Em função da pandemia do novo coronavírus, o país que atualmente possui uma média de mais de 2500 mortes por dia adotou uma série de medidas de isolamento social. Com isso, a demanda de passageiros no transporte urbano diminui consideravelmente.
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Nesse cenário, procuramos entender quais os desdobramentos sobre o setor em função da queda brusca dos rendimentos das empresas que administram o transporte em todo país.
Para isso, falamos com Otávio Cunha, presidente executivo da NTU (Associação Nacional das empresas de Transportes Urbano).
Tamanho do prejuízo
De acordo com o executivo, o prejuízo do setor é nacional, e as empresas não possuem capacidade de superar a queda da demanda nesse ritmo.
“No começo da pandemia, foi registrada uma redução de 80% da demanda de passageiros. Nós chegamos ao final do ano com 60% da demanda. No entanto, oferecendo um serviço em média de 80%. Então, durante todo esse tempo e até hoje, o setor vem ofertando mais serviço do que demanda. Agora em Janeiro, fevereiro, com a segunda onda, o setor perdeu novamente a demanda, nós estamos operando hoje com 50% da demanda e tendo que ofertar serviço em torno de 70, 80 e até 100% em algumas cidades. Existe muita pressão sobre o transporte público nesse momento. Ele é classificado como um vetor de transmissão, então não é possível diminuir a frota, e o prejuízo aumenta. Cada vez, o buraco fica maior.”
Consequências diretas
Com a falta de capital, as empresas começam a acusar o golpe da queda na demanda de passageiros. Problemas de manutenção na frota começam a aparecer, assim como dificuldades de pagamento de funcionários.
“Essas greves em função das dificuldades de pagamento aconteceram bastante o ano passado inteiro, e a tendência desse ano é continuar. Ao todo, foram demitidos pelo setor 60 mil trabalhadores. Isso significa uma queda de 15% na mão de obra.”
As medidas emergenciais como a suspensão de contratos, criada pelo Governo, ajudaram a diminuir o impacto do acordo com o executivo.
“Com o estabelecimento daquela Lei da rede emergencial de proteção às empresas, de uma maneira geral, a gente teve algum resguardo de poder e para manter o serviço. Porque em algumas situações o Governo estava pagando. Assim como, a redução de salário, redução de jornada, ajudaram o setor. No entanto, essas ajudas acabaram. Então, a situação é muito grave por causa disso. Vai ser cada vez mais comum convivermos com as paralisações e as greves. Nós estamos estimando aí que 50% das empresas se permanecer nesse cenário serão paralisadas ou entregarão os serviços para os municípios operarem.
O veto do governo
No ano passado, chegou-se a criar um projeto de lei para que o Governo auxiliasse as empresas de transporte. Ao todo, seriam R$ 4 bilhões de investimentos para cidades que possuíssem mais de 200 mil habitantes. No entanto, após o veto do presidente Jair Bolsonaro, e posterior desaprovação na câmara, a iniciativa não vai acontecer mais.
“Essa foi uma frustração imensa. Porque esse projeto de lei surgiu depois de inúmeros debates, de inúmeras reuniões, de informações prestadas para o Ministério da Economia, a EMTU. Temos aí um banco de dados que a gente acompanha desde 1994. O primeiro relatório feito pelo relator, deputado Hildo Rocha, continha todas as exigências. Havia o recurso dos quatro bilhões de reais que não seria suficiente para resolver o problema, mas ajudaria muito.”
Matéria em colaboração com a Jornalista Priscila Ferreira