Ankai estreia no Brasil para rodar em áreas inexploradas pela eletromobilidade

Grupo SHC traz os ônibus elétricos da Ankai para rodar nos locais em que a concorrência não entra. Mas, já prepara ampliação do portfólio

Ankai OE-12 (Urbano, 12 m)
O ônibus Ankai OE-12 (Urbano, 12 m) foi usado para demonstração à imprensa.

A montadora chinesa Ankai estreou no mercado nacional com os seus ônibus elétricos por meio do Grupo SHC, que também representa a marca JAC. Inicialmente, o portfólio será composto por quatro modelos, sendo eles de 6 metros, 8 metros, 10 metros e 12 metros de comprimento. A estratégia é clara: iniciar por um mercado ainda inexplorado pela concorrência, que é o de veículos menores, capazes de levar a eletromobilidade para as periferias e áreas em que os grandes ônibus não chegam por causa de suas grandes dimensões.

A Ankai é uma das líderes mundiais em desenvolvimento, produção e vendas de ônibus movidos por energias renováveis, incluindo 100% elétricos, gás e hidrogênio. No Brasil, atuará, exclusivamente, com veículos elétricos equipados com baterias da chinesa CATL, maior fabricante de baterias do mundo com 37% da produção global, que possui seu centro de assistência técnica administrado pelo Grupo SHC.

Sergio Habib, presidente do Grupo SHC e da Ankai do Brasil.
Habib: “O transporte urbano de ônibus será totalmente elétrico no futuro. Mas, precisa de subsídios”.

Trouxemos os primeiros modelos 100% elétricos da JAC Motors em 2019, e imediatamente assumimos a liderança nas vendas de caminhões 100% elétricos, que são vistos corriqueiramente nos grandes centros urbanos do Brasil. Temos exatos 87% de todas as vendas realizadas de 2020 a 2023. E é também apoiada nessa vocação urbana que resolvemos investir nos ônibus 100% elétricos da Ankai”, explica Sergio Habib, presidente do Grupo SHC e da Ankai do Brasil.

Atualmente, a Ankai atua com os seguintes modelos: OE-6 (Micro, 6 metros), OE-8 (Mini, 8 m), OE-10 (Midi, 10 m), OE-12 (Urbano, 12 m). Todavia, a marca está pronta para brigar em mercados mais concorridos, com o OE-13 (Padron), OE-15 (Básico) e OE-18 (Articulado), além do exclusivo Double Decker (dois andares), com autonomia de acordo com o pedido de cada cliente (entre 250 km e 350 km). Todos são equipados com o sistema de condução semiautônoma ADAS, de mitigação de acidentes.

Entre as suas vantagens comerciais, o modelo OE-12 é duas toneladas mais leve do que os seus concorrentes tradicionais, pois se utiliza de carbono com liga de manganês em sua construção. A tecnologia, abundante na China, seria um equivalente quase da mesma qualidade que o aço com liga de nióbio. Essa diferença proporciona benefícios como melhor aproveitamento energético das baterias em 20%, maior capacidade de passageiros e menor desgaste aos pavimentos, por exemplo.

Ankai

O sistema anticorrosivo da carroceria é feito por imersão, semelhante à tecnologia empregada em carros de passeio, em que o veículo sai da fase de armação de chassi e carroceria e “mergulha” em tanques para ser pintado, em um sistema de cataforese (espécie de eletroforese).

Para maior segurança da operação, os ônibus Ankai são equipados com sistema semelhante ao BOS (Brake Override System) dos automóveis, que reconhece quando o pedal do acelerador e de freio são pressionados simultaneamente. Ele faz o freio prevalecer e ajuda a evitar acidentes.

A primeira fabricante de ônibus elétrico do mundo é a Ankai, que lançou o seu primeiro produto em 2003. Mas, a chinesa era mais conhecida por fornecer uma série de soluções para outras marcas do que por seus próprios produtos. Por exemplo, todos os ônibus Setra, da Daimler Buses, são produzidos pela Ankai. A fabricante possui, ainda, o maior centro de pesquisa e desenvolvimento de ônibus da China, local em que, praticamente, todas as marcas daquele país projetam e certificam suas próprias soluções.

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Performance

  • OE-6 – 190 kW (258 cv) de potência e 1.900 Nm (193,9 kgfm) de torque máximo. A bateria pode ser oferecida de 141 kWh a 210 kWh de capacidade máxima de carga.
  • OE-8 – 200 kW (272 cv) de potência e 2.500 Nm (255,1 kgfm) de torque máximo. A bateria pode ser oferecida de 210,6 kWh a 282 kWh de capacidade máxima de carga.
  • OE-10 – 245 kW (333 cv) de potência e 3.329 Nm (339,7 kgfm) de torque máximo. A bateria pode ser oferecida de 281,9 kWh a 338,4 kWh de capacidade máxima de carga.
  • OE-12 – 245 kW (333 cv) de potência e 3.329 Nm (339,7 kgfm) de torque máximo. A bateria pode ser oferecida de 300,8 kWh a 422,9 kWh de capacidade máxima de carga.

As baterias duram até 30 anos, sendo 15 para uso automotivo. A garantia é de 8 anos e pode haver perda de capacidade de até 20% neste período e, se passar disso, a fábrica troca por uma nova. A garantia é de 3 anos ou 200.000 km para o veículo. A revisão da Ankai é aos 5.000km e a cada 20.000km.

Entre os sistemistas mais conhecidos que equipam os veículos da chinesa, destaque para os motores Dana, caixa de direção eletro-hidráulica da Bosch, sistema de ar-condicionado de série da Valeo e da Songz e módulo ABS e sistema pneumático de suspensão da Wabco.

Comparativos

Ankai

De acordo com dados apresentados pela fabricante, um ônibus movido a diesel que roda 60.000 km por ano, emite cerca de 60 toneladas de CO2 no período. “São cerca de 1.200 toneladas emitidas por apenas um veículo a diesel em seu período de vida útil, ao redor de 20 anos. A introdução dos ônibus Ankai nas frotas urbanas diminuirá, imediatamente, essa gigantesca emissão de carbono”, destaca Habib.

Cada um dos modelos Ankai pode ter sua autonomia customizada, de acordo com a necessidade de operador, variando entre 250 km e 350 km. Considerando a quilometragem diária de 200 km, que é a distância percorrida em média pelos ônibus urbanos no Brasil, apenas para efeito de cálculo, cada recarregamento exige em torno de 240 kWh (modelo OE-12). Isso vai dispender um total de R$ 156 diários (R$ 47 mil ao ano), considerando o custo médio de R$ 0,65 por kWh no Estado de São Paulo.

No caso dos ônibus a diesel, para rodar os mesmos 200 km, ele precisará, no mínimo, de 80 litros de combustível. Ao preço médio de R$ 6,00, essa conta saltará para R$ 480 (R$ 144 mil/ano). Dessa forma, o modelo elétrico oferece uma economia de cerca de R$ 100 mil por ano em relação aos seus similares a combustão. O custo de manutenção é de cerca de 50% inferior aos gastos de um veículo tradicional.

Conheça a Ankai

Ankai

Fundada em 1966, a Anhui Ankai Automobile Co., Ltd. lançou o seu primeiro ônibus elétrico em 2003, que ganhou escala em 2007 e, no ano seguinte, teve várias unidades utilizadas para transportar as delegações nacionais e internacionais durante os Jogos Olímpicos de Pequim. Há modelos rodando em diversas cidades na China, ininterruptamente, há 8 anos e com mais de 600 mil km rodados.

O seu Centro Nacional de Desenvolvimento Tecnológico, fundado em 2011, opera no desenvolvimento e aplicação de sistemas em ônibus de novas energias. Possui forte cooperação com universidades de renome mundial no desenvolvimento de peças e conectividade para ônibus elétricos e de hidrogênio, como a Universidade da Califórnia, a Universidade de Ciência e Tecnologia da China, Anhui University e a Universidade Jiaotong de Shanghai.

Atualmente, a montadora comercializa produtos para mais de 100 países, incluindo Estados Unidos, Reino Unido, França, Itália, Austrália, Arábia Saudita, México e, agora, Brasil.

Segurança das baterias de alimentação

Ankai
Os diferentes modelos de ônibus da Ankai.
  1. As baterias são enclausuradas em um berço à prova de fogo e que possui efeito retardante de chamas.
  2. Sistema de detecção de fumaça e alarme de transmissão sem fio.
  3. Sistema eletrônico de proteção contra sobrecorrente, sobretensão, sobrecarga e descarga excessiva da bateria.
  4. Sistema de desbloqueio e desencaixe rápido do compartimento da bateria.
  5. Sistema de disparo automático dos extintores de incêndio.

O sistema de alta tensão do veículo, composto por módulos, chicotes, cabos de energia e dispositivos eletrônicos, possui sistema de segurança com as seguintes funções:

  1. Atuação de fusível específico para prevenir sobrecorrente de alta tensão
  2. Aistema de proteção de segurança de ligação fumaça-fogo nas baterias
  3. Comutação automática on-off de sobrecorrente de alta tensão
  4. Duplo sistema de segurança na distribuição de energia de alta tensão
  5. Proteção de segurança ativa com detecção de vários níveis e isolamento
  6. Proteção automática contra sobrecorrente e sobretensão do sistema de energia

Os ônibus ainda contam com um módulo de controle que, em caso de sobrecarga no carregamento, se “comunica” com o sistema de gerenciamento de bateria para restringir a carga. Durante essa etapa de recarga, o sistema monitora em tempo real as informações do sensor de temperatura na conexão do plugue de carregamento.

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