Frio que gera negócios: a refrigeração no transporte de alimentos

De melões a sorvetes, empresas que adotaram refrigeração no transporte de alimentos ganharam mercados. Mas, sem regulamentação, avanço ainda é lento no país

Por Gustavo Queiroz

- maio 16, 2025

Cláudio Biscola, gerente de Vendas LATAM da Thermo King - refrigeração no transporte de alimentos

Em um país que alimenta o mundo, a refrigeração no transporte de alimentos ainda é um gargalo. Enquanto na Europa cerca de 20% da frota é equipada com refrigeração, no Brasil esse número não passa de 4%. Um paradoxo para uma nação que é considerada o “celeiro global”, mas enfrenta perdas significativas de alimentos devido à falta de controle térmico durante o transporte.

Cláudio Biscola, gerente de Vendas LATAM da Thermo King, explica que o maior desafio não está na tecnologia, mas na conscientização e na regulamentação. “O problema é que, sem força de lei, muitos transportadores optam pelo custo mais baixo do transporte seco, mesmo sabendo que isso compromete a qualidade da carga“, afirma.

Biscola destaca que, em mercados como o farmacêutico, a regulamentação foi decisiva para a adoção em massa do transporte refrigerado. “A RDC (Resolução da Diretoria Colegiada) da Anvisa obrigou o controle de temperatura para fármacos. Antes, não havia. Agora, 100% dos transportadores precisam se adaptar. No agro, ainda falta essa pressão“, explica.

Thermo King controle de atmosfera ativa
Entre as tecnologias que a Thermo King comercializa está o controle de atmosfera ativa | Foto: Divulgação

Um exemplo prático vem do Nordeste, onde um produtor de melão passou a exportar com maior valor agregado após investir em frota refrigerada. “Eles transportavam o melão em caminhões abertos por 200 km até o porto. Quando um cliente europeu exigiu controle de temperatura, adquiriram 50 unidades com nossa tecnologia. Resultado? Ganharam três novos contratos internacionais“, exalta Biscola.

Além do agro, outros setores têm histórias de sucesso. Um fabricante de sorvetes em São Paulo reduziu perdas de 30% para apenas 3% após treinamentos em cadeia do frio. Já no segmento farmacêutico, o rastreamento em tempo real virou diferencial competitivo. “Um cliente de Campinas implementou nosso sistema de monitoramento remoto e fechou contratos com seis grandes empresas. Ele consegue controlar temperatura, porta aberta e até consumo de combustível de qualquer lugar“, ressalta Biscola.

IA

A Thermo King aposta na inteligência artificial para melhorar o setor. Recentemente, o grupo Trane Technologies, dono da marca, adquiriu a BrainBox AI, especializada em predição de falhas. “A ideia é que o sistema avise com horas de antecedência se um componente vai quebrar, permitindo manutenção preventiva. Isso reduz paradas não planejadas e custos operacionais“, adianta Biscola.

Enquanto o Brasil ainda engatinha na adoção em massa do frio no transporte, histórias como essas mostram que o investimento em tecnologia e regulamentação pode transformar a logística nacional. “Precisamos convencer produtores e governo de que refrigerar não é custo, é garantia de qualidade e competitividade“, conclui o executivo.

Thermo King controle de atmosfera ativa na refrigeração no transporte de alimentos
Foto: Divulgação

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