O número de motoristas com a carteira nacional de habilitação (CNH) categoria D caiu de 3.530.447 registros em 2011 para 2.785.364 em 2023, de acordo com o Painel CNT do Transporte Rodoviário. Embora o número de motoristas de ônibus venha diminuindo ano a ano, gerando, inclusive, dificuldade para a contratação dessa categoria, a profissão melhorou muito com a chegada de novas tecnologias para os veículos.
“Nem em sonho eu poderia imaginar, há 28 anos, quando entrei na Viação Garcia e ingressei na profissão de motorista, que teríamos veículos com a tecnologia de hoje”, ressalta o monitor de motoristas da Viação Garcia/Brasil Sul, Agnaldo Luiz Domingues, ao afirmar quanto a profissão, hoje, está mais confortável para atuação.
Era comum, por exemplo, que os profissionais viajassem por horas, sem ar condicionado, ao lado do motor do veículo. “Antigamente as cabines onde os motoristas ficavam eram muito quentes, recebiam todo o calor do motor. Os ônibus não tinham os recursos de refrigeração de hoje, eram pouco confortáveis. Até o barulho do motor era um incômodo”, explica Domingues.
Direção e segurança
Além do conforto, a segurança também é um dos fatores que apresenta, atualmente, significativa melhora com o uso de novas tecnologias. Segundo José Luiz Gaigher, motorista Instrutor, e Davidson Martins Ronceti, gerente técnico de Manutenção, ambos da Viação Águia Branca, “o processo de direção como todo era totalmente manual e mecânico. Com a chegada dos motores eletrônicos dirigir começou ficar mais confortável para o motorista. Após a chegada dos câmbios automatizados ficou ainda melhor, sem falar de veículos com sistemas inteligentes de aceleração e redução de velocidade, tudo para reforçar ainda mais o processo de segurança”.
O monitor de motoristas da Viação Garcia destaca a diferença que isso faz para manter a segurança nas estradas. “Frenagem automática e de emergência, auxílio na condução de percursos em curvas, monitoramento da pressão e da temperatura dos pneus, análise de objetos até 200 metros com alerta, alarme no caso de saída involuntária da faixa de condução, controle eletrônico de estabilidade, entre outros”.
De forma detalhada, grande parte dos veículos, atualmente, conta com:
– ACC – Piloto automático adaptativo – que permite que o ônibus mantenha uma distância segura do veículo que vai à frente freando com informações passadas por um radar.
– AEBS – Sistema de frenagem de emergência – que funciona em conjunto com o radar do ACC que em casos emergenciais freia automaticamente
– EBS – Sistema eletrônico de freios – faz uma leitura da situação em que o motorista se encontra e aproveita da melhor forma possível todo o sistema de frenagem.
– LDWS – Sistema de Aviso de saída de faixa – é um sistema que funciona através de uma câmera e detecta transposição involuntária de faixa e emite alerta para o motorista
– ESP – Controle eletrônico de estabilidade – Corrige a trajetória do veículo em casos de perda de aderência dos pneus, através da frenagem independente de cada roda.
Isso tudo, sem levar em consideração os sistemas que garantem o conforto do próprio motorista. “Essa nova geração de ônibus oferece muito conforto ao motorista com a poltrona de espuma em formato de ‘concha’. Novos faróis, ampliação na visibilidade de obstáculos e sistema de câmeras com visão noturna”, lembra Domingues.
Para Gaigher e Ronceti, está mais saudável exercer a profissão após a chegada das melhorias atuais. Os profissionais também consideram esse fator um atrativo para a chegada de novos profissionais no setor. “Os motoristas estão cada vez mais entusiasmados com as novas tecnologias embarcadas, ficam ansiosos para operarem esses veículos nas rodovias”.
Benefícios para as empresas
Para as empresas, o custo de obter um ônibus altamente tecnológico é maior, mas os ganhos em manutenção e segurança fazem toda a diferença. “As tecnologias trazem benefícios diretos no processo de segurança nas viagens, sem falar da economia de combustível, elevação do tempo de vida útil dos componentes e pneus”, explicam os profissionais da Águia Branca.
O monitor de motoristas da Viação Garcia também lembra dos novos ônibus com tecnologia Euro 6, que além de todas as melhorias já mencionadas, reduzem os fatores poluentes na atmosfera.
Conforto dos passageiros
Para os passageiros não foi diferente. Uma viagem de 12h, por exemplo, agora é feita com total conforto e segurança. “As poltronas são muito confortáveis, algumas contam até com massageadores e acabamentos modernos. Permitem várias posições de inclinações, com ajustes mais precisos. O sistema de iluminação em LED permite ajustes de cor e intensidade de acordo com as condições naturais da noite e do dia”, lembra Domingues.
Gaigher e Ronceti ressaltam também o processo de comunicação da empresa com o cliente, que é mais rápido e fácil atualmente. “Hoje em dia ficou tudo mais prático, para os passageiros o processo de comunicação com a empresa conta com uma diversidade de canais, assim como a facilidade de comprar um bilhete de passagem”.
E vale lembrar que, se antes o conforto era um fator decisivo na comparação entre viajar de ônibus e avião, por exemplo, hoje é indiscutível que longas viagens rodoviárias não são mais uma grande questão, principalmente se levarmos em consideração o aumento nos preços das passagens de avião. Hoje em dia, os ônibus estão aptos a diferentes modalidades de conforto (leito-cama, leito, executivo, etc).
Nova era para a profissão
Os profissionais certamente têm um novo olhar da profissão atualmente, visto que a qualidade de vida melhorou muito. Mas Domingues também lembra que tudo isso chegou com uma exigência de buscar mais conhecimento. “É preciso buscar orientações com instrutores e até mesmo com os fabricantes para tirarmos o maior proveito possível da tecnologia. Meu pai também foi motorista da Viação Garcia, entre 1971 e 1997, e se fosse conduzir hoje um desses novos veículos precisaria de muito treinamento. É completamente diferente”.
Acompanhar esse desenvolvimento, talvez, seja um dos maiores desafios, mas em troca de segurança, conforto e qualidade na atuação da profissão, os ônus têm se mostrado menores.
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