Vendas de pneus em outubro recuam 7,4%

Por Victor Fagarassi

- dezembro 1, 2025

Michelin logistica responsavel

O mercado brasileiro de pneus registrou em outubro uma baixa de 7,4% nas vendas totais em comparação com o mesmo mês de 2024, com 3,4 milhões de unidades vendidas (saldo negativo superior a 280 mil unidades). De janeiro a outubro, foram comercializadas 33,5 milhões de unidades, uma redução de 3,2% em relação ao mesmo intervalo do ano anterior, o que representa uma perda de mais de 1 milhão de pneus. O resultado foi influenciado principalmente pela queda de 6,7% no mercado de reposição.

“O panorama do ano é muito desfavorável para o setor, em especial pelo aumento da competição com pneus importados, que continuam chegando ao país por valores frequentemente abaixo do custo de produção”, afirma Rodrigo Navarro, presidente da ANIP. “Continuamos atuando de forma proativa para combater os riscos de redução de investimentos, demissões e de desestruturação da cadeia produtiva no Brasil”, destaca o executivo.

Segundo Navarro, “buscamos medidas já adotadas internacionalmente, como no México, EUA e Europa, que é exigir condições equilibradas de atuação no Brasil, tanto por parte dos fabricantes quanto dos importadores – o que envolve não apenas aspectos relacionados a custos e preços, mas também ao atendimento de normas ambientais e de conformidade técnica”.

No acumulado anual, o fraco desempenho foi puxado principalmente pela contração de 6,7% no mercado de reposição. O segmento de montadoras, por outro lado, apresentou crescimento de 4,1% no período, insuficiente para compensar as perdas acumuladas pelo setor.

Na categoria de passeio, as vendas totais de pneus recuaram 2,7% nos primeiros dez meses do ano, enquanto o mercado de reposição teve queda de 6,6%. As vendas para montadoras, únicas a apresentar alta, avançaram 4,9%.

No segmento de carga, as vendas totais no acumulado do ano caíram 5,5%. As vendas para montadoras tiveram redução de 0,6%, e o mercado de reposição registrou declínio de 7,4%.

ANIP

Contração e impacto na cadeia

A retração no ano já começa a afetar a cadeia produtiva, que envolve fornecedores de borracha e fabricantes de produtos químicos, têxteis e aço – ecossistema que gera mais de 500 mil empregos indiretos no Brasil. “As adversidades enfrentadas estão criando um problema sistêmico no país e podem levar à desindustrialização e ao aumento do desemprego”, avalia Navarro.

Para o presidente da Associação Brasileira de Produtores e Beneficiadores de Borracha Natural (Abrabor), José Fernando Benesi, o setor de borracha natural vive um momento de grande apreensão. “A forte entrada de pneus importados em condições muitas vezes desiguais, conforme reconhecido pelas medidas antidumping adotadas pelo governo, está prejudicando a indústria e afetando o produtor”, diz. “Esse cenário significa perda de espaço da indústria nacional e, como consequência, uma queda expressiva na demanda pela borracha natural brasileira”, alerta.

Na visão do presidente da Abrabor, “quando a indústria nacional de pneus é impactada dessa maneira, toda a cadeia fica abalada. O produtor rural, que depende do cultivo da seringueira e do manejo sustentável da floresta, já sente os efeitos da retração do mercado e se preocupa com a viabilidade da manutenção dessas indústrias no país. Precisamos de medidas urgentes, e estamos ao lado da indústria nacional para atuarmos em conjunto”, ressalta.

Desempenho mensal: outubro versus setembro

As vendas de pneus em outubro registraram queda de 7,4% na comparação com o mesmo mês do ano anterior. De acordo com o balanço da ANIP, houve perda de volume na reposição, com recuo de 4%, e queda de 13,4% no segmento de montadoras.

Em contraste com o desempenho anual, na comparação com setembro, as vendas totais cresceram 8,7%, impulsionadas pelo mercado de reposição, que registrou alta de 15,3%. As vendas para montadoras, por outro lado, tiveram leve retração de 2,3%.

“Tivemos algum alívio em relação a setembro, mas o quadro geral do ano é de grandes dificuldades para os fabricantes nacionais, que enfrentam concorrência desleal dos importados”, afirma Navarro.

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