Sinais positivos: José Carlos Spricigo, da ANFIR, fala sobre 2024

Para o presidente da Anfir, o ano de 2024 promete ser melhor que o período anterior, por conta do cenário econômico atual e a realização da Fenatran

Spricigo

Prestes a ser reconduzido ao cargo de presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (Anfir), para cumprir o segundo mandato à frente da entidade, José Carlos Spricigo aceitou o convite de Frota&Cia para a entrevista que segue.

Na conversa, disponível igualmente em formato de vídeo e podcast, o empresário faz um balanço do ano que passou e as perspectivas para 2024. Embora ache cedo para fazer projeções, Spricigo aposta que o setor terá um bom ano pela frente, por conta do momento atual da economia brasileira e, principalmente, em função da realização da Fenatran, que acontece em novembro próximo. Confiram.

Frota&Cia – Como se comportou o mercado brasileiro de implementos rodoviários em 2023? E quais foram os fatos positivos e negativos do período?

José Carlos Spricigo – Nós tivemos um ano positivo em 2023, apesar da queda de 2% no volume de licenciamentos que somou 151 mil implementos contra 154 mil unidades de 2022. Embora a linha leve tenha apresentado um recuo de 15%, fomos recompensados no mercado de pesados que cresceu 8% e cujos produtos tem um valor agregado muito maior. Entre os fatos positivos, eu destaco a chegada do 4º eixo que caiu no agrado do transportador de médias distâncias acima de 1000 Km. Lançado em maio de 2022, o produto alcançou 20% de market share em 2023 e deve chegar a 23% em 2024. Já a linha leve que fechou com vendas de 60 mil unidades passa por um processo de adaptação, na medida em que os grandes market places vem optando pelo uso de vans para uso na distribuição urbana, no lugar dos pequenos caminhões equipados com baús.

Frota&Cia – Diante desse cenário, quais foram as linhas de produtos que mais se destacaram no ano e quais tiveram desempenho abaixo de esperado?

José Carlos Spricigo – Tínhamos esperança que o mercado de basculante fosse manter seu crescimento, mas ele estacionou e até acusou uma pequena queda. Depois de despontar forte no transporte de grãos, a linha vem perdendo terreno para o graneleiro, que voltou a ser importante como antigamente. Já o mercado de tanques vem mostrando uma boa evolução, em função do mercado de biodiesel que projeta um crescimento de 3% no ano. Outro mercado em franca recuperação é a linha de furgões, principalmente de duralumínio. O produto ganhou força na pandemia, no transporte de medicamentos, mas deu uma arrefecida e agora voltou a crescer.

Implementos Rodoviários - Tanque - Spricigo

“Fomos recompensados no mercado de pesados que cresceu 8% e cujos produtos tem um valor agregado muito maior”

Frota&Cia – Qual o seu balanço dos primeiros três meses do ano e as projeções para 2024?

José Carlos Spricigo – A gente enxerga que 2024 começou muito bem, mas é cedo para fazer projeções para o ano. Acreditamos que a partir de abril será possível ter uma visão mais assertiva do que vai ser 2024. Mas, tudo caminha para ser um belo ano, por conta de inúmeros fatores. O IPCA está bem controlado e dentro da meta e a tendência é de redução dos juros de financiamentos, o que é bem importante para o nosso negócio. Além do mais, os caminhões Euro 6 já passaram pelo período de adaptação de preço e isso vai ajudar na renovação da frota. As montadoras prometeram uma redução no consumo de combustível com essa nova tecnologia e tudo isso deve beneficiar os transportadores.

“A gente enxerga que 2024 começou muito bem, mas é cedo para fazer projeções para o ano”

Frota&Cia – Vamos falar um pouco da atuação da Anfir. Quais são as principais bandeiras defendidas pela entidade nos dias atuais?

suspensão pneumáticasJosé Carlos Spricigo – Nossa bandeira primordial é segurança. Temos feito um trabalho conjunto com o Senatran e participado de todas as câmaras temáticas do órgão. Graças a isso estabelecemos novas regras relacionadas ao controle de estabilidade, a partir de 2025, como o uso do EBS (Electronic Brake System) em todos os implementos. Estamos defendendo também uma bandeira muito forte, em benefício do usuário, que é a adoção da suspensão pneumática, associada a um incentivo de 5% para as empresas que utilizarem o mecanismo, como acontece nos países mais desenvolvidos. Se houvesse mais rigor em relação ao excesso de peso, isso contribuiria para uma maior renovação da frota e menos acidentes. Por fim, também estamos trabalhando a parte tributária do setor, com o objetivo de estender a redução do IPI prevista no Programa Mover para a indústria de implementos rodoviários. 

“Nossa bandeira primordial é segurança. Temos feito um trabalho conjunto com o Senatran e participado de todas as câmaras temáticas do órgão”

Frota&Cia – Como você define o atual estágio tecnológico dos implementos rodoviários produzidos no país?

José Carlos Spricigo – Temos tentado acompanhar a dinâmica das novas tecnologias, mas é preciso vencer barreiras. Como ocorre com o eixo elétrico que vem sendo testado por algumas empresas. Apesar de ainda ter um valor muito elevado, o produto oferece um ganho de eficiência energética e deve ficar mais acessível, quando ganhar escala. Nós sabemos que é preciso entregar mais informações ao provedor da carga. Como os sistemas que já controlam a temperatura e a pressão dos pneus da carreta e ajudam a reduzir os custos do transporte e proporcionar maior competitividade no frete. Então esse é um caminho sem volta. É preciso avançar nessas tecnologias, como a conectividade e a telemática, que certamente irão trazer grandes benefícios para o usuário final do produto.

Frota&Cia – Para concluir, qual a expectativa do setor em relação à Fenatran 2024, que acontece em novembro próximo?

José Carlos Spricigo – A Fenatran é uma feira que no passado era muito institucional, mas hoje é uma feira de negócios. É um evento que exige um investimento muito alto e esperamos ter um bom retorno. Nossa expectativa é vender 22.000 implementos da linha pesada na feira e mais 15 mil da linha leve. Isso representa cerca de três meses de produção, o que garante já sair com o primeiro trimestre vendido. Acho que será um grande evento e uma grande oportunidade de promover uma confraternização com todos os clientes e associados da entidade.

“Nossa expectativa (na Fenatran) é vender 22.000 implementos da linha pesada na feira e mais 15 mil da linha leve”

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