Em um cenário onde a palavra “combustível” muitas vezes se mistura a manchetes de num caderno policialesco, a Shell, sob a licença da Raízen, ergue a bandeira da inovação técnica como antídoto. Não se trata apenas de mais um lançamento comercial, já que se trata de uma ofensiva química meticulosa, uma resposta em forma de moléculas aos desafios impostos pela nova realidade do diesel nacional. O Shell V-Power Diesel chega ao país não para ocupar uma prateleira, mas para extinguir sua predecessora, a linha Evolux, e redefinir o padrão de performance e proteção para motores que movem o Brasil – dos SUVs nas metrópoles aos tratores no agronegócio e aos caminhões que cortam as rodovias.
A motivação, conforme revelado pelo diretor de Marketing da Raízen, Ricardo Berni, brotou de uma percepção quase profética do consumidor. “Fizemos uma pesquisa e 72% dos entrevistados responderam já conhecer o produto, mesmo antes do Shell V-Power Diesel existir no Brasil“, conta Berni, em evento para a imprensa especializada em São Paulo. Brenno Souza, gerente de Marketing, complementa: “Foram os próprios consumidores Shell que nos mostraram que trazer o Diesel para a família V-Power não só fazia sentido, como era essencial. Ele já nasce com a força da família, sendo o melhor diesel aditivado da Shell de todos os tempos“. Tal constatação mostra o quanto pesquisa/eleições, de melhores jogadores de futebol, passando por premiações musicais, até as políticas são extremamente motivadas por crenças que impactam na percepção de reputação e sucesso de premiados/eleitos e que análises racionais e técnicas, muitas vezes, são critérios absolutamente secundários. Vejam só, até então não existia sequer uma gota deste combustível disponível no mercado e consumidores já o atestavam, sobretudo, pela confiança conquistada ao longo de uma presença para lá de centenária no Brasil, chegando a 112 anos.
“Melhor de todos os tempos” é uma alegação audaciosa, mas que encontra lastro em laboratórios globais e em uma necessidade urgente do mercado. O grande catalisador para essa evolução química tem nome e porcentagem: B15. O aumento do teor de biodiesel para 15%, efetivado em agosto, trouxe consigo uma cadeia de complicações técnicas conhecidas, porém agora intensificadas, que vão desde a oxidação acelerada do combustível, maior formação de depósitos gomosos, risco elevado de contaminação microbiológica e uma afinidade maior com a água, a grande vilã dos sistemas de injeção diesel. O V-Power Diesel foi arquitetado, nas palavras de seus desenvolvedores, como um “sistema imunológico” para o motor, um pacote de 13 benefícios que ataca pontos críticos de forma cirúrgica.
“O pacote de aditivos do V-Power Diesel é 2.7 vezes mais robusto que o do Evolux“, explica Marco Antonio Lassen, especialista técnico em combustíveis da Shell com quase duas décadas de experiência, durante a apresentação técnica. “Não é um único componente mágico. São múltiplos agentes atuando em sinergia, cada um endereçando uma vulnerabilidade específica da cadeia, desde o tanque de armazenamento até a câmara de combustão“.
A engenharia por trás do produto é descrita com a precisão de um manual de química avançada. Três frentes principais foram fortalecidas para combater os efeitos do maior teor de biodiesel. Primeiro, um potente estabilizador de oxidação que retarda a degradação natural do biodiesel em contato com o oxigênio, ampliando a vida útil do combustível armazenado – um alívio para frotistas e agricultores com tanques estacionários. Segundo, um separador de água com ação emulsionante que age como um ímã, agregando as microgotículas de água dispersas no combustível (higroscópicas pelo biodiesel) para que sejam facilmente drenadas no fundo dos tanques, privando bactérias e fungos de seu ambiente ideal e protegendo os componentes ferroso s do sistema de injeção contra a corrosão.
“O biodiesel tem uma afinidade maior com a umidade. A água é o agente que ataca a oxidação e é o caldo para proliferação microbiana“, detalha Lassa. “O separador garante que essa água fique segregada, permitindo uma remoção eficaz. É isso que evita aquele cenário onde o caminhoneiro troca o filtro de combustível a cada 8.000 km, em vez dos 20.000 km de antes“.
A terceira perna desta trincheira química é um inibidor de corrosão que forma uma película protetora sobre as superfícies metálicas, uma barreira molecular contra o ataque ácido de contaminantes. Mas a ambição do V-Power Diesel vai além da defesa. No ataque, a grande novidade em relação ao Evolux é a introdução de um aumentador de cetano. Este componente eleva a qualidade de ignição do diesel, promovendo uma queima mais rápida, completa e suave. O resultado se traduz em resposta mais imediata do motor, crucial para ultrapassagens seguras, redução na emissão de fumaça fria e, em motores modernos com sistemas complexos de pós-tratamento (como o DPF – Filtro de Partículas Diesel), uma menor regeneração forçada e potencial economia.
“Em veículos leves, como SUVs, o motorista sente na resposta do acelerador. Em pesados, isso pode se converter em economia de combustível e maior durabilidade dos sistemas de emissões“, complementa Lassa, destacando a versatilidade do produto, testado e aprovado para toda a gama de motores diesel, dos mais antigos aos Euro 6.
A estratégia de comercialização, contudo, esconde um movimento tático inteligente. Apesar do custo de formulação significativamente mais alto devido à tripla dose de aditivos avançados, a Shell não pretende repassar integralmente este ônus ao consumidor final na bomba. “Nossa estratégia não é repassar esse aumento de custo“, afirma Berni. “Queremos oferecer o melhor produto e ganhar na escala, na captura de volume“. O alvo é claro: a iminente descontinuidade do diesel S500 e a migração massiva para o S10, criando uma janela para consolidar o V-Power Diesel como o aditivado premium de referência.