Exportação de veículos cai e tem o segundo pior resultado em 10 anos

Argentina e México foram os principais ‘vilões’ da balança comercial; setor prevê nova retração neste ano

Argentina e México foram os principais ‘vilões’ da balança comercial; setor prevê nova retração neste ano

As exportações de veículos brasileiros interromperam em 2012 o movimento de recuperação dos últimos dois anos apesar da elevação do dólar e registraram o pior desempenho desde 2009, quando o mundo sentia os reflexos da crise financeira.

A retração de 20% no volume vendido ao exterior no último ano (442 mil unidades, o segundo pior resultado em dez anos) pesou sobre a atividade das montadoras, que tiveram a primeira queda anual na produção em dez anos: 1,9%.

Argentina e México foram os principais “vilões”. Os dois países respondem por mais de 80% das compras de carros brasileiros e reduziram os volumes adquiridos em 22% e 16%, respectivamente.

Enquanto no primeiro caso os problemas foram principalmente a desaceleração da economia e a adoção de barreiras comerciais, a explicação para o México pode ser os custos de produção menores no próprio país, diz o analista Rodrigo Nishida, da LCA.

“O ideal seria não depender tanto de um único país, mas aí [o setor] enfrenta problemas de competitividade.”

A Anfavea (associação das montadoras) prefere não citar países específicos e atribui a queda à persistência da crise global.

“Tivemos uma queda muito significativa em unidades como um reflexo da crise internacional que atingiu vários mercados que são destinos dos nossos produtos”, afirma o vice-presidente da Anfavea, Luiz Moan.

A entidade espera um novo recuo nas exportações em 2013, de 4,6%, previsão semelhante à feita no início do ano passado (queda de 5%).

Nos próximos meses, o setor terá ainda de negociar com representantes argentinos a renovação do acordo de livre comércio, que tem fim previsto para junho.

Representantes das montadoras preveem uma dura batalha para tentar conter a intenção dos vizinhos de elevar o protecionismo.

Previsão – O cenário é mais positivo para a produção neste ano, com expectativa de crescimento de até 4,5%, graças à retomada no segmento de caminhões e aos estoques menores de carros.

Já a venda interna deve desacelerar com o retorno gradual do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). O volume deve beirar 4 milhões, com alta de até 4,5%.

O benefício, adotado em maio, garantiu um adicional de cerca de 400 mil unidades no ano passado.

“As medidas adotadas, seja o IPI, seja o PSI [redução da taxa de juros para a compra de caminhões], provocaram uma venda que chamamos de 13º mês”, diz Moan.

O volume extra ajudou o setor a alcançar novo recorde, de 3,8 milhões de unidades, crescimento de 4,6%.

As vendas de máquinas agrícolas também atingiram marca histórica: cresceram 6,2%, para 65.323 unidades.

O setor de veículos, que responde por 20% do PIB industrial, terminou o ano com 149,9 mil funcionários, número 3,7% superior ao de dezembro de 2011.

Folha de S.Paulo

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