Empresa ferroviária é condenada na justiça por vagões abandonados no interior de São Paulo

População local conviveu com mais de 300 vagões sucateados e abandonados nos trilhos da ferrovia

Por mais de 30 anos a população de Iperó (SP) conviveu com mais de 300 vagões abandonados em torno da estação de trem da cidade. Os veículos eram de responsabilidade da ALL Logística, mas depois que a empresa foi incorporada pela Rumo, o problema passou de dono.

Mas recentemente a 1ª Vara de Boituva condenou a empresa Rumo, sucessora da ALL Logística e herdeira do espólio ferroviário abandonado no município, ao pagamento de R$ 9,2 milhões aos moradores dos bairros afetados de Novo Horizonte e Vila Santo Antônio.

Isso é equivalente a 10% da arrecadação do município em 2022, que será revertido para projetos de assistência à população carente local, além do pagamento de custas e despesasx processuais. Também foi determinado que a empresa nunca mais poderá voltar a usar o local como depósito de vagões abandonados e de sucatas de material ferroviário.

“Durante mais de 30 anos, o cemitério de vagões gerou todo tipo de problemas para população que morava nas imediações da estação. Lá se abrigavam pontos de tráfico e usuários de drogas, acampamentos de indigentes, focos de dengue e todo tipo de violência, como estupros e furtos, passando a ser um risco para os moradores, principalmente os mais carentes, que residiam e transitavam nas proximidades e ensejou uma série de medidas judiciais”, explica Solano Camargo, advogado e sócio da Lee, Brock, Camargo, que patrocinou a ação.

Perigo a céu aberto

Para Solano, além do drama humano, a decisão da Justiça atentou para a degradação ambiental, causada por piche e soda cáustica, materiais contaminantes que ficam a céu aberto, e de um tanque aberto, contendo restos de material preto e pastoso, sem qualquer sinalização, a 20 metros do Centro de Convivência dos Idosos do município.

“O meio ambiente também implica na saúde e bem-estar da população, por isso a Justiça determinou desde 2013 que a empresa se abstivesse de depositar novas sucatas e vagões, além de tomar medidas para descontaminação e limpeza do local, colocando um ponto final nesse drama”, completa Solano.

Segundo reportagem da época do Estadão, a ALL Logística começou a retirada dos 314 vagões sucateados. Mas depois de 2015, quando a ALL foi absorvida pela Rumo, isso pareceu ter sido pausado.

Em nota ao Estadão, a concessionária disse:

“Todos os vagões inativos de responsabilidade da empresa foram retirados do local há anos. Em relação à sentença proferida, a equipe jurídica da empresa está analisando seu conteúdo para adotar as medidas cabíveis”

Recentemente a ANTT recebeu a Rumo para debater atividades previstas para 2023.

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