Especialista analisa a situação e o futuro da telemetria no Brasil

A grande evolução deve acontecer no processamento das informações, comenta Timoszczuk

A busca pela oferta de um serviço melhor com menor custo deveria ser um mantra de qualquer empresas, incluindo as do setor de transporte de carga. De alguns anos pra cá, a tecnologia se tornou uma aliada nesta missão. É com essa ideia que a telemetria atua no dia a dia das operações de transportes.

Redução de custos, aumento da segurança, diminuição de acidentes e, sobretudo, uma gestão de frota mais de inteligente. É isso que a telemetria oferece, embora seja difícil encontrar transportadoras que façam bom proveito das oportunidades geradas por essa ferramenta.

A redação da Frota&Cia conversou com Antônio Pedro Timoszczuk, do Instituto de Engenheiros Elétricos e Eletrônicos (IEEE), especialista em telemetria e inteligência artificial, para entender qual é a situação atual da telemetria no Brasil. Quais os possíveis problemas e também o que podemos esperar neste campo para o futuro. 

Timoszczuk é especialista em Inovação, com mais de 30 anos de experiência em academia, indústria e institutos de pesquisa, com especialização em Engenharia de Sistemas, Ciclo de Vida da Inovação e P&D. Como um pensador sistêmico, incentiva a aplicação da visão sistêmica para transformar negócios e organizações.

Informação é planejamento, que é dinheiro.

 “As empresas deixaram de ser só transportadoras para serem operadoras logísticas”. Segundo Timoszczuk, a telemetria puxa a ideia do planejamento logístico para a operação das transportadoras. Quanto mais informação você conseguir captar, melhor para fazer seus planos e assim economizar dinheiro.

Com a eletrônica abriram-se novas possibilidades. Antes só se media a velocidade, por exemplo. Agora a gente consegue ver rotação do motor, entre inúmeras outras funcionalidades. Com isso, aumentou a base de dados à disposição do operador.

Timoszczuk lembra que a maioria das funções que hoje estão no mercado, já existiam no começo da telemetria no Brasil, lá nos anos 80. “Grande parte das funções já existiam. Com o tempo, só foi aumentando a velocidade. Quando entrou a telefonia celular, nos anos 90, a gente tinha mais velocidade, mas não tinha cobertura.”

Desde cerca eletrônica (você desenha no aplicativo uma cerca que o caminhão não pode sair), passando por rastreamento de posição, botão de alarme, até bloqueio do veículo a distância. Tudo foi se aprimorando de acordo com a necessidade das empresas. 

O início

Curiosamente, o especialista participou do início da telemetria no país. Ele explica.

No final dos anos 80, 90, existiam duas empresas, a AutoTrack (onde ele atuava) e a ControlSAT. Começou com satélites e depois foi evoluindo. Quando a telefonia celular chegou no Brasil, também veio o analógico. Levantamos uma rede de rastreadores com foco na parte de segurança de executivos. A galera queria saber a posição das coisas. Esse processo começou pela segurança dos caminhões por conta dos roubos”. 

As seguradoras foram as grandes alavancadoras do rastreamento. Daí evoluiu para a telemetria como conhecemos hoje. A maioria das funções já existiam. Com o tempo, só foi aumentando a velocidade.”

E o futuro

O assunto tecnologia penetra em todas as áreas de serviços do país. A inovação está aí. E, é claro, no setor dos transportes não é diferente. Por isso a telemetria e o seu futuro acaba sendo tão importante para quem atua ali.

“Pensando em futuro, o Brasil não tem empecilho nas grandes cidades para ter uma ótima cobertura no 5G, por exemplo. As fabricantes já oferecem a opção de ter toda a tecnologia.” Timoszczuk opina sobre a estrutura do país e lembra que por ser um território tão grande, a situação muda de acordo com a cidade, por exemplo.

Entre as coisas listadas que devemos ver no campo da telemetria no futuro está o uso de piloto automático através do sensoriamento. Antônio, no entanto, desacelera essa expectativa lembrando que apesar de muitos testes, esse uso só acontece em condições bem controladas.

Essa é uma questão delicada. O sensoriamento do caminho é uma coisa bastante complicada. Ainda hoje, apesar de muitos testes, isso acontece em condições bem controladas. É necessário uma infra propícia e o Brasil por si só já não está tão apto.” Situação das rodovias, no norte, por exemplo, é reflexo da disparidade. 

Em 2015 A Daimler Trucks North America (DTNA) apresentou em Las Vegas, o primeiro caminhão autônomo do mundo

Qual o próximo passo, então?

Na obtenção de informações a gente já consegue obter o que é necessário, defende o especialista. Para ele a grande evolução deve acontecer no processamento das informações para tornar mais eficiente. Inteligência Artificial e um melhor processamento de grandes informações. Ou seja, tudo em maior volume e mais velocidade. 

Entretanto, fica o alerta para desafios que essas mudanças podem trazer. “Na medida em que você adota formas de comunicação mais abertas, voce abre a porta para a cibersegurança. Então, você corre risco de hackeamento dos veículos. Isso é um desafio do lado ruim.”

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