Em 2011, a indústria brasileira de modo geral ficou apreensiva com a crise na zona do Euro e também pelas medidas macroprudenciais tomadas pelo governo, mesmo assim a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) anunciou que o total de emplacamentos de automóveis, comerciais (leves e pesados) e motos foi de 5.767.886, volume 4,91% superior ao registrado em 2010.
De acordo com Tereza Fernandez, consultora da MB Associados, que realiza os estudos para Fenabrave, o Governo reteve ao máximos os gastos e programas de investimento o que influenciou o crescimento modesto, no ano passado, em relação à ascensão de 2010 sobre 2009, quando a alta foi de 12,42%. Segundo ela, a política governamental de repasse de recurso deve mudar neste ano, até pela proximidade dos eventos esportivos.
As medidas econômicas foram influenciadas pelo medo histórico do Governo em relação à inflação, segundo a economista, este temor é resultado do planejamento brasileiro que sempre se ateve em aumentar a demanda sem fazer com que a oferta acompanhasse este ritmo de alta. Porém as medidas tomadas em Brasília não foram os únicos agentes deste menor incremento, a crise econômica mundial está fazendo com que as multinacionais mudem a estratégia. “As empresas querem fazer caixa mais do que crescer”, afirmou.
Apesar dos números menos expressivos em 2011, Flávio Meneghetti, presidente da entidade, afirma que estes índices ainda estão acima dos alcançados em outros mercados da Europa e da própria América Latina. “Quando se acostuma a crescer mais que 10% por ano, qualquer redução no crescimento é vista com desconfiança. Mas ainda estamos em um paraíso em relação a outros setores da indústria”, declarou.
Embora o desempenho do setor automotivo não tenha sido tão grande, as vendas de caminhões chegaram a 172.661 unidades, incremento 9,69% sobre 2010. Este aumento foi, em parte, devido ao adiantamento das compras de alguns clientes visando os veículos com motorização Euro 3, que são entre 15% e 30% mais baratos do que os com a nova tecnologia Euro 5.
Meneghetti, no entanto, acredita que a influência da procura por caminhões Euro 3 deve também aquecer o mercado neste primeiro semestre, uma vez que o adiantamento de compras não foi tão alto quanto o previsto. Ainda, segundo o executivo, a real influência do encarecimento do preço com a entrada do Proconve P7 poderá ser verificada a partir da segunda metade do ano.
Outro número que salta aos olhos, no balanço da Fenabrave, é o crescimento das vendas de ônibus que chegou a 34.749 emplacamentos, o volume é 21,73% superior ao alcançado em 2010. O executivo afirmou que muito deste número é fruto da proximidade das eleições municipais, quando as prefeituras investem na renovação da frota para garantir possíveis reeleições.
O presidente da Fenabrave avalia que mesmo com esta desaceleração no crescimento de 2011, o mercado automotivo nacional ainda é um grande atrativo para investidores externos. Para justificar este argumento, ele relembra que no Brasil, para cada sete habitantes há um carro, número maior que o argentino, cinco para um, e mexicano quatro para um.
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