Porto Seco em Santa Catarina promete acelerar o comércio com a Argentina

Após vencer a licitação em 2021, a Multilog dá andamento na expansão do Porto Seco de Dionísio Cerqueira e pretende inaugurá-lo ainda este ano

Porto Seco
Porto Seco Multilog em Uruguaiana - RS

Com inauguração prevista para setembro deste ano, o novo Porto Seco da Multilog na região da fronteira de Santa Catarina com a Argentina, no município de Dionísio Cerqueira, deve receber investimentos de R$ 40 milhões, e promete acelerar o comércio entre o Brasil e a Argentina.

O gerente geral de operações das fronteiras da Multilog, Francisco Augusto Silva Damilano, ressalta a importância do porto para o comércio e economia da região. “O porto é de suma importância para a região e para o Mercosul e representa um passo importante para garantir efetividade no processo logístico dos nossos clientes. Por isso, cada vez mais, estamos investindo em estruturas modernas e seguras, além de alta tecnologia.”

Porto Seco
Francisco Augusto Silva Damilano, gerente geral de operações das fronteiras Multilog

A empresa saiu vencedora da licitação para construir e operar o terminal intermodal, que tem previsão de fluxo de 2.500 veículos por mês, em novembro de 2021. Pelo contrato, a Multilog vai atuar como operadora do porto seco por 25 anos. As principais mercadorias exportadas para a Argentina naquela região são carne bovina, frutas, celulose, madeira e calçados. Já as importadas costumam ser vinhos, frutas, cereais, cebola e madeira.

Estrutura e Investimentos

A área total do porto é de 125.000 m², com aproximadamente 560 vagas de caminhões e 70 vagas bolsão. A área do armazém ocupa 2.000 m² e a câmara fria possui 128m² e duas docas. A estrutura também contará com um pátio para cargas perigosas e dois portões de entrada com balança e dois de saída.

O porto seco seguirá o padrão de operações implementadas nas outras unidades da Multilog, seguindo um modelo composto por aduana integrada, ou seja, os órgãos de avaliação comercial brasileiros e argentinos ficarão na mesma localidade para liberação das cargas. Todos os veículos sairão de lá já liberados para trafegar direto ao destino final.

Porto Seco
Obras do Porto Seco da Multilog em Dionísio Cerqueira, Santa Catarina, que faz fronteira com a Argentina

De acordo com Damilano, os serviços prestados pela empresa administradora serão pesagem, estadia, movimentação e armazenagem. Os dois primeiros, a pesagem e a estadia, são etapas fixas de todas as mercadorias que chegam aos portos. Já a movimentação e a armazenagem dependerão de pontos específicos que podem acontecer no processo de liberação da carga.

Então, obrigatoriamente, todo veículo passará pela pesagem e pela estadia, nesse último serviço, a cobrança ao cliente é feita de acordo com o período que o veículo ficou no pátio para a liberação.

No caso da movimentação, é um serviço que dependerá de variáveis como solicitação de amostra por algum órgão interveniente, como o Ministério da Agricultura, por exemplo. Caso ocorra alguma divergência documental que impacte na liberação da carga, a Multilog realiza a armazenagem do material pelo tempo necessário.

O gerente geral de operações comenta que a geração de empregos diretos (colaboradores da Multilog) será de aproximadamente 40 vagas. Também serão anunciadas vagas de forma indireta, com a contratação de fornecedores locais.

Tecnologias

As tecnologias utilizadas nos portos secos são voltadas à fiscalização, envolvendo o cliente, a Multilog e a Receita Federal (RF). Todos os portos já em funcionamento contam com a utilização da ferramenta Genius, projeto piloto que utiliza drones para o escaneamento de informações para o sistema no processo de exportação, além da web conferência de cargas, ferramenta que chegou no período da pandemia e segue sendo utilizada, pois possibilita que o fiscal da RF realize a conferência das cargas por meio de uma plataforma chamada Canal Vermelho.

No caso do Genius, trata-se de um sistema voltado para que o cliente Multilog tenha uma visão geral de todos os acontecimentos que envolvem a carga, com atualizações em tempo real. Além disso, a empresa também está em processo de inclusão do faturamento online dentro desse sistema, que conectado ao cliente vai deixa-lo a par dos custos de todos os processos.

Damilano também comentou sobre o projeto piloto com drones. “A ideia é que o equipamento realize o rastreamento e forneça a posição exata do veículo. O equipamento capta a placa do veículo e leva automaticamente para o sistema. Com isso, toda a comunicação é feita instantaneamente com a RF e os documentos de manifestação e liberação já ficam disponíveis. Por enquanto, o processo é realizado apenas no regime de exportação”, descreve.

Essas informações, por sua vez, são fornecidas pelo despachante aduaneiro ou o transportador antecipadamente, que comunicam-se com o sistema da RF de Declaração Única de Exportação (DU-E). No caso das importações essas informações ainda não são adicionadas no sistema. Damilano espera que ainda este ano ocorra essa transição, pois, segundo ele, essa prática, reduziu pela metade o tempo de liberação dos caminhões com mercadorias exportadas.

Todas essas tecnologias estarão presentes no Porto de Dionísio Cerqueira. Damilano adiantou que, futuramente, existe a intenção de implantar um sistema de biometria para os motoristas que permitirá o ingresso deles automaticamente na portaria, desburocratizando processos.

Atrasos nas obras

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Segundo Damilano, os atrasos nas obras devido às fortes chuvas na região pode adiar a previsão de inauguração do porto seco, que está marcada para setembro deste ano, por ser um tipo de obra que depende de determinadas condições climáticas para avançar.

Após a finalização da obra, a própria Receita Federal vai verificar se o porto seco possui as condições necessárias para funcionamento.

“Óbvio que estamos com a norma debaixo do braço, estamos fazendo tudo conforme manda a legislação. Porém, precisa passar por essa comissão de técnicos da Receita Federal, que após a vistoria vai chegar e dizer ‘OK’ e aí vai entregar um laudo, um ofício, dizendo para Multilog que esse recinto alfandegado está apto a iniciar as operações”, completa Damilano.

Desafios

Para o gerente geral de operações das fronteiras, o desafio da empresa, atualmente, é que seus clientes vejam todas essas unidades como uma única Multilog.

Ele também destaca que a empresa vem crescendo no setor de transportes, interligando os portos aos recintos alfandegados e centros de distribuição. “Hoje a Multilog administra nas fronteiras as unidades de Jaguarão, que faz fronteira com o Uruguai; Santana do Livramento, que faz fronteira com Uruguai e Uruguaiana, na fronteira com a Argentina. Agora vamos iniciar as operações em Dionísio Cerqueira, fronteira com a Argentina e Foz do Iguaçu que é a nossa tríplice fronteira (faz fronteira com o Paraguai e com a Argentina)”, finaliza.

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