Enquanto os pilotos da Fórmula 1 duelam por milésimos de segundo na pista de Interlagos, no GP do Brasil de Fórmula 1, uma outra operação de alta precisão acontece nos bastidores. A DHL, parceira oficial de logística do esporte há 21 anos, é a responsável por fazer o circo da F1 chegar e sair do Brasil, um quebra-cabeça logístico que envolve desde o armazenamento dentro do autódromo até o transporte de 50 mil litros de combustível, tudo com um olhar cada vez mais voltado para a sustentabilidade.
A operação no Brasil tem seus desafios particulares. O intenso tráfego da cidade de São Paulo e o tamanho do autódromo, que complica o armazenamento, são algumas das variáveis que a equipe precisa gerenciar. Para o Grande Prêmio, são transportados 190 contêineres de equipamentos.
“O trânsito da cidade dificulta um pouco. Trouxemos 190 contêineres de equipamentos e isso é complicado. Para trazer de maneira mais sustentável, aumentamos o número de contêineres”, explica Amauri Furlanetto, da DHL Brasil, destacando a adaptação da estratégia para otimizar a eficiência.
A solução para os gargalos logísticos, no entanto, vai além do aumento de contêineres. “No Brasil, nosso segundo esporte é a F1. Temos várias iniciativas combinadas com sustentabilidade: combustíveis sustentáveis, veículos elétricos, e a supply chain tem iniciativas ligadas a prédios verdes“, complementa o executivo, reforçando o compromisso com a meta da F1 de alcançar a neutralidade de carbono até 2030.
A telemetria da logística
A conexão entre a F1 e a logística da DHL vai além do transporte. Está na essência da precisão e da tecnologia. “Fórmula 1 tem muita visibilidade e tem a ver com nicho de precisão e tecnologia. Isso é o que queremos transmitir ao nosso público. A telemetria que a F1 já usou tanto hoje está no nosso dia a dia”, analisa Amauri.
O cronograma de entrega é um exemplo dessa precisão cirúrgica. O material transportado via modal marítimo chega na segunda-feira da semana anterior à corrida. Já a carga aérea, mais crítica, desembarca no fim de semana anterior ao evento. A saída do pós-evento é uma operação-relâmpago: o material marítimo é despachado na quinta-feira após a corrida, em um processo que pode levar de 7 a 8 horas.
“Claro que depende de quanto espaço temos, mas aqui em SP precisamos fazer uma rotação de contêineres. A questão do Brasil é que temos 7 dias para entrada e 7 horas para sair”, detalha Arjan Sissing, Chefe de Marketing de Marca do Grupo DHL, ilustrando a pressão sobre a operação.

Combustível e mão de obra local
Uma das operações mais sensíveis é o transporte e armazenamento dos combustíveis. A DHL é responsável por levar 1.500 litros para cada equipe, totalizando 50 mil litros. Esse transporte exige permissões especiais e segue um rigoroso processo de importação e reexportação. “Não deixamos nada para trás. Tudo que importamos para o GP daqui, exportamos depois para o próximo”. Explica Amauri.
Vale notar que os combustíveis utilizados para os carros da corrida em si são de responsabilidade das equipes. A DHL gerencia os combustíveis para as garagens e geradores, que já são de fonte sustentável. “O da corrida é muito caro”, brinca o executivo.
Para executar todo esse plano, a empresa conta com uma equipe dedicada de 100 especialistas em motorsports, que se juntam a um contingente de aproximadamente 2.500 pessoas que trabalham no GP como um todo. A DHL também prioriza a contratação de mão de obra e a utilização de fornecedores locais sempre que possível.
Desafios Locais e a “Temporada Infinita”
Questionado se o trânsito de São Paulo é o maior desafio, Amauri pondera: “O trânsito em SP não é único, mas pode ser pesado. A única coisa aqui é que o clima pode ser meio imprevisível, assim como no Reino Unido. É muito difícil ter algo que não estamos esperando”.
Para a logística global da F1, a sequência de corridas é uma aliada. “A logística se mantém para GPs sem intervalo. Aliás, assim é melhor, tem uma logística mais fácil porque você só vai seguindo”, explica.
A operação no Brasil é um microcosmo da complexa rede global que a DHL gerencia para a Fórmula 1. Em 2025, a parceria continuará transportando até 1.200 toneladas de carga de alto valor por corrida, conectando 24 etapas em cinco continentes. É um mundo à parte, onde a agilidade dos caminhões se mistura com a estratégia de F1, garantindo que o show nunca pare.

