Gás ganha força com a Scania rumo à descarbonização do transporte

Montadora investe em veículos a gás além das versões a diesel, convencida de que a descarbonização do transporte no país deverá beneficiar soluções multienergéticas

Por Gustavo Queiroz

- junho 10, 2025

descarbonização do transporte

A busca por soluções mais limpas e eficientes no transporte rodoviário ganha força no Brasil, impulsionada por avanços tecnológicos, políticas públicas e uma mudança gradual no comportamento dos consumidores. André Gentil, gerente de Vendas de Soluções de Transporte a Frotistas da Scania Operações Comerciais Brasil, acredita que o processo de descarbonização do transporte no país deverá beneficiar soluções multienergéticas. Como é o caso do gás natural veicular (GNV) e o biometano, que vem ganhando cada vez mais espaço junto ao setor, como resultado da iniciativa pioneira da montadora em ofertar veículos com esse combustível alternativo.

André Gentil, gerente de Vendas de Soluções de Transporte a Frotistas da Scania Operações Comerciais Brasil
André Gentil, gerente de Vendas de Soluções de Transporte a Frotistas da Scania

“Enquanto a Europa avança na eletromobilidade, o modelo brasileiro deverá ser mais plural. Vejo um futuro com 10–15% de veículos a biometano, 10–15% elétricos e o restante dividido entre diesel e outras tecnologias, como o HVO”, avalia o gerente. A razão para isso, segundo ele, está na disponibilidade de matrizes energéticas locais e na infraestrutura ainda incipiente para elétricos.

Gentil lembra que em 2019, quando a Scania iniciou as vendas de caminhões a gás no país, o desafio era estruturar toda a cadeia: desde a oferta de veículos até a criação de uma rede de postos de abastecimento e a conscientização de embarcadores e transportadores. “Na época, a complexidade era grande. A gente trazia o veículo, mas não tinha quem demandasse”, relembra. Hoje, o cenário é outro. A malha de abastecimento se expandiu de forma significativa, permitindo rotas que ligam o Rio Grande do Sul ao Ceará, com destaque para eixos como São Paulo-Rio de Janeiro e São Paulo-Mato Grosso do Sul.

Autonomia expandida

Além da infraestrutura, os próprios veículos evoluíram. “Antes, o caminhão a gás transportava 26 pallets; hoje, leva 30, assim como um diesel. A autonomia saltou de 400 km para 650 km, o que atende perfeitamente à jornada de trabalho do motorista, limitada por lei”, explica o gerente. Essa melhoria operacional, somada à competitividade de preços, por meio de com motores produzidos localmente, tem acelerado a adoção.

Inicialmente, o gás atraiu principalmente embarcadores industriais comprometidos com ESG, mas o perfil do consumidor está se diversificando. “Hoje, vemos transportadores adquirindo caminhões a gás por conta própria e buscando embarcadores depois”. Setores como combustíveis, carga perigosa e fertilizantes já adotam a tecnologia, e a expectativa é que o transporte de grãos entre nessa lista conforme a rede de postos avance para regiões como Mato Grosso e Goiás.

Motivos para isso é que não faltam. Na visão de André Gentil, o biometano derivado de resíduos orgânicos é um combustível renovável, que pode ser produzido em qualquer local do país. “O Brasil tem potencial para substituir 60% do diesel por biometano”, afirma confiante. Um caso emblemático é o uso em caminhões de coleta de lixo, setor no qual a Scania passou a atuar recentemente. “O lixo gera biometano, que alimenta os veículos. É um ciclo virtuoso, especialmente em grandes cidades, onde a redução de emissões traz impacto direto na qualidade do ar”, complementa.

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