmente falando de pneus. “Na operação o importante é o Custo Por KM. A meta sempre vai ser rodar mais, então o importante é trabalhar essa questão, na tentativa de tirar o máximo proveito do componente, sem comprometer suas características”.