RIO detalha fluxo logístico interno

Fabricante catarinense desenvolve seus próprios processos logísticos para manter a alta eficiência de sua produção industrial

Por Gustavo Queiroz

- outubro 15, 2025

Jean Carlos da Rosa, supervisor de logística da RIO,

Do alto de um morro na serra catarinense, onde o ar é mais frio e a vista se abre sobre o vale, nasce uma operação logística complexas na indústria automotiva brasileira. Não é uma, mas cinco fábricas dançando em um só ritmo, um organismo industrial único cujo pulso é ditado pelo movimento incessante de peças. Esta é a RIO-Riosulense, uma marca global e peça-chave no setor automotivo latino-americano, onde a intralogística se tornou parte estratégica da operação.

Jean Carlos da Rosa, supervisor de logística da RIO-Riosulense, observa o fluxo com a paciência de um maestro. “São cinco fábricas dentro de uma, pois cada item, cada família de item, possui um processo distinto que exige movimentações e cuidados específicos — com fornecedores diferentes, clientes diferentes, pontos de coleta e de entrega diferentes dentro da própria RIO”, explica. Este microcosmo industrial, com suas rotas e ritmos próprios, exige mais do que equipamentos; exige uma equipe capacitada e um balé perfeito de máquinas e homens.

A sinfonia logística começa em dois palcos distantes e desnivelados: as fundições. Uma aninhada no alto do morro, a outra assentada no plano abaixo. Esta simples diferença geográfica é o primeiro desafio, uma prévia da complexidade que se seguirá. Das entranhas quentes da fundição, todas as peças iniciam uma jornada que começa com uma saída. Elas deixam a RIO rumo a processos terceirizados, embarcadas em um sistema de milk run – rota predeterminada onde um único veículo realiza múltiplas coletas e entrega.

Atualmente, todas as peças que saem da fundição seguem para um processo terceirizado”, detalha Jean. “Elas saem da RIO por meio do sistema de milk run, com a devida emissão de nota fiscal e seguem para um fornecedor em Joinville, que concentra o maior volume, além de outros fornecedores na região de SC Agronômica”, ilustra em complemento. O caminhão, carregado pela manhã, transforma-se em uma agulha logística, costurando cidades como Massaranduba, Guaramirim e Blumenau em um tecido operacional onde entregas e coletas são coreografadas para acontecer simultaneamente, otimizando cada quilômetro e cada minuto.

Em Joinville, ocorre a rebarbação, um polimento necessário. E o ciclo se renova diariamente por meio de um caminhão dedicado que opera na rota Rio do Sul-Joinville, enquanto outro parte para Otacílio Costa, atendendo uma filial em local singular, sendo um presídio, e realizando entregas na região Agronômica. Há ainda um terceiro veículo que viaja exclusivamente para o processo de pintura.

Centro de Distribuição Interna da RIO-Riosulense
CDI da RIO-Riosulense | Foto: Divulgação

Quando as peças retornam, não vão direto para a linha de montagem. Elas encontram refúgio temporário no CDI, que é o Centro de Distribuição Interna da RIO-Riosulense. Este é o coração palpitante da operação, o local onde todo o material em processamento aguarda seu próximo destino. “São materiais que já passaram pela fundição, jateamento e rebarbação, mas que ainda aguardam os processos de usinagem ou pintura”, esclarece o supervisor de logística.

A jornada para a pintura é outro ato de precisão. Um caminhão sai entre 9h e 10h da manhã, uma partida estrategicamente programada para sincronizar com o horário comercial dos fornecedores. Sua carga é mista: peças para pintura, tratamento térmico e usinagem. Após o processamento externo, o material retorna, é recebido novamente pelo CDI e armazenado com rigor quase bibliotecário. A verticalização domina o espaço, com cada caixa, cada etiqueta, tendo sua posição exata no grande quebra-cabeça do armazém.

O clímax do processo ocorre quando o produto, finalmente, está pronto para a usinagem ou embalagem final. É o momento em que o PCP (Planejamento e Controle de Produção) aciona a manufatura com base nas demandas dos clientes. “A partir dessa programação, o colaborador da usinagem solicita o material ao CDI, preenchendo uma planilha de controle em que informa a ordem de fabricação e a quantidade de peças”, descreve Jean Carlos da Rosa. Com base nesse pedido interno, a equipe logística executa a separação e disponibiliza o material em uma área específica, de onde as caixas começam sua derradeira movimentação interna rumo à usinagem.

Para cargas verdadeiramente pesadas, a RIO emprega um trator Massey Ferguson modelo 255 no transporte desses itens. “Por meio de um dispositivo, é feita a troca: uma carretinha cheia é entregue e uma vazia é recolhida. Tudo de forma prática e rápida”, explica Jean. O veículo circula o dia todo, realizando seu próprio milk run interno, um microcosmo do macrocosmo logístico, fechando o ciclo de um sistema onde nada para, e onde cada peça, desde seu nascimento na fundição até sua transformação final, é um testamentos de que a logística, na RIO, é muito mais que transporte, sendo a própria essência da manufatura.

Toda a movimentação de cargas da RIO é completada por mais 23 equipamentos próprios, incluindo 12 transpaleteiras elétricas de torre swe140, três transpaleteiras elétricas lwe200 e nove Empilhadeiras a combustão 8fg25 m, sendo todas da marca Toyota. Além disso, possui um caminhão Mercedez-Benz Atego 2425 e uma empilhadeira retrátil elétrica Still do modelo FM-X SE.

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