Demanda por máquinas cresce 100% na linha Finame

Expectativa é atingir R$ 100 bilhões em 2013, mais que o dobro do registrado em 2012

Expectativa é atingir R$ 100 bilhões em 2013, mais que o dobro do registrado em 2012

O crédito farto e barato ofertado pelo governo para a compra de máquinas e equipamentos fez crescer a demanda por linhas de financiamento no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). De acordo com o diretor financeiro do banco, Maurício Borges, as liberações para a linha Finame/BNDES, de capital de giro para compra de máquinas e equipamentos, cresceram “aproximadamente 50%, ou até mais”, de janeiro a maio deste ano, em comparação com igual período do ano passado.

Embora não tenha detalhado os números até maio, ele informou que a expectativa é atingir R$ 100 bilhões em 2013, mais que o dobro do registrado em 2012 (R$ 43,6 bilhões). Dados fechados do primeiro quadrimestre, obtidos pelo Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor, indicam que os desembolsos para o Finame subiram 77,5% ante igual período do ano passado, somando R$ 22,9 bilhões.

Do total liberado no primeiro quadrimestre do ano, mais da metade, ou R$ 11 bilhões, foram destinados para bens de capital voltados para transporte, como caminhões – o que representou aumento de 48,7% em relação às liberações para o segmento em igual período no ano passado. O maior nível de expansão, entretanto, foi o do crédito para bens de capital como máquinas e equipamentos, cujos desembolsos subiram 99,5% de janeiro a abril de 2013 na comparação com igual período em 2012, para R$ 6,7 bilhões. Outro destaque foram os desembolsos para equipamentos agrícolas, que somaram R$ 5,2 bilhões, 143% acima do apurado no primeiro quadrimestre de 2012.

Em entrevista ao Valor, o chefe do departamento de máquinas e equipamentos do BNDES, Paulo Sodré, afirmou que os números comprovam sinais de recuperação sustentável dos investimentos na economia em vários segmentos. “Houve um aumento forte nos desembolsos não só para transporte como também para máquinas e equipamentos, um setor que foi bastante atingido pela crise”, frisou Sodré. No caso dos bens de capital para transporte, as taxas foram beneficiadas por base de comparação muito baixa, referente ao ano passado. Em 2012, as compras de caminhões caíram por conta de nova legislação ambiental, que exigia mudanças nos motores, deixando os veículos mais caros.

Outro fator que contribuiu para a melhora, na análise do chefe de departamento, foi a prorrogação para até o fim de 2013 do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), implementado por meio do BNDES para incentivar investimentos e aumentar a competitividade da indústria. “Com essa decisão, o empresário pôde se programar, com maior confiança para atrair oportunidades de negócios”, avaliou Sodré.

O maior apetite do empresariado por máquinas e equipamentos no começo do ano, em relação a igual período em 2012, já tinha sido sinalizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), observou o economista da coordenação de Indústria do instituto, André Macedo. “No primeiro trimestre do ano, a indústria de bens de capital teve alta de 9,8% em sua produção, em comparação com igual período no ano passado”, disse, acrescentando que foi o melhor resultado entre as categorias de uso da indústria da transformação, sendo que atividade industrial como um todo caiu 0,5%, no mesmo período.

O presidente-executivo da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso, porém, foi cético em relação aos números favoráveis do Finame. Na avaliação dele, essa melhora foi impulsionada por dois fatores: aumento na abrangência de cobertura do Finame; e uso de base de comparação baixa, em relação ao ano passado. De acordo com dados apurados pela Abimaq, em 2012, em torno de 25% das compras de máquinas e de equipamentos no país tinham o Finame como linha de crédito. Esse percentual teria subido para cerca de 40% em 2013, informou Velloso.

A descrença de Velloso em considerar os números da linha Finame como comprovação de uma retomada de investimentos na economia tem como base os números pífios de vendas computados pela associação no início deste ano. “De janeiro a abril de 2013 tivemos queda de 8,2% no faturamento do setor [ante o mesmo período de ano anterior]”, afirmou.

Fonte: Valor Econômico

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