Companhia diz que negociações ainda estão em estágio preliminar
Mais uma fabricante de automóveis estrangeira estuda construir uma fábrica no Brasil. Desta vez, é a britânica Land Rover – que é controlada pelo grupo indiano Tata. Ontem, em Londres, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, afirmou que o investimento está praticamente definido. “Eles estão com o projeto pronto.”
A empresa, porém, diz que o projeto realmente existe, mas que as negociações ainda são preliminares e não há definição.
Sem dar mais detalhes, Pimentel disse que o local para a unidade ainda não foi escolhido e está sendo negociado com os Estados. Segundo ele, será a primeira fábrica da montadora fora do Reino Unido – a empresa possui uma linha de CKD (carros desmontados) na Índia. Pimentel estava em Londres para participar da reunião anual do Comitê Econômico e de Comércio Conjunto (Jetco, na sigla em inglês), formado para ampliar a cooperação entre o Brasil e o Reino Unido.
O ministro contou que a Land Rover apresentou sugestões para o decreto a ser editado em dezembro, que flexibilizará as regras de conteúdo nacional para empresas que queiram fabricar carros no Brasil. Segundo ele, as montadoras terão benefícios para os importados mesmo durante o período de construção das fábricas. O decreto também deve ter critérios mais rígidos para definir conteúdo nacional.
Conforme Pimentel, a Land Rover será beneficiada pela nova regra, pois terá um prazo para a obtenção de 65% do conteúdo nacional, a ser estabelecido pelo decreto. Ele não quis adiantar nenhum ponto do decreto, nem as sugestões feitas pela montadora britânica. O ministro lembrou que a BMW também estuda construir uma fábrica no País. As duas empresas vendem de três a quatro mil veículos por mês no mercado nacional e já atingiram escala suficiente para montarem produção no Brasil, segundo ele.
Imposto. Pimentel foi bastante questionado sobre o aumento do IPI sobre carros importados. “O governo brasileiro está ciente das preocupações levantadas”, disse o ministro britânico de Negócios, Vince Cable, em entrevista após o encontro. “Nossos países estão comprometidos com a economia aberta e o livre comércio e não queremos ter interrupções em relação a isso. Sabemos que o Brasil tem sensibilidades particulares nessa área.”
Pimentel confirmou que as empresas britânicas expressaram preocupações com o aumento do IPI. Mas explicou, entretanto, que a medida terá desdobramentos e será flexibilizada por decreto a ser editado em dezembro, para as empresas interessadas em construir fábricas no País.
Conforme o ministro, as empresas que o procuraram queriam saber como se beneficiar da medida. “O mercado brasileiro é aberto, mas é mais aberto para quem produzir lá, isso não é protecionismo”, disse. Para Pimentel, trata-se de uma oportunidade para um país como o Reino Unido, que precisa do “relançamento” da sua economia.
O objetivo do Jetco é ampliar os laços econômicos entre os dois países. Um dos principais interesses do momento é a área de esportes, já que Londres sediará os Jogos Olímpicos de 2012, seguido pelo Rio de Janeiro, em 2016.
O Estado de S.Paulo