México aceita cota e caminhões

Reunião em Brasília termina com progresso e sem acordo

Reunião em Brasília termina com progresso e sem acordo

Terminou sem definição, mas com alguns progressos, a reunião em Brasília (DF) na terça-feira, 28, entre representantes dos governos do Brasil e México para renegociar o acordo de livre comércio automotivo mantido pelos dois países. Segundo relataram a jornais fontes dos ministérios das Relações Exteriores e do Desenvolvimento (MDIC), os mexicanos aceitaram a imposição de cotas de importação, mas querem entender melhor a fórmula proposta. Também aceitam incluir no acordo caminhões e ônibus, que tinham ficado de fora do tratado anterior. O que ficou sem entendimento foi o índice de nacionalização requerido pelo Brasil para continuar isentando de imposto os carros vindos do México.

Negociadores mexicanos que vieram ao Brasil informaram que o governo brasileiro não formalizou a maneira exata como pretende revisar o acordo atual, com números para cotas nem para o cálculo de conteúdo nacional de cada país. Assim, retornaram ao México na madrugada de quarta-feira, 29, sem um entendimento definido os ministros mexicanos de Relações Exteriores, Patricia Espinoza, e da Economia, Bruno Ferrari, após reuniões com os ministros brasileiros de Relações Exteriores, Antônio Patriota, e do Desenvolvimento, Fernando Pimentel. A assessoria do Itamaraty informou que as discussões continuam e há perspectiva de um acordo “em breve”. Não há data ainda definida para um novo encontro.

O governo quer estabelecer um regime de cotas parecido com o que mantém com a Argentina, em que o volume de importações isento de imposto depende das exportações. Mas ainda não definiu qual a proporção dessas cotas para cada país.

Sobre o grau de nacionalização, o Brasil quer que o México comprove índice mínimo de conteúdo regional nos carros exportados igual ao do Mercosul, de 60%. Os mexicanos dizem que têm 35%, mas a conta é feita sobre o custo de produção dos veículos, enquanto no Mercosul entra de tudo na conta, inclusive gastos com publicidade, desenvolvimento e salários de executivos. Na prática, fabricantes dizem que os dois porcentuais se equivalem, devido à diferença da base de cálculo. Portanto, essa discussão parece depender mais do poder de convencimento dos negociadores mexicanos de que já teriam o índice que os brasileiros pedem.

CONFLITO

No começo de fevereiro, o governobrasileiro sinalizou o desejo de rever oacordo automotivo assinado com o México em 2002 e flexibilizado no fim de 2006, quando foram eliminadas cotas que o Brasil quer restabelecer. Desde então o volume comercial no setor cresceu expressivamente. Em 2011, o comércio de veículos e peças entre os dois países, no valor de US$ 4,3 bilhões, representou 47% do fluxo comercial entre os dois países. Mas primeira vez em dez anos houve um saldo negativo para o Brasil.

Segundo informações colhidas do MDIC, no ano passado as montadoras brasileiras venderam US$ 512 milhões no mercado mexicano, mas trouxeram de lá US$ 2,07 bilhões em automóveis como VW Jetta; Ford Fusion e New Fiesta; Nissan March, Versa, Sentra e Tiida; Chevrolet Captiva; Fiat Freemont e Cinquecento; e Honda e CR-V. Somando autopeças e veículos, o Brasil exportou para o México US$ 1,81 bilhão e importou US$ 2,51 bilhões, com saldo negativo de US$ 696 milhões.

O movimento acendeu a luz amarela no governo brasileiro, que ameaçou romper o acordo. A presidente Dilma Rousseff acabou conversando com o presidente mexicano, Felipe Calderón, e ambos concordaram em renegociar o acordo automotivo entre os dois países. Em meados de fevereiro as autoridades brasileiras e mexicanas se reuniram para analisar as propostas e um novo encontro foi marcado para o fim do mês, que também terminou sem definições.

Automotive Business

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