Uso da capacidade na indústria atingiu o pior nível desde 2009

Resultados de outubro mostram produção em queda

Resultados de outubro mostram produção em queda

A produção industrial brasileira registrou em outubro mais um mês de desempenho fraco e o acúmulo de estoques pode prejudicar ainda mais a produtividade do setor.

O nível de utilização efetiva da capacidade de produção das fábricas atingiu o pior nível desde junho de 2009, de acordo com sondagem elaborada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O indicador de produção ficou em 48,8 pontos, praticamente o mesmo patamar de setembro (48,6). Leituras abaixo de 50 pontos representam evolução negativa do índice.

“Os indicadores de outubro mostram um cenário negativo para a indústria. A atividade está desaquecida, a produção caiu e os estoques de produtos finais aumentaram”, afirmaram os técnicos da entidade na pesquisa, divulgada ontem, que ouviu 1.864 empresas.

De acordo com a CNI, o indicador que mede os estoques industriais subiu em relação ao que foi apurado em setembro. Esse acúmulo de produtos na prateleira pode reduzir ainda mais a produtividade do setor nos próximos meses.

“Prevíamos que a produção seria fraca para ajustar os estoques. Mas, mesmo com a retração, as empresas continuam acumulando mercadorias”, afirmou Marcelo Azevedo, economista da entidade.

Desânimo. O início do último trimestre do ano em ritmo fraco prejudica, segundo a CNI, as expectativas de desempenho para os próximos seis meses, isto é, com impactos no primeiro trimestre do ano que vem. “O otimismo com relação à evolução da demanda é cada vez menos disseminado na indústria”, disse Marcelo Azevedo.

Outro aspecto que preocupa a entidade é o comportamento do trabalho. O indicador atingiu 49,1 pontos no mês passado ante 50,3 pontos em setembro. “Apesar de se encontrar próximo da linha divisória dos 50 pontos, a redução do índice de emprego já chama a atenção, por ser um dos últimos indicadores a sentirem o reflexo de mudanças”, disse Azevedo. “A maioria dos setores analisados na pesquisa já começa a reduzir seu quadro de pessoal.”

Os indicadores de expectativa em relação à compra de matérias-primas e exportações também registraram leituras abaixo de 50 pontos, o que sinaliza pessimismo dos empresários da indústria.

Apesar das expectativas serem afetadas por efeitos típicos do fim do ano, uma vez que as encomendas para as vendas de dezembro já foram feitas, o sentimento registrado no levantamento no início de novembro está muito abaixo do verificado no mesmo período de 2010. “Com os estoques se acumulando significativamente, não faz sentido as empresas comprarem matérias-primas nem contratar”, ponderou Azevedo.

O Estado de S.Paulo

Compartilhe nas redes sociais

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor, entre com seu comentário
Por favor, entre com seu Nome aqui!