Ford produzirá de picape elétrica em plataforma modular

Montadora abandonará o famoso sistema de linha de montagem para adotar um modelo mais eficiente e econômico de produção

Por Gustavo Queiroz

- agosto 12, 2025

Ford picape elétrica média

A Ford deu um passo decisivo para aumentar o acesso a veículos elétricos ao anunciar uma nova plataforma universal e um sistema de produção flexível, projetados para reduzir custos e aumentar a eficiência. O projeto, que combina escala industrial com agilidade de startup, tem como primeiro fruto uma picape elétrica média, prevista para 2027, fabricada em Louisville (EUA) com investimento de US$ 5 bilhões.

A nova arquitetura elétrica da Ford reduz em 20% o número de componentes em relação a um veículo convencional, além de cortar 25% dos fixadores e 40% das estações de trabalho na linha de produção. O tempo de montagem será 15% mais rápido, com ganhos significativos em peso e simplicidade.

Um dos destaques é a adoção de baterias prismáticas de fosfato de ferro-lítio (LFP), mais baratas e duráveis que as de íons de lítio tradicionais. Livres de cobalto e níquel, elas integram uma estrutura que serve como piso do veículo, melhorando rigidez e reduzindo o centro de gravidade, o que promete dirigibilidade superior e cabine mais silenciosa.

A picape média, ainda sem nome oficial, terá espaço interno ampliado, incluindo um frunk (porta-malas dianteiro) e caçamba capaz de transportar pranchas de surfe sem acessórios extras. A performance também é prioridade, sendo que a aceleração de 0 a 100 km/h rivalizará com a do Mustang EcoBoost, graças ao torque instantâneo e à engenharia refinada do chassi.

Sistema de produção em “árvore” 

A Ford abandonou o conceito de esteira contínua em favor de uma abordagem modular batizada de “árvore de montagem“. Três subsistemas, incluindo dianteira, traseira e bateria estrutural, são produzidos em paralelo e unidos posteriormente. Grandes peças únicas de alumínio fundido substituem dezenas de componentes, simplificando a logística.

Os operadores recebem kits com todas as ferramentas e fixadores necessários, eliminando movimentos repetitivos e melhorando a ergonomia. A integração entre plataforma e sistema de produção reduzirá o tempo de montagem em até 40% em comparação com os modelos atuais de Louisville, com parte desse ganho realocada para controle de qualidade e automação.

Além dos US$ 2 bilhões destinados à modernização da fábrica de Louisville, a Ford investirá US$ 3 bilhões na produção de baterias LFP em Michigan, consolidando uma cadeia local. Jim Farley, CEO da Ford, enfatizou a necessidade de evitar os erros do passado: “Este projeto foi pensado para ser sustentável desde o início, sem atalhos“.

A estratégia mira não apenas eficiência, mas também competitividade em um mercado onde picapes elétricas ainda são dominadas por modelos premium. Se a promessa de acessibilidade se concretizar, a Ford poderá redefinir o segmento, assim como fez com o Modelo T há um século, segundo a própria montadora.

Detalhes como preço, autonomia e tempo de recarga serão divulgados posteriormente. Enquanto isso, a fabricante sinaliza que a picape é apenas o primeiro de uma família de elétricos acessíveis, alinhados a uma produção ágil e escalável.

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