O Bonde Urbano Digital (BUD), projeto de mobilidade urbana de baixa emissão de poluentes coordenado pela Agência de Assuntos Metropolitanos (Amep) do Paraná, foi posicionado na madrugada desta sexta-feira, 28 de novembro, no Terminal São Roque, em Piraquara. A partir desta base, o veículo iniciará sua fase final de testes dinâmicos e de integração, última etapa antes do início da operação comercial com passageiros, prevista para as primeiras semanas de dezembro.
Esta fase de testes tem como objetivo principal validar o desempenho do BUD em condições reais de tráfego na linha que ligará Piraquara a Pinhais. Serão avaliados sistematicamente itens como a performance do veículo, os procedimentos de entrada e saída dos terminais e, de forma destacada, o funcionamento dos trechos de condução autônoma. Para isso, a infraestrutura da linha já conta com marcadores magnéticos instalados no piso, que constituem o chamado “trilho digital”. Esta tecnologia permite que o veículo seja guiado com precisão por ímãs embutidos no pavimento, realizando manobras de forma autônoma sob a supervisão constante de um motorista treinado.

A chegada do BUD a esta etapa culmina um processo de dois meses de preparação intensiva. Após chegar em módulos da China, fabricados pela CRRC Corporation, o veículo foi montado e ajustado no local por equipes especializadas, com suporte técnico direto da fabricante. Paralelamente, foram executadas obras de infraestrutura, incluindo a sinalização específica, a instalação da garagem e do sistema de carregamento no terminal de Piraquara, e a implantação dos marcadores magnéticos nos trechos designados para operação autônoma.
Com 30 metros de comprimento e capacidade para transportar até 280 passageiros, o BUD será operado como um reforço à frota de ônibus convencionais, sem substituí-los. A expectativa da Amep é que o sistema atenda aproximadamente 10 mil usuários mensalmente. A tarifa será integrada ao sistema metropolitano existente, mantendo o valor de R$ 5,50 e as possibilidades de integração entre linhas.
Do ponto de vista tecnológico, o BUD se distingue por ser um veículo 100% elétrico que utiliza supercapacitores em vez de baterias de lítio, permitindo recargas rápidas ao longo do trajeto. O veículo é equipado com ar-condicionado, isolamento acústico e térmico, e avançados sistemas de segurança e monitoramento.
Treinamento

Quatro motoristas do sistema metropolitano, selecionados pela Amep em conjunto com as empresas operadoras da linha, estão passando por um treinamento especializado para conduzir o BUD. Eles já completaram duas semanas de capacitação teórica e prática e agora iniciarão os testes supervisionados no trajeto real.
Gisele Mafra, uma das motoristas selecionadas com 14 anos de experiência, descreveu a diferença em relação aos ônibus biarticulados convencionais. “A dinâmica muda completamente. O painel é muito mais moderno, mostra a angulação das curvas e as câmeras se ajustam automaticamente. É praticamente reaprender a dirigir“, relatou. Emílio Vargas, outro motorista em treinamento com 12 anos de profissão, complementou: “É uma experiência nova e muito motivadora. Mesmo nos trechos autônomos vamos estar atentos ao trajeto inteiro“.
Os testes práticos com passageiros serão conduzidos inicialmente em duplas, preferencialmente durante fins de semana e no período noturno, para minimizar interferências no tráfego regular. Técnicos da fabricante chinesa acompanharão toda esta fase final para realizar os ajustes finos no comportamento do veículo.
