AEA discute estratégias para descarbonização e tecnologias avançadas

Associação de Engenharia Automotiva reúne lideranças de montadoras, sistemistas e governos na elaboração de projetos concretos

Por Gustavo Queiroz

- dezembro 11, 2025

Motores a diesel e elétricos
Marcus Vinícius Aguiar
Aguiar: “Temos feito trabalhos conjuntos com a Anfavea e o Sindipeças, além de uma aproximação com entidades como a ABVE (veículos elétricos) e a JAMA (Japan Automobile Manufacturers Association, entidade equivalente à Anfavea no Japão). Todos os anos o corpo técnico da JAMA vem ao Brasil para coletar dados atuais e tendências sobre o mercado automotivo brasileiro” | Foto: GQ/Frota&Cia

Em evento tradicional com a imprensa, a Associação de Engenharia Automotiva (AEA) apresentou um balanço das atividades de 2025, detalhou seu novo planejamento estratégico e lançou estudos técnicos sobre tendências do setor. Com foco em atuar como um hub neutro de discussão técnica, a diretoria destacou avanços em parcerias, eventos e sua atuação regulatória, enquanto desenha os caminhos para a descarbonização e a integração de novas tecnologias.

O presidente da AEA, Marcus Vinícius Aguiar (Renault), abriu o encontro reforçando o papel da entidade. “A AEA hoje é um fórum neutro, que agrega todo o elo da cadeia automotiva“, afirmou, destacando a composição plural de seus conselhos, que incluem academia, governo e iniciativa privada. Ele enumerou os pilares de atuação, que contemplam descarbonização, sustentabilidade e matriz energética; tecnologias veiculares e segurança; e manufatura avançada.

Na sequência, o vice-presidente Everton Lopes (Mahle) detalhou a revisão do planejamento estratégico da associação, realizada ao longo de 2025 com apoio de consultorias como KPMG e BCG. “A AEA tem se tornado cada vez mais um hub de engenharia no Brasil. A discussão agora é como nós mantemos esse sucesso continuado“, destacou.

Lopes apresentou oito missões estratégicas, divididas em valor tangível e intangível. No primeiro grupo, destacou a expansão do quadro de associados, a liderança em descarbonização e a criação de um Observatório de Tendências. “O Brasil vai ser pioneiro. Nós estamos construindo do zero a análise do ciclo de vida do veículo, desde a matéria-prima até a reciclagem“, projetou, sobre os trabalhos em pegada de carbono.

Sobre o valor intangível, o vice-presidente enfatizou o fortalecimento das atividades de comunicação, governança, conhecimento técnico e a ampliação das parcerias com outras associações. “Precisamos trazer os centros de competência das universidades para perto da indústria“, explicou, citando também a necessidade de atrair e reter engenheiros. “É importante estar presente nas universidades, demonstrando que o engenheiro pode desenvolver sua carreira e tecnologias aqui“, disse em complemento.

Murilo Ortolan, diretor de Tendências Tecnológicas
Ortolan: Brasil caminha para a diversidade da matriz energética automotiva | Foto: GQ/Frota&Cia

O diretor de Tendências Tecnológicas, Murilo Ortolan (Horse), apresentou o lançamento de três análises setoriais. Os documentos abordam inteligência artificial, conectividade, componentes embarcados e o cenário de emissões de veículos leves.

Sobre descarbonização, Ortolan analisou a curva de emissões do setor de transportes no Brasil. “De 2012 até a atualidade, temos uma frota que cresce 50%, mas com emissões de CO2 estáveis, graças às políticas de eficiência energética, como o Inovar-Auto“, contextualizou. No entanto, alertou: “Temos que fazer uma inflexão para baixo rumo à neutralidade“. Ele defendeu o potencial brasileiro, sendo “top 1 em energia renovável“, e citou o programa Move, que introduz o ciclo poço-a-roda e incentiva biocombustíveis e eletrificação, como instrumento para essa virada.

Para veículos leves, a rota no Brasil parece mais clara e consiste em combinar motores a combustão mais eficientes, eletrificação e biocombustíveis“, detalhou. Para pesados, a rota é mais diversa, incluindo diesel com maior eficiência e biocombustível, eletrificação em aplicações urbanas e, no longo prazo, hidrogênio verde.

Sobre inovação, destacou a transição para o “veículo definido por software“. “Nos veículos de entrada no mercado, já vemos conectividade e assistentes. Acima de R$ 200 mil, já encontramos níveis iniciais de autonomia veicular“, disse, mencionando a revolução em segurança, com mais de 10 itens de assistência ao motorista (ADAS) obrigatórios até 2030. A inteligência artificial também está acelerando o desenvolvimento e a manufatura.

Encerrando as apresentações, o presidente Aguiar resumiu os desafios. “Temos que trabalhar na evolução da regulamentação para o próximo quinquênio, após 2028“, afirmou. “O grande desafio é fazer nosso flex fuel conviver com hibridização e BEVs, para não perdermos nossa cadeia automotiva e não virarmos meros importadores“, alertou.

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