State of Logistics 2025: América Latina avança em eficiência

Relatório anual aponta crescimento de 300% na adesão das empresas, com destaque para o Brasil, mas revela lacunas críticas em inovação e políticas públicas

Por Gustavo Queiroz

- junho 5, 2025

State of Logistics 2025

O State of Logistics 2025, estudo sobre logística na América Latina promovido pela empresa de roteirização SimpliRoute, obteve um crescimento de 300% na participação de empresas desde sua primeira edição. O relatório deste ano traz dados reveladores: enquanto a região avança em eficiência operacional, ainda fica para trás em tecnologia integrada, sustentabilidade e colaboração público-privada.

O Brasil emerge como um dos protagonistas, com representatividade significativa nas respostas, mas também reflete os mesmos desafios estruturais que limitam o potencial logístico latino-americano.

Enquanto mercados globais já operam com Digital Twins (réplica virtual de objetos físicos) e Inteligência Artificial Generativa na gestão de cadeias de suprimentos, a América Latina ainda depende de soluções pontuais como na otimização de rotas (64% das empresas adotam); computação em nuvem (59%), análise de dados (60%, mas com disparidades: 70% em grandes empresas vs. 55% em PMEs); somente 30% das empresas brasileiras usam IA em logística, e só 59% das grandes corporações têm orçamento dedicado à inovação, questão esta avaliada como problema crítico. A pesquisa aponta que a IA já revoluciona estoques globalmente, mas sua ausência aqui é uma janela de oportunidade que se fecha.

Hoje, as empresas latino-americanas têm a oportunidade de aproveitar as mudanças no cenário global e assumir a posição estratégica que claramente pode ocupar. Embora a integração de dados na tomada de decisões estratégicas exija atenção imediata, o uso de agentes de IA, entre outras tecnologias, apresenta um potencial de crescimento exponencial. Tudo isso reforça que o futuro ainda está em aberto“, diz Alvaro Echeverría, CEO da SimpliRoute.

Pelo segundo ano consecutivo, a eficiência na última milha lidera como o maior desafio (27% das empresas), seguido por gestão de estoques e armazéns (21,5%) e adoção de novas tecnologias (19,5%). Apesar de 97% das empresas considerarem a logística “crítica” para seus negócios, apenas 50% veem os fornecedores terceirizados como “estratégicos”, o que significa que a terceirização ainda é vista como custo, não como investimento.

De acordo com o relatório, enquanto a Europa avança para logística zero emissões e os EUA subsidiam veículos elétricos, a América Latina patina com apenas 29,5% das empresas medindo a sua pegada de carbono, uma retração de 55,8% em 2024. Somente 36% das companhias do setor implementam práticas ambientais na América Latina, enquanto no Brasil este volume sobe para 59%, considerado ainda insuficiente pelos pesquisadores. Do total, 34% não têm nenhuma iniciativa sustentável. O transporte é responsável por 24% das emissões globais de CO₂, mas na LATAM, otimizar rotas e usar energias renováveis ainda é exceção.

O relatório aponta um descompasso histórico ao revelar que 70% das empresas escolhem fornecedores logísticos com base em custo, não em inovação. Cerca de 70% das grandes corporações investem em ERP (Planejamento de Recursos Empresariais, na sigla em inglês) e 66,3% em monitoramento de cadeia, mas as pequenas e médias empresas (PMEs) ficam para trás.

Nota média de 3,12, de um total de 5 pontos, para efetividade de parcerias com o governo, o que segundo a pesquisa significa sinais de desconfiança e falta de políticas claras. Enquanto Paris e Roterdã integram centros logísticos ao planejamento urbano, a LATAM ainda debate infraestrutura básica.

Em sua conclusão, o State of Logistics 2025 deixa claro que a América Latina tem potencial geográfico e de crescimento no comércio eletrônico, mas precisa urgentemente de estratégias de IA e dados (hoje usados mais para operações táticas que para governança); políticas públicas integradas (ex.: incentivos a veículos elétricos, hubs urbanos); sustentabilidade como prioridade (não apenas no Brasil, mas regionalmente).  Dessa forma, o relatório destaca que p futuro logístico está em aberto e quem investir em tecnologia e colaboração agora colherá os frutos na próxima década.

A pesquisa consultou 889 empresas latino-americanas (destaque para Brasil, Colômbia, México), que responderam perguntas considerando a Escala Likert, em que 1 significa “discordo totalmente” a 5 (“concordo totalmente”). Os setores de maior representatividade foram transporte (31%), alimentos (17,4%) e varejo (16,2%).

A indústria logística na LATAM está avançando com ferramentas táticas, como otimização de rotas e computação em nuvem, mas falta uma visão estratégica sobre tecnologia – diferentemente de outros países que lideram com IA e inovação interna. Embora existam esforços de capacitação e avaliação, as mudanças tecnológicas rápidas superam as empresas, e precisamos agir para garantir um futuro logístico mais competitivo“, conclui Jesús Urzúa, diretor do Programa de Engenharia Industrial e de Sistemas.

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