Telemetria para gestão de frotas é utilizada em apenas 20% das empresas

Para o CMO da Cobli, a baixa adesão pode ser por falta de conhecimento dos benefícios da tecnologia

Telemetria

O percentual de uso da telemetria no Brasil está abaixo de outros mercados, considerando que aqui o transporte rodoviário é o principal modal. Apenas 20% das empresas utilizam a tecnologia na gestão de frotas. Enquanto isso, nos Estados Unidos, por exemplo, a adoção da telemetria é de 60%, segundo a Berg Insight Fleet Management.

Para Omar Jarouche, CMO da Cobli, empresa que desenvolve soluções tecnológicas para gestão de frotas, o motivo da baixa adesão é que a telemetria e seus benefícios ainda são pouco conhecidos no país.

“O que temos hoje, especialmente no nosso mercado, são (levando em consideração que também há empresas grandes e sofisticadas) empresas menores, mais regionais, mais familiares e que estão crescendo, se desenvolvendo, começando a entender o potencial e vislumbrar a necessidade de ter esse tipo de controle”.

Gestão de dados em frotas

Uma pesquisa recente realizada pela Dell, em parceria com a Forrester, mostra que 73% das empresas do Brasil se consideram orientadas por dados. E dessas empresas, 80% afirmam que estão lidando com alguma barreira para capturar, usar e analisar esses dados. Muitas vezes, a dificuldade é em integrar os dados que são captados e analisá-los de forma inteligente.

Telemetria
Painel do gestor de frotas com a tecnologia de telemetria da Cobli.

A telemetria possui a capacidade de compilar os dados de tudo que ocorre com um veículo nas ruas. A finalidade desses dados é orientar os gestores de frota na tomada de decisões de forma estratégica. A tecnologia identifica os saldos de consumo de combustível por rota, frequência de manutenções, custos da operação e modo de condução do motorista.

Além da possibilidade de coletar as informações, o acompanhamento pode ser realizado e analisado quase em tempo real. Dessa forma, é possível  saber exatamente em quais aspectos da operação mexer para descomplicar processos, potencializar a operação e melhorar a qualidade do serviço prestado aos clientes.

A empresa ABC Cargas é uma das transportadoras que adotaram a tecnologia e colhem os benefícios em sua operação. Com o uso da telemetria, a empresa zerou o número de acidentes no trecho da Barra do Turvo (PR) da rodovia BR-116. Para a transportadora, esse era um dos locais mais delicados da sua operação, onde tinha em média um acidente a cada 21 dias.

Videotelemetria

Um dos avanços da telemetria é a chegada da videotelemetria, aparato que, de acordo com Omar, garante ainda mais segurança e precisão nos dados coletados.

Para o CMO da Cobli, a vídeotelemetria é uma forte tendência para 2023 e “a ponta da evolução” dessa tecnologia. O uso de dados e Inteligência Artificial (IA) está cada vez mais comum em diversas operações no mundo todo.

No Brasil, a frota de automóveis ultrapassa 107 milhões de unidades e onde 632 mil acidentes e 11 mil mortes no trânsito foram registradas em 2021, segundo o Registro Nacional de Acidentes e Estatísticas de Trânsito (Renaest).

O emprego de tecnologias que auxiliam na condução e que fornecem a visibilidade do comportamento do motorista no trânsito é algo que pode ajudar a melhorar essa estatística, além dos benefícios para a empresa.

As câmeras gravam e mandam as imagens em tempo real para o gestor

Na prática

A inovação é composta por câmeras veiculares com inteligência artificial embarcada instaladas na cabine do automóvel. Elas identificam, automaticamente, e gravam situações perigosas, como direção distraída e proximidade insegura do veículo da frente.

Os vídeos são enviados para uma plataforma, que avisa o gestor o momento exato em que ele deve assistir e analisar, transformando dados brutos em informação útil e plano de ação, como feedbacks rápidos e treinamentos para a equipe.

Diante de possíveis comportamentos de risco, alertas sonoros também são disparados para o condutor.

“O motorista está olhando para a câmera e de repente ele olha para baixo, dorme, porque sabemos que as jornadas (de trabalho) são muito longas e ele pode dormir. O sistema gera um alerta sonoro exatamente nesse momento. Então existe uma ação que pode ser corretiva e do ponto do gestor de depois dar um feedback ou entender o que aconteceu. Mas também há uma ação imediata que faz o motorista entender que ele “pescou” ali e que aí ele tem que parar, tem que dormir”, explica Jarouche.

Tecnologia a favor da eficiência

A tecnologia também é capaz de fazer o reconhecimento facial do condutor no início da viagem e transformá-los em filtros automáticos para saber qual motorista gerou qual evento. Assim, é possível agrupar as imagens de um mesmo motorista e nomear esses grupos.

“Quando tem uma câmera ali, o motorista acha que o gestor dele vai ficar lá assistindo (o tempo todo). O objetivo não é esse, o objetivo é usar a tecnologia em favor da eficiência. Não queremos que alguém fique 24h por dia assistindo o que o trabalhador está fazendo, queremos que a tecnologia reconheça, daquele período de trabalho, quais são os pontos relevantes e aponte o evento.

Quando contamos isso, os motoristas ficam mais tranquilos porque no começo eles acham que alguém vai ficar assistindo isso. E é claro que o gestor pode, eventualmente, pedir um dia específico de algum momento que teve uma parada mais longa e quer saber o que aconteceu (exemplo)”, completa.

Reconhecimento facial é um ponto importante da videotelemetria

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