Produção de veículos no ano será ao menos 11% menor que 2015

    Há poucos dias, o presidente da Renault para a América Latina, Olivier Murguet, resumiu o sentimento que envolve o brasileiro da classe média e que o mantém afastado de alguns sonhos de consumo. “Com a crise de confiança o consumidor fica com o que tem. Não troca o carro, a televisão ou a geladeira”. A percepção do executivo francês reflete o quadro na indústria automotiva hoje e explica por que, ao contrário do que muitos esperavam nesse setor, as vendas não reagiram em novembro, mês tradicionalmente bom para desovar estoques de veículos novos.

    A ausência de confiança do consumidor trava toda uma indústria ainda altamente dependente do mercado doméstico. Em torno de 77% dos veículos produzidos no Brasil este ano serão vendidos no próprio país.

    A direção da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos (Anfavea) insiste em apontar problemas de abastecimento enfrentados pela Volkswagen ao longo do ano como a causa principal para resultados abaixo do calculado pela entidade em meados do ano. Mas praticamente todas as marcas chegaram a um mês do término do ano com queda de volumes de vendas. De janeiro a novembro, o mercado encolheu mais de 21%.

    A duras penas e graças a um esforço concentrado nos dois últimos meses do ano, a indústria automotiva conseguirá produzir em 2016 um pouco mais de 2 milhões de veículos, o que representará uma queda de pelo menos 11% na comparação com 2015 e de mais de 40% em relação a 2013, o melhor ano dessa indústria.

    Apesar do quadro negativo, nos últimos dias surgiu uma nova onda de programas de investimentos no setor, como é o caso da MAN Latin America e da Toyota.

    Ao contrário da época de euforia, as montadoras não precisam mais investir em expansão da capacidade. Estão, aliás, longe de ocupar a capacidade atual, com 7,4 mil funcionários em sistema de “layoff” ou Programa de Proteção ao Emprego (PPE), que afastam o operário temporariamente do trabalho ou reduzem a jornada. Mas, para a maioria dos dirigentes dessas empresas, um setor que tradicionalmente visa o longo prazo não pode cruzar os braços até a situação melhorar. “Num mercado tão competitivo ninguém pode ficar parado”, afirma o presidente da Anfavea, Antonio Megale.

    Fonte: Valor Econômico

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