Alvo de polêmicas e disputas com fabricantes nacionais, a importação de pneus para uso comercial ganhou força nos últimos anos, impulsionado pela demanda por variedade, qualidade e preços competitivos. No entanto, os desafios são muitos, desde a complexa legislação tributária e ambiental até a concorrência com a indústria nacional, comenta Ricardo Alípio da Costa, presidente da Associação Brasileira dos Importadores e Distribuidores de Pneus (ABIDIP).
Para importar pneus no Brasil, as empresas precisam atender a uma série de exigências. É necessário estar cadastrado no Siscomex, ter capital social compatível com o volume importado e passar pela certificação do Inmetro para determinadas medidas, como pneus de caminhão e automóveis. Além disso, há a obrigação ambiental em que cada pneu novo colocado no mercado deve ser compensado pela destinação adequada de um pneu inservível, com fiscalização trimestral do Ibama. “Por esse motivo, a ABIDIP exige que seus associados cumpram rigorosamente as metas ambientais”, ressalta o presidente.
Medidas antidumping
Outro ponto crítico são as medidas antidumping, aplicadas quando há suspeita de preços abaixo do valor de mercado. “Se confirmado o dumping, o importador paga uma sobretaxa para equilibrar a concorrência com a indústria nacional“, diz.
Um dos argumentos frequentemente usados para defender taxações maiores sobre a importação de pneus é a geração de empregos pela indústria nacional. No entanto, o presidente da ABIDIP contesta ao afirmar que “não existe ‘indústria nacional” no sentido estrito, pois as fábricas aqui instaladas pertencem a multinacionais que remetem lucros ao exterior. Já os importadores são empresas brasileiras que reinvestem seus ganhos no país, garante o dirigente.
Alípio também destaca que os próprios fabricantes nacionais são grandes importadores. “Dos 10 maiores importadores de pneus, cinco são indústrias que produzem no Brasil. Eles importam o excedente que não conseguem fabricar aqui“.
Quanto ao mercado, o executivo projeta continuidade na expansão dos importados, que hoje representam 37% das vendas no Brasil. “Enquanto a indústria local não suprir toda a demanda, a importação seguirá como alternativa essencial para o consumidor“, finaliza.
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