Brado mira na ampliação do mercado agroindustrial do Centro-Oeste

A Brado está entre as empresas que apostaram na região e esperam boas demandas nas exportações e importações para este ano

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Brado mira na captação do mercado de cerca de 45 mil contêineres ao ano para exportação na região Centro-Oeste. De acordo com presidente da empresa, Marcelo Saraiva, “mais de 65% desse volume tem como destino o Porto de Santos”.

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Marcelo Saraiva, presidente da Brado

Segundo a Associação Brasileira de Operadores Logísticos (ABOL), as empresas do segmento têm apostado no Centro-Oeste para realizar investimentos e expansão. O desempenho econômico da região nos últimos três anos, levou ao aumento de 37% para 62%, de 2020 até o início de 2022, no número de empresas alocadas.

Visando esse cenário positivo, a Brado investiu em um corredor intermodal (com base ferroviária) ligando Anápolis ao Porto de Santos. Serão exportados a partir do terminal goiano: proteína animal congelada (em contêiner Reefer), insumos da siderurgia e mineração, alimentos, açúcar, farelo de soja e grãos diversos em contêiner.

Acompanhe, com exclusividade, a entrevista realizada com Marcelo Saraiva, que contou à Frota&Cia detalhes da expansão da empresa na região.

Frota&Cia: Por que a Brado escolheu a região Centro-Oeste para investir?

Marcelo Saraiva: O Censo do IBGE, divulgado recentemente, revelou que o Centro-Oeste foi a região que registrou o maior aumento populacional do Brasil. A região é uma potência do agronegócio e tem se tornado referência também na geração de empregos na agroindústria, na indústria e no setor de serviços. A natureza do negócio da Brado é a multimodalidade, uma solução que combina o transporte de cargas em contêineres nos caminhões em trechos curtos e nos trens nas distâncias longas. A base dessa multimodalidade é a ferrovia, é o que gera nossos maiores valores: sustentabilidade, competitividade, segurança das cargas, eficiência e regularidade. Já operamos no Mato Grosso, a partir do nosso terminal em Rondonópolis, desde 2013, com excelentes resultados. Agora, com a conclusão das obras executadas pela Rumo na Ferrovia Norte-Sul, há um potencial enorme nessa conexão entre Goiás e o Porto de Santos. A Malha Central vai alavancar um novo ciclo de desenvolvimento e oportunidades para os estados de Goiás, Tocantins e o Distrito Federal e, no futuro, irá atender o mercado interno entre Goiás e Maranhão, além da ligação deste último com São Paulo. A partir do momento que temos uma ferrovia nova, moderna, cheia de tecnologia, isso brilha para o plano estratégico da Brado. É uma oportunidade de troca entre uma solução logística que oferece valores para o desenvolvimento da região enquanto a região tem um potencial enorme agrícola, industrial. Cria-se um ciclo virtuoso onde todos ganham.

Frota&Cia: Quais os pontos negativos da região?

Marcelo Saraiva: Do ponto de vista do negócio, não vejo nenhum ponto negativo no Centro-Oeste. Especificamente em Goiás, onde começaremos a operar em breve, tem carga tanto no sentido até São Paulo, quanto no sentido inverso, São Paulo-Goiás. É um dos estados brasileiros que mais cresce, tanto em PIB quanto em população. O ponto que era negativo, a falta de uma infraestrutura mais eficiente, está sendo resolvido agora com a ferrovia Norte-Sul. Além dos produtos agrícolas que representam a força do Centro-Oeste, a Malha Central chega para aumentar a movimentação de produtos industriais e cargas gerais em contêineres.

Frota&Cia: Qual o tipo de carga mais movimentado na região?

Marcelo Saraiva: Além da região Centro-Oeste ser uma grande produtora de soja e milho, a Brado capta em Rondonópolis os mercados de milho de venda interestadual, pluma de algodão, carnes congeladas, grãos em contêineres, insumos agrícolas e mais uma variedade de produtos da agroindústria e industrializados em geral. Em 2022, o maior volume foi do milho que vai para o mercado interno de venda interestadual. Foram mais de 560 mil toneladas de Rondonópolis (MT) para Sumaré (SP), de onde o cereal é distribuído para empresas de alimentos processados, avicultura para alimentação e ração para pets. A operação de milho da Brado é complexa e tem controle de qualidade rigoroso. Cada cliente tem seu próprio silo, horário de descarga, certificadora e regramento individual. O segundo produto mais movimentado foi a pluma de algodão, com mais de 300 mil toneladas. A pluma é exportada principalmente para abastecer indústria têxteis de países da Ásia. Em 2022, a empresa ampliou o terminal de transbordo em Rondonópolis, dobrando a capacidade da operação de pluma. Atualmente, a área é dedicada exclusivamente ao algodão dentro do terminal e conta com 8,2 mil m² de área útil. Em seguida, vieram a carne bovina, toras de madeira e farelo de soja, além de vários outros produtos. Em 2023, além dos produtos mencionados, o minério vem se destacando.

Frota&Cia: Existem outras regiões com potencial para investimentos num futuro próximo?

Marcelo Saraiva: No segundo semestre deste ano temos a previsão de iniciar as operações com contêineres na Ferrovia Norte-Sul (Malha Central), no trecho que conecta Goiás, a partir de Anápolis, ao Porto de Santos. A Norte-Sul, além de integrar o Centro-Oeste ao Sudeste, numa segunda fase também vai conectar a região pela ferrovia com o Norte e o Nordeste do Brasil.

Frota&Cia: Quais as expectativas da empresa com a nova aposta?

Marcelo Saraiva: A partir do Porto Seco Centro-Oeste, em Anápolis, há um mercado captável de cerca de 45 mil contêineres ao ano para exportação. Mais de 65% desse volume tem como destino o Porto de Santos. São produtos como algodão, mineração, siderurgia, e alimentos, incluindo açúcar, farelo de soja e grãos em contêineres, além de proteínas bovinas por meio das operações com contêineres reefer (refrigerado). Na importação, o mercado potencial é de mais de 16,5 mil contêineres ao ano. São insumos que abastecem as indústrias e o agronegócio do estado goiano, além dos bens de consumo que passam a ser distribuídos para as populações de Goiás, Distrito Federal e sul do Tocantins. Os destaques são os segmentos de agroquímicos, peças de máquinas, equipamentos e plásticos.

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