O transporte de encomendas via aplicativo vem aumentando a cada mês no Brasil. Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), prestadores de serviço delivery chegam a quase 600 mil pelo país. Com o setor em expansão, surgem novas tendências e tecnologias aplicadas ao serviço aos montes. O que podemos imaginar como próximos passos?
Ana Carolina Cabral, PO de entregas da Gaudium, empresa que produz soluções tecnológicas para o mercado de mobilidade urbana, destaca que nos próximos anos, movimentos que têm surgido de forma mais discreta devem ganhar impulso e se firmar, como é o caso da descentralização dos grandes aplicativos de entregas e do crescimento das entregas por mobilidade aérea. Essas tendências estão transformando o panorama da logística, promovendo uma abordagem mais diversificada e eficiente na distribuição de mercadorias.
Frota&Cia – Comenta mais sobre essa descentralização? Qual o resultado na prática?
Ana Carolina Cabral: Com a nossa tecnologia whitelabel, que pode ser configurada e personalizada de acordo com o modelo de negócio de cada cliente, cada um deles consegue atuar em suas cidades de forma também mais personalizada, de acordo com a realidade e as necessidades das cidades.
Ao meu ver, na prática isso significa a priorização da proximidade no atendimento e da promoção de serviços locais em detrimento da aderência exclusiva ao que é oferecido em escala nacional ou até internacional. Através da atuação dos nossos clientes vejo que isso já vem ganhando força. Ouvimos muitos relatos de estabelecimentos e comércios locais que dão preferência a utilizar esse tipo de plataforma. Dessa forma, é possível ganhar mais força onde os grandes aplicativos não operam.
Frota&Cia – E sobre entregas aéreas? O Brasil tem infraestrutura para isso?
Ana Carolina Cabral: Infraestrutura intencionalmente planejada para as entregas áreas ainda não, pois isso demanda investimento e criação de locais próprios para o controle e gestão dos drones utilizados nas entregas.
Mas infraestrutura orgânica, cidades cuja geografia pode facilitar a implementação dessas entregas eu diria que sim. Como é o caso de Salvador, onde já estão sendo implementadas entregas áreas para algumas ações específicas.
Frota&Cia – Quais as maiores dificuldades desse modal?
Ana Carolina Cabral: Dentre as dificuldades existentes para se operar nesse modal acredito que a maior seja a questão da regulamentação, para que sejam ações controladas e cresçam de forma a não prejudicar outros aspectos da cidade. Mas, para além disso, ainda existem as dificuldades
operacionais, para que os drones não causem acidentes urbanos, por exemplo, ou
problemas ambientais relacionados ao barulho emitido por eles, além também das
limitações dos mesmos em relação às meteorológicas, que podem afetar os serviços
oferecidos.
Frota&Cia – A questão ambiental pode ser considerada aí?
Ana Carolina Cabral: Há muitos benefícios que podem ser adquiridos com este tipo de modal. O principal deles acredito ser o ambiental, mas relacionado a substancial redução de emissão de gases poluentes em função da diminuição também do deslocamento com os transportes. Mas, além disso, as entregas aéreas também proporcionam o ganho de velocidade nas entregas, e também a maior facilidade em atender locais de difícil acesso, o que é comum no cenário brasileiro.
Frota&Cia – Pensando em tecnologia, quais são as próximas ferramentas que serão agregadas ao setor de entregas?
Ana Carolina Cabral: Ao meu ver a inteligência artificial ainda tem muito a contribuir com esse setor. Principalmente quando se analisa de forma conjunta, atuando juntamente com as entregas aéreas, é possível que cada vez mais tenhamos processos automatizados e planejamentos estruturados com base em dados anteriores, capazes de prever demandas antes mesmo delas existirem. A inteligência artificial pode potencializar diversas etapas de do delivery e da logística, otimizando cada vez mais estes serviços
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