O ano de 2024 foi marcado por grandes revisões na indústria de caminhões. Algumas tendências deixaram o rol das certezas absolutas, como os veículos comerciais elétricos pesados e outras retomaram seu posto de alternativas confiáveis e economicamente viáveis para o transportador.
Enganaram-se aqueles que já haviam decretado a morte dos motores a combustão, especialmente os diesel. Prova disso foi a edição 2024 da IAA Transportation onde os expositores reintroduziram com força os caminhões movidos a combustíveis fósseis ou alternativos, como o gás, biogás e célula de combustível, entre outros.
Os caminhões elétricos continuam sim a frequentar o portfólio das montadoras, mas com entusiasmo bem mais contido. O renascimento do motor diesel como solução deve-se a ganhos de eficiência desses engenhos e sua tradicionalíssima confiabilidade.

Por traz disso estão novas ferramentas que incorporaram muitos megabites à equação, mas que deram nova musculatura aos cavalos vapor ou quilowatts aos veículos. A união de telemetria e a inteligência artificial permite hoje uma gestão de frota à beira da perfeição e suas consequências agradaram em cheio.
A reboque das informações agora disponíveis, o transportador passa a ter total controle sobre a operação, o veículo e o motorista. Nunca foi possível “tirar” tanto do veículo e a rentabilizar tão expressivamente o negócio.
Telemetria ajustada
O veículo agora é monitorado e parametrizado onde quer que esteja e pode ter sua telemetria adequada à situação numa simples parada para descanso. O motorista tem todas as condições de dirigir da maneira mais segura, econômica e confortável possível e, finalmente, o gestor da empresa tem às mãos os meios de alcançar os melhores resultados possíveis.
“Nunca tivemos em nossos veículos um nível de previsibilidade como a que oferecemos hoje ao cliente”, assegura Marcos Andrade (foto), gerente de Tecnologia da Mercedes-Benz do Brasil.
Isso só é possível pela quantidade de dados coletados por força da integração da telemetria avançada e as câmeras digitais para cavalo e carreta. Além dos algoritmos que armazenam informações de todos os tipos, aliado à inteligência artificial (IA) que consegue selecionar os dados personalizados para cada frotista, agilizando todo o processo de otimização da operação.
Ou seja, em razão dessas prerrogativas, a conectividade já não é mais uma tendência, mas uma realidade para as frotas de veículos comerciais de todas as categorias. Da última milha às longas viagens rodoviárias de transferência, da distribuição simples até operações complexas a conectividade se tornou ferramenta obrigatória de administração.

Com as soluções eletromecânicas em ciclo de difícil evolução, as tecnologias embarcadas agora têm o apoio de um sem-número de desenvolvedores de softwares inteligentes, apoiados em inteligência artificial e sistemas de telemetria conectados via satélite até.
Aumento do handicap
Enquanto a eficiência energética dos motores a combustão não vai além de 38%, 39%, o handicap apresentado pelos sistemas de algoritmos alcança economias próximas a 20% dos custos. Ou seja, algo como 50% da própria eficiência energética do motor.
A conectividade e a telemetria avançada chegaram para ficar é certeza. As benesses das aplicações ainda vão se multiplicar tanto pelo número de opções desenvolvidas como pela ampliação da cobertura de sinais no Brasil.
“A chegada do 5G e sua combinação com redes de satélites de baixa altura certamente vai amenizar a deficiência de infraestrutura que ainda temos no país”, diz otimista Antônio Cammarosano Filho (foto), diretor de Serviços e Pós-vendas da Volkswagen Caminhões e Ônibus Latam.
A VWCO é exemplo de outra forte tendência e uma amostra do quanto as montadoras levam a sério a conectividade. No esforço de encurtar caminhos, a montadora passou a contar com o apoio tecnológico em nível global da plataforma RIO, para ampliar o suporte a sua linha de produtos e catapultar a capacidade de lançamento de novas funcionalidades.
Essa é uma tendência sem volta. E vai se fortalecer ainda mais com a multiplicação de usuários de veículos autônomos. Eles já marcam presença em operações segregadas, mas também não vão parar por aí. Como os leitores poderão conferir com mais profundidade, na edição especial de Frota&Cia toda ela dedicada ao tema da gestão da frotas e as novas fronteiras dessas novas tecnologias.