A informação em tempo real sobre a localização do ônibus já não é mais um diferencial, mas uma utilidade pública esperada pelos usuários do transporte público. O que fazer, então, quando essa previsão se torna apenas a camada mais visível de um ecossistema complexo que conecta cidades, operadoras e cidadãos, gerando um fluxo de dados que redesenha a mobilidade urbana? É nesta frente que atua a Primova, grupo por trás do aplicativo Cittamobi, que após 11 anos no mercado acumula 45 milhões de downloads e presença em 350 cidades brasileiras.
O app nasceu com o propósito claro de aumentar e diversificar o uso do transporte público coletivo, explica a diretora de Relações Institucionais da empresa, Emanuele Cassimiro. “O foco inicial do produto era informar aos passageiros o horário de chegada do veículo no ponto, seja ônibus, metrô, trem, barca, VLT, BRT ou qualquer outro sistema”. A plataforma, porém, foi além da previsão, até se tornar um ecossistema completo. “Hoje, o aplicativo conecta as cidades às pessoas e vice-versa, ao possibilitar o envio de alertas para a população sobre alguma mudança. Ao mesmo tempo que as pessoas também reportam informações para as empresas ou órgãos públicos sobre algo que esteja acontecendo”.
A tecnologia por trás da previsão é um dos pilares do Cittamobi. Segundo a executiva, um motor de dados recebe e compila informações de GPS dos veículos de todas as cidades vinculadas ao dispositivo. “O sistema coleta a informação estática das rotas e trajetos e cruza com o GPS para saber onde exatamente o veículo está”, descreve. “Esse processamento contínuo é o que garante a assertividade. Fornecemos informação em tempo real, para que as pessoas possam confiar no sistema”.
Experiência melhorada
Mais interessante de tudo é que esse ecossistema gera um volume valioso de dados sobre os usuários e a operação. “O sistema consegue entender o comportamento do usuário de forma exata, como seu deslocamento e percurso, o que permite entregar uma melhor experiência para todos”, afirma a diretora.
Emanuele cita um caso concreto de como os reportes dos usuários impactaram a infraestrutura urbana. “Uma cidade parceira percebeu que existiam muitos comentários sobre segurança em determinado ponto, horário e região. A solução foi a instalação de câmeras no local e a melhoria da iluminação. “Isso vira a chave, na medida em que as pessoas se sentem ouvidas”. Esses reportes, contudo, não são abertos ao público. “A informação chega através do aplicativo, que é repassada para as empresas e a cidade para a tomada de decisão “, esclarece.
Além da comunicação, o Cittamobi tem evoluído para integrar formas de pagamento. “Outra tecnologia presente em algumas cidades é a possibilidade de, dentro do ecossistema, recarregar o cartão de transporte. Em São Paulo, é possível recarregar o bilhete único. Ou pagar a passagem pelo celular, por aproximação”. Emanuele destaca uma linha especial da capital paulista que utiliza tecnologia Bluetooth para a liberação da catraca diretamente do aparelho. “Isso realmente facilita a vida das pessoas na cidade. Você conseguir usar o transporte público por meio de uma ferramenta de fácil utilização”.
Três camadas
O modelo de negócios que sustenta a operação da Primove em centenas de cidades combina diferentes camadas. “Na primeira camada, o Cittamobi é gratuito. A empresa investe no aplicativo e disponibiliza gratuitamente para a cidade”, afirma Emanuele Cassimiro. A rentabilização primária vem da publicidade dentro do app, mas com cuidados para não prejudicar a experiência do usuário. “O objetivo é entregar informação, para as pessoas que se locomovem todos os dias”. Quando as prefeituras desejam uma integração mais profunda, utilizando a plataforma como canal oficial de comunicação, é estabelecida uma terceira camada de negociação paga que, igualmente, não afeta os usuários.


Três camadas