A forte recuperação do mercado de carrocerias para ônibus em 2024, que alcançou sua melhor marca dos últimos onze, revelou uma surpresa no ranking de fabricantes. Pela terceira vez na história, a Caio assumiu a liderança no mercado brasileiro, apesar da empresa não atuar no segmento de ônibus rodoviário, atendido pela coligada Busscar. A Caio encerrou o ano com um total de 7.280 carrocerias produzidas, segundo a Fabus, volume 30% superior às 5,5 mil unidades fabricadas para o mercado interno em 2023.
A boa performance da empresa é resultado de uma conjunção de fatores favoráveis, que alavancaram as vendas de carrocerias para ônibus. Como explica Maurício Lourenço da Cunha (foto), vice-presidente industrial da Caio.
“Desde 2015, os operadores urbanos e rodoviários de transportes vivenciaram um longo período de crise, por culpa da economia e, mais tarde, da pandemia que afugentou os passageiros dos ônibus. Além disso, o volume de carros comercializados através do Caminho da Escola não alcançou os patamares antigos, pela dificuldade do governo de investir no programa”
Dois fatores
Segundo Cunha, isso tudo mudou em 2024, diante da necessidade de renovação das frotas urbanas e, sobretudo, da mega licitação para a compra de mais de 15 mil ônibus para uso no transporte escolar. “Nosso retorno como parceiro de fornecimento de veículos do programa colaborou, e muito, para essa condição diferenciada no ano passado”, completa.
A empresa, é claro, também fez a sua parte, ao contribuir com a oferta de produtos que conquistaram a preferência dos clientes, acrescenta Maurício. “Desde sempre, temos realizado um trabalho intenso de oferecer produtos inovadores, com qualidade e segurança, tanto para os operadores como para os passageiros. E que possuem alto nível de durabilidade, associado a um preço mais competitivo”.
“Se os mesmos fatores positivos continuarem ocorrendo, é possível estimar um crescimento de mercado de até 10% em 2025. Ou, no mínimo, de 5% a 10%, o que já seria um bom resultado”.
O avanço da eletrificação do transporte urbano também foi comentado pelo vice-presidente industrial da Caio. Ao seu ver, o avanço será gradativo, menos por culpa da indústria ou dos operadores. O impasse atual é resultado da falta de condições favoráveis de financiamento, já que é uma tecnologia muito mais cara e o preço atual das tarifas não paga. E, também, da necessidade de investimento na infraestrutura de energia elétrica para abastecer essa frota.