A Cargolift Logística SA, 11ª maior transportadora rodoviária do país com mais de 30 anos de atuação e uma frota que atende grandes montadoras e o segmento de comércio eletrônico, está colhendo os frutos de uma transição estratégica em seu investimento social. O Instituto Novas Histórias, evolução do antigo Instituto Cargolift fundado em 2003 para recuperação de dependentes químicos, tornou-se um case de impacto amplo e mensurável. A ponto de ser reconhecido por duas importantes certificações: o 1º Prêmio ESG Setcepar e o 11º Prêmio Setcesp de Sustentabilidade.
A mudança de foco do Instituto partiu de uma análise interna sobre a eficácia do investimento, explica Hudson Hubel, supervisor de Qualidade da companhia. “A Cargolift identificou a oportunidade de investir na base, na prevenção. A decisão foi migrar da recuperação para a formação, atuando na raiz que forma nosso país, nossas empresas e nossa comunidade”.
O pivô dessa transformação foi a cidade de Cipó, no Sertão da Bahia, município com baixos índices de desenvolvimento e cidade natal do pai do fundador da Cargolift, Markenson Marques. “A fusão entre propósito pessoal, missão empresarial e a necessidade social concreta levou à instalação de uma estrutura de ponta em uma região de extrema vulnerabilidade”, justifica o supervisor.
O projeto em Cipó representa um investimento superior a R$ 18 milhões em infraestrutura física, com capacidade para atender mais de 600 crianças e adolescentes em regime de contraturno escolar. O modelo, estruturado em pilares de educação, cultura e esporte, oferece desde aulas regulares até programação de robótica, música e práticas esportivas como judô e vôlei. “O maior desafio técnico-operacional inicial foi superar as barreiras estruturais da região, especialmente a infraestrutura de conectividade, para viabilizar atividades tecnológicas e administrativas”, detalha Hubel.
Efeito espelho
Os resultados são tangíveis e cíclicos de acordo com Hubel, que mencionou casos de “efeito espelho” que validam a metodologia. “Temos ex-alunos de Cipó que, após se formarem no ensino médio apoiados pelo instituto e seguirem carreira em música, retornaram como professores da casa. É a consolidação de um ecossistema de oportunidade”, afirma com orgulho.
Outro dado operacional significativo é a inserção no mercado de trabalho formal. “Já contratamos dois menores aprendizes originários do instituto na Bahia. Eles atuam remotamente, com suporte tecnológico completo da empresa, no suporte ao segmento automotivo do Sul. Isso demonstra a quebra de barreiras geográficas e sociais por meio da capacitação”.
Segundo o executivo, os colaboradores internalizam um propósito que vai além da produtividade. Trabalham sabendo que parte do esforço gera transformação social profunda em realidades distantes. Um fato que se reflete em engajamento e orgulho.
A premiação, neste contexto, é vista como um vetor de disseminação de valores. “A gratificação maior não é o troféu, mas a plataforma para divulgar o modelo. Queremos incentivar outras empresas a replicarem a iniciativa, seja apoiando o nosso instituto ou criando os seus. A competitividade do setor logístico não é incompatível com a cooperação para o desenvolvimento social”, conclui Hubel.
Modelo em expansão
A replicação do modelo bem-sucedido no Nordeste para a região Sul marcou a fase de escalabilidade do projeto Instituto Novas Histórias. Em Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba (PR), foi inaugurada uma filial com capacidade para mais de 200 crianças, aplicando a mesma metodologia. “A expansão validou a transposição do modelo pedagógico e de gestão, mantendo os pilares fundamentais, mas adaptando-se ao contexto local”, explica Hudson Hubel.


