A expansão da frota de veículos elétricos, em especial de ônibus e caminhões, vem obrigando os operadores a um planejamento técnico robusto, além de parcerias especializadas. De acordo com especialistas, a chave está em equilibrar tecnologia, eficiência energética e custo operacional.
“Não se trata apenas de trocar um motor a diesel por um elétrico, mas de redesenhar toda a operação logística e elétrica por trás disso“, esclarece Wilson Morais, diretor de Produtos e Soluções para Eletromobilidade da ABB no Brasil.
Em adição, o executivo lembra que, diferentemente dos veículos leves que podem recarregar a qualquer tempo, os ônibus urbanos, por exemplo, têm janelas de tempo limitadas para recarga, geralmente entre as operações noturnas de limpeza e inspeção. Acrescente a isso, a exigência de instalação de estações de recarga, que deve seguir critérios técnicos para que o serviço seja eficiente e ocorra de forma segura.
Três conselhos
Para tanto, Morais faz três recomendações, sendo que a primeira se refere a parcerias estratégicas e diz que “fabricantes de ônibus cuidam do veículo, mas a infraestrutura de recarga deve ser tratada por especialistas em sistemas elétricos”. O segundo passo é com relação a análise da rede elétrica: “É essencial verificar a disponibilidade de potência com a concessionária local“, diz. “Em muitos casos, a demanda exige conexão em média tensão, exigindo subestações dedicadas”, complementa.
Por último, vem o dimensionamento inteligente dos carregadores que irão energizar a frota. “Carregadores DC são ideais para frotas que precisam de recarga rápida, enquanto AC pode ser viável para veículos com maior tempo ocioso”.
Uma das tendências é o Megawatt Charging System (MCS), carregador de 1.200 kW desenvolvido para caminhões de longo percurso. No entanto, Morais pondera que a infraestrutura elétrica brasileira ainda impõe limites à adoção em larga escala. Outro avanço é a integração com fontes renováveis, como solar e eólica, além do uso de baterias de segunda vida para armazenamento. “No futuro, armazenar energia em horários fora de pico e usá-la quando necessário será cada vez mais viável“, afirma categórico.