A visão plural do transporte urbano encontrou eco nas inúmeras análises técnicas, que foram destaques nos painéis temáticas da Arena ANTP 2025 e nas páginas seguintes dessa edição especial de Frota&Cia. Cláudio Frederico, vice-presidente da ANTP, foi enfático ao defender um marco regulatório que institucionalize o subsídio estável, criticando a implantação incompleta de BRTs no país e argumentando que o desafio final é criar um transporte público que gere “amor” no passageiro.
A viabilidade financeira desse novo modelo foi detalhada no projeto do Marco Legal do Transporte Coletivo, em tramitação no Congresso. Antonio Espósito, do Ministério das Cidades, explicou que a proposta redefine o transporte como direito social e estabelece fontes múltiplas de financiamento, superando a dependência exclusiva da tarifa.
Inovações concretas ilustraram o caminho a seguir por meios e diferentes exemplos práticos. O Governo do Paraná, representado por Gilson Santos da Amep, apresentou o Bonde Urbano Digital (BUD) da Região Metropolitana de Curitiba, um veículo elétrico guiado por sensores com custo três vezes menor que um VLT. Já São José dos Campos, em apresentação de Débora Redondo, se destacou como estudo de caso nacional com sua frota eletrificada e corredores sustentáveis. A governança transversal foi o pilar do case de Palmas, exposto por Luã Henrique Ferreira, que mostrou como a integração institucional é crucial para consolidar a política de mobilidade como ação de Estado.
Mortes no trânsito
Os desafios de segurança viária foram quantificados por Ana Beatriz Marques, cujo estudo revelou que, enquanto o Brasil viu as mortes no trânsito aumentarem 7%, 35% dos municípios com metas personalizadas já cumpriram seus objetivos. Na esfera da mobilidade regional, o estudo de Nathan Marlon de Oliveira Jorge e Thiago Henrique de Oliveira Faustino alertou para a falta de padronização tarifária nos serviços interestaduais, que ameaça a sustentabilidade das linhas para cidades menores.
Completando o panorama, o secretário Adão de Castro Júnior representou Porto Alegre em debates sobre Transporte Sob Demanda (DRT) e mobilidade elétrica, enfatizando a integração tecnológica. Por fim, o ministro Jader Filho, do Ministério das Cidades, detalhou que o estudo sobre Tarifa Zero encomendado pelo presidente Lula focará em um modelo de subsídio compartilhado no âmbito do pacto federativo, vinculado à modernização e descarbonização da frota.
Dessa forma, a mensagem unânime que ecoou em uníssono foi a de que a mobilidade sustentável exige respostas multifacetadas, combinando solidez regulatória, inovação tecnológica, equidade social e uma profunda reconexão com as necessidades e a dignidade do cidadão.
