Vendas de minibus salvam mercado de veículos utilitários

Impulsionados pelas ambulâncias, licenciamentos de vans acusam um crescimento de 62% no biênio anterior, bem acima da média das furgonetas e furgões de carga que apresentaram recuo no período

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Depois de alcançar o fundo do poço em 2017, quando apenas 32 mil unidades foram licenciadas, o mercado brasileiro de veículos utilitários voltou a apresentar números mais consistentes de lá para cá. Nos últimos quatro anos, a média de emplacamentos alcançou a marca de 62 mil veículos, incluindo as furgonetas e camionetas de carga, os furgões e as vans de passageiros. Apenas no ano passado o segmento acusou uma retração da ordem de 2,5%, totalizando 64 mil utilitários, segundo o Renavam.

Apesar do leve recuo, o tamanho do mercado agradou as montadoras de veículos utilitários que disputam o segmento. Entrevistados por Frota&Cia para compor o Panorama 2022/2023 do Mercado de Veículos Comerciais, executivos das fábricas revelaram que os volumes do ano passado foram satisfatórios, se comparado com o ano de 2020 em plena pandemia, quando os licenciamentos recuaram para 56 mil unidades.

“A pandemia impactou fortemente o transporte de passageiros, em especial o segmento de minibus, ao obrigar que todas as pessoas ficassem em casa para evitar o contágio pelo vírus”, lembra Fábio F. Silva (foto), gerente de Vendas da Mercedes-Benz Cars & Vans. Por sorte, ressalta o executivo, houve um crescimento muito forte do e-commerce, que impactou positivamente os segmentos de furgão e chassi-cabine.

“Para completar, no ano passado, houve uma readequação daquele efeito pandemia e um dos reflexos foi segmento de van de passageiros que voltou a crescer de forma intensa”, comenta o gerente, satisfeito com o salto de 1,2 mil para 3,6 mil unidades licenciadas da Sprinter Van no último biênio. Um feito que garantiu à marca o Prêmio Lótus Campeão de Vendas 2023 na categoria, pelo quinto ano seguido.

Em que pese essa conquista, a Mercedes-Benz não conseguiu repetir o desempenho no segmento de furgões e chassi-cabine, que acusaram uma redução no volume de emplacamentos. “O resultado nos furgões foi um pouco inferior ao de 2021, motivado por pontos estratégicos internos”, reconhece Fábio Silva, sem precisar detalhes. “Já no segmento de chassi, onde ocupamos o terceiro lugar no ranking de fabricantes, saltamos de 16, 2% para 20,5% de participação”, rebate o executivo. Ele atribui a aumento de share à campanha promovida com a intenção de mostrar a robustez da Sprinter Truck que resultou em bons frutos.

 Virada do mercado

Vitor Bastouly (foto), gerente de Marketing de Produto da Renautl, faz coro com seu rival na indústria, ao admitir as perdas no período da pandemia, agravadas com a falta de peças e componentes que provocou sérios atrasos na produção. “Felizmente, o biênio 2021/2022 marcou a virada do mercado de utilitários, tanto em furgão como chassi cabine. Sem contar os minibus que se beneficiaram da retomada do turismo, depois de ter sido o segmento que mais sofreu com a pandemia”

Líder histórica no segmento de furgões, a Renault reafirmou o seu favoritismo no segmento ao conquistar, pelo sétimo ano consecutivo, o título de “Furgão do Ano” atribuído pelo Prêmio Lótus 2023, por conta das quase 7.600 Master Furgão licenciadas no ano passado. Porém, a exemplo da sua rival, a montadora instalada no Paraná amargou uma redução dos volumes nos demais segmentos. “Crescemos bem nos furgões, é verdade, mas no chassi cabine mantivemos a estabilidade. Já no minibus é um mercado que vem crescendo e retornando à normalidade”, justifica Bastouly.

O executivo admite que a indústria ainda sofre com a crise de componentes e a disponibilidade de peças, já que algumas são importadas. Sem contar a crise mundial de contêiner de transporte, que obriga a indústria a “se virar” para resolver o problema, sem impactar o cliente final. “Hoje a questão está mais estável, pois aprendemos a jogar o jogo. Mesmo assim, ainda existe uma briga forte pelos microcomponentes no mundo todo”.

A Iveco, por sua vez, também garantiu o seu quinhão no mercado de utilitários ao conquistar, pela terceira vez, a liderança no segmento de camionetas de carga ou chassi-cabine. Tudo por conta do bom desempenho da Daily Chassi, que somou 3.216 unidades licenciadas no ano passado. “A linha Daily registrou market share de 40,4%, o nosso melhor resultado dos últimos oito anos. E o Daily 35 chassi-cabine foi o veículo leve mais vendido no país, um sucesso nos números alcançados e também na aceitação do público”, comemora Ricardo Barion (foto), diretor Comercial da Iveco Mercado Brasil.

A conquista do Prêmio Lótus 203 pela Daily, na categoria camioneta de carga, também foi festejada pelo executivo. “Estamos muito honrados com a premiação, porque é um importante reconhecimento dos nossos investimentos e trabalho árduo em produzir veículos com foco total no cliente”, afirma com orgulho. O foco agora, segundo Barion, é manter essa liderança, fundamental para o crescimento contínuo e sustentável que a empresa vem apresentando nos últimos anos.

Outro destaque no ano foi o Fiat Fiorino que, mais uma vez, se manteve no topo do segmento de Furgonetas de Carga, com quase 70% de participação nesse mercado. O feito rendeu a esse pequeno notável duas certificações no Prêmio Lótus Campeão de Vendas 2023, a primeira pela liderança reafirmada no segmento e a segunda, na categoria especial, por ter sido o modelo recordista da premiação, com nada menos que 28 cobiçados troféus. “Acreditamos que o Fiat Fiorino tenha vencido tantas vezes no Prêmio Lótus, se tornado referência entre os veículos comerciais leves e líder do segmento de B-Vans com 86% e no segmento total de furgões com 33% de participação de mercado porque proporciona uma experiência positiva aos proprietários que confiam no modelo”, explica Hugo Domingues, diretor da Marca Fiat.

 Manutenção dos números

Em relação à 2023, os fabricantes apostam na manutenção dos números do mercado passado com pequenas variações para cima ou para baixo. “ Estamos com uma expectativa positiva para 2023. O turismo tende a manter a retomada pois é um mercado em que o Brasil é forte e está voltando. E o last mille, por sua vez, deve continuar aquecido. O brasileiro é um povo empreendedor e isso favorece muito o nosso público”, vaticina Vitor Bastouly, da Renault. Ele reconhece que é um ano de grandes mudanças no país e de retomada na economia, mas mantém seu otimista

O mesmo acontece com a Mercedes-Benz Cars & Vans, na visão de seu gerente de Vendas. Fábio Silva reconhece que o segmento de chassi está apresentando uma queda nesses primeiros meses do ano, mas o mercado deve ficar igual ao do ano passado. “Já no segmento de furgões acreditamos em um ligeiro crescimento, por conta da demanda principalmente de ambulância. Da mesma que as vans de passageiros ainda tem bastante espaço para crescer”, afirma o especialista, que projeta uma expansão dos volumes na faixa de 5% a 10% para esse ano.

 

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