Transvias aposta na confiança como estratégia para a sobrevivência

"A gente tem muita história e essa é justamente a vantagem" diz Célio Martins, executivo da empresa

Setenta e dois anos de existência, 8 mil transportadoras cadastradas, incontáveis mediações de frete feitas e uma participação única na história do transporte rodoviário de cargas (TRC) do Brasil. Esse é o Transvias, o guia de transportes que atravessa gerações e aposta na confiabilidade e reputação construída para continuar no mercado.

Tamanha longevidade impressiona, ainda mais no atual momento onde vemos muitas plataformas digitais surgindo no TRC, com o objetivo de fazer a ponte entre quem oferta cargas e quem transporta. Diferente das maiorias dessas plataformas novatas, o Transvias funciona apenas como guia de transportes e não fazendo a intermediação do frete. Ou seja, a renda vem da publicidade e não das transações. 

Transvias - Célio Martins
Célio Martins

Célio Martins, diretor do Tranvias e na empresa desde 2009, comenta sobre a trajetória de sete décadas e explica como continuar sendo referência no setor ainda hoje, com tanta concorrência. Segundo ele, a chave de tudo é a confiança.

“A gente tem muita história e essa é a justamente a vantagem. O mercado de transporte sofre muito com a falta de confiança. Quando você fecha o negócio, você está confiando demais naquele profissional e busca uma tranquilidade. Temos clientes há 30, 40 anos por aqui e acredito que esse é o principal ponto.”

Grande parte da economia e história brasileira passa pelo TRC. Em todo esse tempo de funcionamento, o Transvias já vivenciou todo tipo de problema, invenção ou situação que dê pra imaginar. Tamanha experiência acaba fazendo a diferença para o embarcador, segundo Célio.

Processo de atualização

Quando a empresa nasceu, não existia nem a ideia de algo parecido com a internet. Eram milhares de pilhas de guias impressos que circulavam por todo o Brasil informando as opções de transportadoras disponíveis para cada trajeto. O auge do impresso foi entre os anos de 70 e 80, quando o Transvias chegou a ter uma edição especial só para São Paulo e outra para o Rio de Janeiro.

Transvias
Edição de 2023 do Transvias

Célio nem consegue dizer um número exato de exemplares por ano naquele período, mas garante que infinitamente menor que os 15 mil atuais. Apesar de manter o guia impresso até os dias de hoje, o Transvias só faz uma ou duas edições por ano, a depender de sua programação.

O diretor explica que, na realidade, o que mudou mesmo foi o formato. “O produto base continua o mesmo, porém na versão digital. O bom é que na internet não temos a limitação física que existia antes (por exemplo, a possibilidade de publicar rotas interior-interior). Tudo é muito mais detalhado e atualizado a cada dia. O anunciante que aparece no portal, também vai estar na revista.

A edição impressa atualmente é mais focada no estado de São Paulo e leva os mesmos anunciantes que o portal online. Segundo Célio, os clientes não tem um perfil único. “Ele é bem variado. Desde grandes transportadoras com estrutura, até o pequeno transportador ou o caminhoneiro autônomo. Tem gente há 30 anos e pessoas que na verdade nem começaram a operar ainda. Já teve gente aqui que veio abrir cadastro no Transvias, mas ainda tava escolhendo sede, comprando caminhão… Aqueles trâmites de começo, sabe? Não tinha nem o CNPJ totalmente aberto, mas já estava nos procurando”. 

Transição natural

O processo de digitalização de algum serviço costuma ser conturbado. O próprio jornalismo passou por isso. Entretanto, o diretor explica que no caso da Transvias, foi uma transição mais natural do que traumática. “Nós começamos na internet em 96, mas não existe um marco tão claro de quando ela passou a ser mais importante que o impresso por até hoje são um produto só. O transportador que anuncia no Transvias não quer saber em qual a plataforma irá aparecer, ele quer fechar o negócio.”

Na realidade, as maiores crises que a plataforma enfrentou foram as geradas pelos ciclos econômicos brasileiros, como o Plano Collor, o Plano Bresser, o Plano Real, entre outros.  “De modo geral, alguns aspectos naturais do setor, como burocracia, impostos, esse tipo de coisa, é o que gera alguma dificuldade para o nosso negócio, mais do que qualquer transição que tenhamos passado.”

Transvias
Layout atual do Transvias

Ser tradicional é bom

Se o transporte rodoviário de cargas é um segmento que atravessa gerações, o mesmo acontece com o Transvias. Existem segmentos no Brasil onde a modernidade se coloca à frente da tradição, mas normalmente não é assim no TRC. Célio cita uma conversa que exemplifica isso. 

“Eu estava numa feira e um jovem, sei lá, 22 anos, me falou ‘olha, eu consulto o Transvias na internet todos os dias. E quem me indicou foi o meu avô que nem sabe usar o computador. Ele só usava o guia impresso e foi me indicar algo que eu já usava na internet.” Ele completa: “então, imagina quantas transportadoras passaram essa informação pra frente? Essa também é nossa força. Se você faz uma coisa há 72 anos, alguma coisa certa tem”, finaliza o executivo. 

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