Marcopolo anuncia o primeiro protótipo de micro-ônibus autônomo do setor

Integrado no Volare Attack 8, veículo foi projetado em parceria com a Lume Robotics para transitar em circuitos fechados de baixa velocidade

O futuro da mobilidade já chegou na Marcopolo. Tomando a dianteira em meio ao concorrido setor de ônibus, o conglomerado gaúcho, com sede em Caxias do Sul (RS), anunciou na quarta-feira, 14, o seu primeiro protótipo de micro-ônibus autônomo, por meio da Marcopolo Next, área responsável pela inovação da empresa a uma plateia seleta de jornalistas e profissionais que contribuíram para viabilizar o projeto. Concebido em parceria com a Lume Robotics, startup brasileira de mobilidade, o protótipo integrou o micro-ônibus Volare Attack 8.

O CEO da companhia, André Vidal Armaganijan reforça os princípios que consolidaram a Marcopolo como um indiscutível polo de inovação do setor de transportes no país. “Investimos em soluções pensadas nos passageiros, nos desafios das cidades modernas, e o veículo autônomo é um exemplo de inovação alinhada a uma tendência global”, afirma.

A concepção do projeto exigiu dois anos de desenvolvimento para se chegar a um modelo que opera de forma completamente autônoma, sem a necessidade de intervenções ou monitoramento remoto. Segundo a empresa, a tecnologia pode ser programada para operar na faixa ideal de eficiência, o que permite redução no consumo de combustível e na emissão de poluentes, com alto nível de segurança e conforto.

Alexandre Cruz, líder de investimentos, inovação e novos negócios da Marcopolo Next observa que o “momento que o autônomo está agora é de certa forma naquele que a eletrificação estava há dez anos atrás. Essa razão pela qual que começamos o trabalho há dois anos. Logo teve demanda de empresas. Teve parceiros como Arcelor e outros. Aquilo que há dois anos era filme de ficção agora está se tornando realidade”, afirmou o executivo durante a sua exposição.

Nacionalização

Outro detalhe que chama a atenção no protótipo está no nível de nacionalização das peças, que está em torno de 80%. O setor de mineração deve ser um dos primeiros a adquirir o veículo.

O desenvolvimento do protótipo, com capacidade para 21 passageiros, tem apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (FAPES) e conta com um sistema robótico avançado para trafegar de modo autônomo em situações específicas, como circuitos fechados de baixa velocidade.

Para Rânik Guidolini, diretor executivo da Lume Robotics, o primeiro micro-ônibus autônomo do hemisfério sul é um marco tecnológico. “Estamos falando de um projeto capaz de entregar ganhos de segurança e eficiência operacional aos sistemas de mobilidade”, avalia.

O desenvolvimento ainda tem parceiros como a Curtis-Wright, para a instalação da seletora elétrica de câmbio, e a Soha, startup especializada em Internet da Coisas (IoT), que desenvolveu sensores para monitorar em tempo real a ocupação das poltronas e o uso do cinto de segurança.

Período de testes

Os ciclos de testes do protótipo iniciaram em dezembro de 2022. Com o sucesso da etapa inicial, ocorreu a primeira avaliação em ambiente operacional real em março deste ano, na siderúrgica ArcelorMittal Tubarão, selecionada como cliente-parceiro testador.

“Os primeiros estudos para o desenvolvimento do micro-ônibus autônomo reforçam o conhecimento e o potencial de inovação da engenharia nacional. Além disso, isso nos insere no seleto grupo de países que estudam a viabilidade da tecnologia, como Estados Unidos, Alemanha e China”, observa João Paulo Ledur, diretor de estratégia e transformação digital da Marcopolo.

Escolha pelo Volare

A tecnologia autônoma pode ser aplicada em qualquer um dos ônibus da Marcopolo, desde que tenham câmbio automático, no entanto o Volare Attack 8 foi considerado ideal para essa etapa dos estudos por ser versátil e consagrado no mercado. Todo o hardware e software são embarcados diretamente no veículo e dispensa a necessidade de conexão com a internet, reforçando a segurança cibernética do protótipo, uma vez que todas as funções de condução são feitas sem acesso à internet.

Foram instalados módulos de comando elétricos e pneumáticos para controlar a direção, freios, acelerador e câmbio. O veículo conta ainda com um computador de processamento de dados e um conjunto de sensores – composto por quatro LiDAR (Light Detection and Ranging – Detecção e Medição de Distância por Luz), instalados nas laterais dianteira e traseira, uma câmera, unidade de medição inercial (IMU) e GPS – que possibilitam observar o ambiente ao redor, como velocidade instantânea, estado do câmbio, nível de combustível, possíveis falhas, entre outros. Todos os dados são passados para o computador de processamento de dados, que comanda o funcionamento do micro-ônibus.

Experiência com o autônomo sem motorista

A apresentação do protótipo também incluiu a experiência de percorrer um curto percurso nas dependências da Marcopolo. À primeira vista, o que se pode constatar durante o passeio feito por essa repórter, foi a absoluta normalidade durante o itinerário. A IA faz as curvas com precisão e não se nota diferença alguma no manejo no volante em comparação a um motorista humano. O veículo cumpriu o itinerário com tranquilidade. A demonstração com imagens em um telão permitiu aos passageiros a bordo visualizarem a forma pela qual a IA elaborava a  movimentação da direção. Por fim, foi um passeio que não deixa dúvidas de que o comando da condução estava em “boas mãos”.

A repórter viajou até Caxias do Sul a convite da Marcopolo. 

 

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