Rodovias ainda são desafio à área de cargas

    Falta de qualidade fez aumentar 25% o custo do transporte

    A rodada de concessões rodoviárias do ano passado, que somaram cinco trechos com deságio médio de 40%, ainda é apenas uma pequena faísca para que o setor caminhe com competitividade e ajude a reduzir o alto custo do frete no País. O investimento público no setor ainda é muito abaixo de países com rodovias em melhores condições, como Estados Unidos e China, segundo dados da Confederação Nacional dos Transportes (CNT). Com a falta de qualidade das estradas, o resultado é um custo 25% maior para transportadoras.

    De acordo com especialistas e empresários, os leilões de 2013 – que levaram à iniciativa privada 4,2 mil quilômetros de rodovias federais – ainda não representarão uma melhoria do preço do frete de maneira imediata. “As concessões contemplaram boa parte da região central do País, mas a obrigatoriedade de duplicação tem prazo de cinco anos, o que não resolve os problemas de custos imediatamente”, diz José Carlos Abreu, presidente da empresa mineira Transporta Log.

    Segundo o executivo, as más condições das estradas, somada à nova lei do caminhoneiro e o acesso difícil aos portos do País são os fatores que mais contribuem para um aumento exponencial no preço do frete. “Meu custo fica até 20% a cima do que deveria em função das horas a mais que o caminhoneiro fica parado no porto, e os problemas das estradas, que atrasa o transporte e gasta mais gasolina”, afirmou.

    A opinião do executivo vem em linha a um estudo da CNT, que aponta que, em rodovias deficientes, a alta do custo da manutenção dos veículos e consumo de combustível, lubrificantes, pneus e freios geram um custo extra de 25% para a transportadora. “Se o pavimento de todas as rodovias tivesse classificação boa ou ótima, em 2013, seria possível uma economia de 5% no consumo de combustível, o que representaria 661 milhões de litros de diesel, ou R$ 1,39 bilhão”, diz o presidente CNT, Clésio Andrade.

    O estudo aponta ainda que hoje as estradas do País respondem por 65% da movimentação de cargas e 90% da movimentação de passageiros, o que torna ainda mais necessário uma ampliação contínua das rodovias. Para se tornar competitiva, a CNT aponta a necessidade de duplicação de 30 mil quilômetros de rodovias. “É preciso também a construção de 18 mil quilômetros. O investimento necessário para atingir essa meta seria de R$ 355 bilhões”. Este ano a presidente Dilma Rousseff anunciou uma nova rodada de concessões de rodovias. Ao todo, serão 2,6 mil quilômetros que irão contribuir para o escoamento, sobretudo, da safra agrícola da Região Centro-Oeste e produtos de agropecuária oriundos do Sul do País.

    Para o engenheiro civil e diretor da Brazil Road Expo 2014, Guilherme Ramos, a media foi bem recebida pelo empresariado, principalmente por ser através de concessão à iniciativa privada. “Essa medida foi vista com bons olhos, já que a principal característica dessas parcerias é a velocidade na finalização dos projetos, diferente das obras tocadas pelos governos que costumam ser mais morosas”, disse. “Mesmo com o apoio da iniciativa privada, o Brasil investe pouco em rodovias. Até outubro do ano passado o governo federal autorizou R$ 12,7 bilhões para aporte em rodovias. Desses, apenas 33% – ou R$ 4,2 bilhões – foram efetivamente repassados”, fala Joaquim Mourão, professor de engenharia civil da Universidade Federal do Paraná.

    Em 2012 foram autorizados R$ 18, bilhões e pagos R$ 9,4 bilhões (ou 50,3%). “Muito do repasse não sai por problemas burocráticos e de documentação. É preciso destravar o setor para que, junto com a iniciativa privada, as rodovias cresçam”, diz o acadêmico.

    FONTE: GUIA DO TRANSPORTADOR

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