O Departamento de Estradas de Rodagem de São Paulo (DER-SP), ligado à Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), está utilizando em todas as suas 14 coordenadorias regionais o Sistema de Alerta de Risco de Propagação do Fogo (SARP Fogo) — uma ferramenta inédita no país que identifica e classifica trechos de rodovias conforme o risco de incêndios. A iniciativa reforça a Operação SP Sem Fogo, que atualmente está na fase vermelha, de maior perigo, com ações preventivas e de combate a queimadas.
Como funciona o SARP Fogo?
Desenvolvido por técnicos do DER-SP, o sistema é o primeiro no Brasil voltado especificamente para prevenir incêndios em áreas próximas às rodovias. Ele funciona como um painel digital interativo, atualizado mensalmente, que reúne diversos dados em um mapa georreferenciado. Esse mapa é exibido no Centro de Comando e Controle (C2C) do órgão — uma estrutura moderna inaugurada em 2024 para monitorar os mais de 12 mil km de estradas sob gestão do DER-SP.
O sistema foi baseado em estudos aplicados originalmente em áreas protegidas da América do Sul e utiliza uma metodologia inovadora. Ele cruza diversas variáveis ambientais como dados meteorológicos incluindo precipitação e umidade do solo, além de analisar as condições da vegetação como saúde das plantas e histórico de queimadas. Para garantir precisão, o sistema também incorpora imagens de satélite fornecidas por instituições como Inpe, NOAA, NASA e MapBiomas.
Trechos críticos identificados
Nas últimas análises realizadas pelo sistema, poucas áreas apresentaram risco alto, com a maioria concentrada na região de Ribeirão Preto. Entre as 505 rodovias constantemente monitoradas, apenas 14 trechos receberam essa classificação mais severa. Esses locais incluem vias em municípios como Aramina, Buritizal, Cristais Paulista, Franca, Igarapava e Ituverava, onde as condições ambientais se mostraram mais propícias à propagação de incêndios.
Quando um determinado trecho é identificado como perigoso, o DER-SP imediatamente aciona um protocolo de ações preventivas. Isso inclui comunicação direta com o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil para alerta prévio, além de intensificar as inspeções na área. Medidas físicas também são implementadas, como roçadas emergenciais e criação de aceiros — aquelas faixas de terra estrategicamente limpas que funcionam como barreiras naturais para conter o avanço das chamas.
Investimentos em prevenção
O combate aos incêndios tem recebido atenção especial e investimentos significativos do DER-SP. Apenas no mês de junho de 2025, o órgão destinou R$ 14,6 milhões para diversas ações preventivas. Esses recursos foram aplicados em serviços essenciais como roçada mecânica, que atingiu mais de 3,2 mil hectares, e roçada manual, abrangendo outros 2,2 mil hectares. Além disso, foram realizadas operações de limpeza nas margens das vias e nos sistemas de drenagem, eliminando material combustível que poderia alimentar possíveis incêndios.
A estrutura operacional também foi reforçada através de novos contratos que garantiram a disponibilização de 56 caminhonetes equipadas com autobombas — veículos essenciais para o primeiro combate às chamas. Outro avanço importante foi a contratação de 224 brigadistas especializados, aumentando significativamente a capacidade de resposta rápida em caso de emergências.
“O SARP Fogo representa mais um avanço em nossa estratégia para enfrentar os riscos de incêndio, que se intensificam nos meses de estiagem. Mantemos um trabalho contínuo de limpeza nas áreas próximas às rodovias, transformando essas faixas em verdadeiras barreiras naturais contra a propagação do fogo”, explica Sergio Codelo, presidente do DER-SP.