Tal qual o mercado de ônibus, o segmento de veículos utilitários atingiu seu maior pico de vendas dos últimos dez anos, em 2024, ao alcançar a marca de quase 71 mil unidades licenciadas, entre furgonetas e camionetas de carga, furgões e minibus. Os números completos desse mercado, os leitores poderão conferir na edição de fevereiro de Frota&Cia, que revelou o Ranking 2024 do Mercado de Veículos Comerciais. E, ainda, as marcas e modelos que conquistaram o Prêmio Lótus Campeão de Vendas 2025, em reconhecimento à liderança alcançada nos mais variados segmentos de mercado.
Para compreender ainda melhor o comportamento da atividade no ano passado e as expectativas da indústria de utilitários para 2025, a Redação de Frota&Cia colheu os depoimentos de especialistas do setor. Cujo teor integral figurou com destaque na edição de março da publicação.
Líder absoluta no mercado de utilitários, puxada pelo sucesso do Fiorino, a Fiat quase repetiu o desempenho no ano passado, ao somar mais de 26 mil unidades emplacadas, que garantiram 36,8% de participação no mercado total. Somente o Fiorino respondeu por 79% do mercado de furgonetas, com quase 20 mil veículos licenciados no ano.
De acordo com Arthur Misson (foto), especialista de produto do Brand Fiat, o mercado de furgonetas vem sendo impulsionado pelo crescimento do comércio eletrônico, em especial a partir do período da pandemia, que gerou uma demanda crescente por entregas rápidas e eficientes.
Avanço respaldado
A afirmação tem o respaldo da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) que apontou um crescimento de 10,5% da atividade em 2024, em comparação ao ano anterior. O setor movimentou nada menos que 414,9 milhões de encomendas no período, para atender a um universo de 91,3 milhões de compradores.
Já no caso dos furgões, Guilherme Ruibal (foto), Brand Manager de Veículos Utilitários da Renault atribuiu o aumento da demanda por esse tipo de veículos a volta às compras do setor de turismo, depois da bolha reprimida em função da pandemia que afastou os passageiros.
“Outro fator que incrementou as vendas foi a licitação para o fornecimento de 796 ambulâncias para o Samu, ainda que muitas entregas estejam acontecendo no ano em curso”, atesta Ruibal.
Tal crescimento do mercado de furgões e camionetas de carga na versão chassi-cabine era mais que esperado, na opinião de Fábio Silva, head de Vendas Vans, da Mercedes-Benz Carr&Vans. ”De 2021 a 2023, os volumes ficaram naquele vai e vem, em torno de 62/65 mil unidades. Até que chegou 2024 e o mercado mostrou um forte impulso, além do esperado, bastante alavancado pelas compras governamentais”.
Igualmente beneficiada pelo bom momento do mercado foi a Iveco, que viu as vendas do Daily na versão camioneta de cargas saltarem de 2.382 para 3.871 unidades no biênio 2024/2025, evidenciando uma evolução de 62,5% no período, diante de um mercado que recuou 21,5%.
“A expansão do e-commerce na distribuição urbana de mercadorias reafirmou a liderança do Iveco Daily no segmento de chassi-cabine. A ponto de ser reconhecido com o Prêmio Lótus Campeão de Vendas 2025 na categoria”, exalta Marco Aurélio Pacheco (foto), diretor comercial da Iveco no Brasil.
Mercado estável
Para o ano em curso, Pacheco faz coro com as projeções da Anfavea, que apontam para um mercado igual ou pouco menor que 2024. Mesmo assim, ele acredita que a movimentação urbana de cargas deve continuar em evolução, para alegria dos fabricantes de veículos utilitários.
Mesma opinião tem o representante da Mercedes-Benz, ao apostar que os volumes irão permanecer no mesmo patamar de 2024, com uma leve variação para mais ou para menos, em que pesem os eventuais entraves que podem prejudicar a atividade.
“Ao meu ver, a questão do crédito vai ser um fator extremamente importante, atrelado à taxa de juros que vem aumentando bastante. Isso impacta diretamente o cliente, que a conta no longa prazo”, explica Fábio Silva (foto), que também cita a instabilidade política e econômica, como fator que traz insegurança aos negócios.
Em adição a isso, Guilherme Ruibal se mostra preocupado com a reforma tributária que tramita no Senado, que pode impactar alguns setores da economia e comprometer a demanda para a venda de veículos.
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