Transporte de frutas ganha força com aumento das exportações

Fortallog domina a logística da fruticultura no Brasil e projeta novos negócios no exterior

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O mercado de exportação de frutas, em 2024, segue em alta e o Grupo Allog projeta um aumento de 10% a 15% na movimentação de frutas, muito devido à expectativa de exportação da manga, item que o Brasil teve vantagens competitivas em razão da quebra da safra da Costa Oeste da América do Sul, prejudicada pelo fenômeno El Niño.

O Grupo Allog possui participação nas empresas FTrade, que detém 84% de participação no mercado nacional de exportação de frutas, e na Fortallog, que foi criada há 13 anos para absorver uma parte de toda a carga que o grupo FTrade tinha e promover a logística porta a porta. Hoje, a Fortallog, ela se especializou no transporte de contêineres refrigerados. Em 2023, a FTrade exportou 17.678 TEUs em frutas (um TEU representa a capacidade de carga de um container marítimo normal, de 20 pés/6m de comprimento, por 8 de largura/2,4m e 8 de altura).

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Zakaria Benzaama, CEO da Fortallog.

Segundo o CEO da Fortallog, Zakaria Benzaama, a empresa opera com uma frota formada por 20 caminhões próprios e 85 agregados, que seguem o padrão OEA (certificação da Receita Federal aos operadores da cadeia logística internacional). Seus veículos possuem idade média entre cinco a dez anos de fabricação, sendo todos das marcas Mercedes-Benz e VWCO em versões 6×2 e 6×4. A maioria deles possuem 360 cv de potência e há quatro rodotrens em circulação. “Eu não tenho uma frota robusta. Teria que ter 30% de frota própria, no mínimo, para dar demanda do meu movimento e justificar o investimento em caminhões 0km. Ou seja, teria que ter de 30 a 35 veículos da Fortallog”, analiza.

“Hoje, a gente atua, principalmente, no Nordeste, que é polo da manga, da uva, do melão e da melancia. Nós temos limão e gengibre, também. Alguma parte do sul do Nordeste já entrando no Centro-Oeste. Todas essas cargas giram em torno de 32 toneladas, que somadas à tara dos contêineres, que varia de quatro a seis toneladas, e, por isso, demandam fretes com caminhões traçados”, explica Benzaama.

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Veículos da Fortallog | Divulgação

Os caminhões agregados podem ter idade superior a dez anos para prestar serviços para a Fortallog. Todavia, uma série de exigências voltadas à segurança do frete e à produtividade da jornada são feitas aos parceiros, incluindo manutenção preventiva em dia e pneus com, no mínimo, 10% dos sulcos preservados. “Nós temos um terminal no qual a gente faz essas inspeções. Portanto, para que o carregamento seja autorizado, o veículo precisa passar pelo nosso terminal”, conta o executivo.

Enquanto mercados mais desenvolvidos aumentam os seus investimentos na diversificação da matriz energética de sua frota por meio de veículos elétricos, híbridos e de outras tecnologias, o segmento da fruticultura enxerga como prioridade conseguir mais veículos que possam dar conta de escoar as safras no tempo certo. “Sempre no gargalo do segundo semestre, nós passamos por uma dificuldade nesse sentido”, analisa.

Controle de temperatura

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Caixas de manga | Divulgaação

No Brasil, uma parcela significativa de produtos perecíveis ainda é transportada em caçamba aberta. No caso da Fortallog, apenas trechos inferiores a 200 km, como em trechos no sul da Bahia, o que é aceitável para este tipo de commodities (limão). “Ele recebe um frio na fazenda e, durante o traslado, perde de 2 a 3ºC de temperatura. Ao chegar no porto, esse produto recebe a refrigeração adequada para o frete internacional”, conta Benzaama.

Os contêineres utilizados possuem sistemas próprios de refrigeração e, ainda, contam com reforço de sistema de controle de temperadora acoplado nas carretas. De acordo com o executivo, a fruticultura de longo curso chega a percorrer até 800 km dentro do Brasil, considerando a fazenda ao porto de destino. “Quando se trata de um produto como manga, que possui um tempo de maturação curtíssimo e o tempo de vida dela é pouco, precisamos que todas as etapas do frio sejam muito bem controladas. Portanto, utilizamos contêineres ou baús refrigerados”, diz o CEO da Fortallog.

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Caixas de frutas | Divulgação

Ao contrário do que muita gente pode pensar, a fruticultura pode envolver fretes de alto valor agregado. Por exemplo, um container pode custar R$ 150 mil com manga ou uva. Com melão e melancia, este valor chega a R$ 40 mil.

Segundo informações da Fortallog, pequenos produtores geram o equivalente a 200 e 300 contêineres de frutas. Em contrapartida, os grandes produtores já aliados a grupos internacionais chegam a movimentar 2.000 contêineres de frutas.

Praças

No Brasil, cada fruta possui um perfil próprio de mercado, sendo que o de manga é direcionado por fazendas, a uva e a maçã por cooperativa e o mamão direto com produtores, por exemplo.

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A logística das frutas na Fortallog | Divulgação

A região norte responde pelas safras de açaí, laranja e limão. Nós temos, no Nordeste, a manga, o limão, o melão, a melancia e o mamão. O gengibre vem do Centro-Oeste e, daí para baixo, destaque para o limão, a laranja, a maçã, a tangerina e limão siciliano. “A fruticultura brasileira ainda é muito dependente do mercado europeu, sendo que os principais portos de exportação são o Porto de Fortaleza (CE), Porto de Salvador (BA), o Porto de Santos (SP) e o Porto Pecém (CE), que tomam como destino Rotterdam (Países Baixos), Londres (Inglaterra) e Algeciras (Espanha). Nos Estados Unidos, as frutas são distribuídas pelos portos da Filadélfia e de Nova Iorque”, conta Benzaama.

Quase toda a produção é escoada via marítimo. Mas, frutas como o mamão, a lichia, o avocado e parte da safra de gengibre é transportada por modal aéreo por serem mais sensíveis e com validade mais curta do que outras frutas. Eventualmente, contratos comerciais exigem o frete aéreo para cumprir com prazos estratégicos dos clientes estrangeiros.

A Fortallog responde por toda a operação rodoviária em território nacional do transporte de frutas e, dos portos e aeroportos em diante a responsabilidade passa para a FTrade.

Jornada do motorista

As mudanças na regulamentação da jornada do motorista de caminhão trouxeram benefícios aos profissionais e algumas preocupações específicas aos transportadores e embarcadores brasileiros. “O Brasil é um país continental. Muitas vezes, o condutor não consegue retornar em tempo hábil, o que força um aumento nas despesas com motoristas, pois você tem que duplicar o seu quadro, ou seja, traz dispêndio e afeta a métrica da empresa, a margem. Então, isso eu vou sentir no LAJIDA (Lucro Antes dos Juros, Impostos, Depreciação e Amortização)”, explicou o CEO da Fortallog. “Se o cliente atrasa, eu tenho que dar a folga dele (caminhoneiro). Mas, se o frete atrasar na entrega isso poderá comprometer o contrato. Portanto, preciso ter um motorista extra para essas ocorrências, o que aumenta os nossos gastos”, lamenta.

Previsões da Fortallog

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Frutas em preparação para exportação | Divulgação

“Nós projetamos dentro do que o mercado nos comporta crescimento de 10% em faturamento, tendo em vista uma amplitude de mais 3% em funcionários estratégicos. Esperamos uma maior abertura de novos mercados, como China e Chile”, anuncia Zakaria Benzaama.

Segundo o executivo, os chineses têm a necessidade de comprar frutas brasileiras. Mas, a logística da fruticultura ainda é um entrave. “Por exemplo, não é possível exportar melões e melancias em menos de 45 dias pelo mar, o que pode afetar a qualidade do produto. As coisas precisam fazer sentido técnico e econômico para que qualquer negócio possa acontecer”, finaliza o CEO.

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