Transporte tem dificuldades em adquirir equipamentos específicos

Ainda assim, a demanda do setor deve crescer com a influência do agronegócio

O setor de transporte de máquinas e equipamentos manteve estabilidade econômica na região de São Paulo, porém, segundo Antônio Luiz Leite, vice-presidente do SETCESP e diretor da Especialidade de Máquinas e Equipamentos, ainda enfrenta dificuldades na aquisição de equipamentos para o tipo de transporte. Para o executivo, um dos principais impactos é o valor do dólar, que está em R$ 4,87 no câmbio de hoje, o  que torna ainda mais difícil a aquisição dos equipamentos importados.

“Estamos tendo um aumento de custo muito grande nos últimos três anos e que não está sendo repassado ao cliente final. Isso tem atrasado muito os investimentos das pequenas empresas, o trabalho de renovação de frota. O caminhão Euro 6 ficou fora de cogitação para compra, o dólar está começando a entrar em um patamar aceitável agora”, explica.

Antonio Luiz Leite: preocupado com o aumento de custo nos últimos três anos

Embora o setor não acompanhe a renovação de frota no tempo médio de outros segmentos do transporte, três a quatro anos, a área de segurança tem exigido cada vez mais do mercado. De acordo com Antônio, faz 10 anos que o setor vem evoluindo no quesito, mas a modernização dos equipamentos de segurança exige investimentos com cada vez mais frequência.

Embora o vice-presidente do SETCESP veja isso como algo positivo, ele também ressalta que o setor trabalha com equipamentos de longa duração e alto valor agregado. “Normalmente trocamos equipamentos entre 8, 10, 15 anos, dependendo dos equipamentos”.

Equipamentos específicos

O transporte de máquinas e equipamentos conta com equipamentos específicos, entre eles, caminhões médios, carretas e cavalos mecânicos, guindastes de médio e grande porte, além de todos os acessórios que as companhias de seguro e as empresas solicitam.

Além dos equipamentos, há tecnologias embarcadas que são obrigatórias para o transporte. “Tecnologia de içamento, tombamento, inclinômetro, verificação de patolas de guindaste, rádios transmissores, câmeras no guindaste inteiro. O guindaste tem que ter uma tecnologia embarcada que possibilita que possa corrigir a si próprio. Se o operador está fazendo algo errado, equipamento tem que dar o sinal de que as coisas estão erradas, saindo fora do padrão da execução do trabalho, pois os guindastes seguem esse padrão de tecnologia que tira a possibilidade de erro humano”, comenta Antônio.

Demanda operacional

O vice-presidente do SETCESP ressaltou que a parte mais crítica durante o período da pandemia de Covid-19 foram os aumentos de custos operacionais que variaram entre 30% e 40% relacionados a exames para detectar a doença em operadores de máquinas. Passado o período da pandemia, porém, o setor viu sua demanda de trabalho aumentar em até 12%.

Neste ano, o segundo trimestre apresentou uma melhora, pois o primeiro foi de expectativas, de acordo com Antônio. “Quem tinha contrato de longo prazo, se manteve bem, mas quem tinha contrato de curto prazo teve mais problemas. Dentro da composição econômica do Brasil, mantivemos o primeiro semestre igual ao do ano passado”.

Influência do agro

O diretor da comissão de máquinas e equipamentos do SETCESP acredita em um equilíbrio nas vendas com as safras recordes que têm movimentado o agronegócio. A Netmak, e-commerce de máquinas e equipamentos, por exemplo, apresentou um aumento de 20% nas vendas no primeiro semestre do ano. E a Unidas, locadora de veículos, abriu uma unidade especializada na venda de caminhões e máquinas pesadas no interior de São Paulo.

Máquinas
Silene Medeiros, CEO da Netmak

Para Silene Medeiros, CEO da Netmak, a procura por máquinas voltada para o agronegócio mudou. Antes, toda a parte do transporte de grãos era feita por tratores, atualmente, o uso de empilhadeiras também se tornou comum, especialmente para o pequeno produtor. 

“O uso de equipamentos não acontece somente na fazenda, vemos um crescimento de uso de empilhadeira em empresas de defensivos, fertilizantes, e isso chegou no agro. Então, hoje, o agricultor, pequeno, médio ou grande, tem uma necessidade de trabalhar em espaços menores que o trator não consegue operar. A empilhadeira foi uma solução”, explica Silene.

O aumento nas vendas também teve influência da queda do dólar, segundo a CEO da Netmak. As máquinas estão com um preço mais acessível e, com a redução no último ano, os valores das máquinas vendidas pela empresa caíram quase 20%.

Unidas
Unidade Sertãozinho (SP), da Unidas, especializada na venda de caminhões e máquinas pesadas

No caso da Unidas, houve um crescimento na demanda por locação de veículos, máquinas e equipamentos. A receita operacional líquida foi de R$ 482,8 milhões, marcando um crescimento de 36,6% no 2T23 em comparação com o 2T22. O lucro líquido do mesmo período atingiu R$ 56,4 milhões, um aumento expressivo de 62,6% em relação ao 2T22.

Mesmo com as dificuldades apresentadas pelo vice-presidente do SETCESP, existe uma expectativa de que o segundo semestre do ano tenha um movimento linear. O agronegócio pode ter uma participação ativa para esse movimento, que pode ser de melhora, já que as vendas de maquinário refletem diretamente na demanda do transporte especializado.

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