Empresa investe no aluguel de ônibus para o serviço de fretamento

Fretadão lança aluguel de ônibus e anuncia investimentos na compra de 1.000 veículos para o transporte de passageiros.

Antonio Carlos Gonçalves, CEO do Fretadão.
Antonio Carlos Gonçalves, CEO do Fretadão.

O mercado de locação de veículos comerciais está em consistente expansão por meio de um número cada vez maior de locadoras, bem como pelo volume e a diversidade da frota disponível para todo tipo de contrato, seja de uso eventual ou de longa duração.

A plataforma Fretadão lançou o serviço Fretadão Rental, específico para o aluguel de ônibus para todos os tipos de fretamento. No prazo de cinco anos, o serviço promete oferecer uma frota de 1.000 veículos para reforçar a atuação dos operadores do setor. Segundo dados da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) de 2022 mais de 90% das empresas atuantes no Brasil têm até seis veículos e, mesmo com potencial de crescimento, deixam de investir em frota e na expansão do atendimento por falta de crédito.

Fretadão
Frota do Fretadão

Atualmente, o Fretadão possui um quadro com 170 funcionários e projeta elevar este número em 20% até o final do ano. A plataforma se apresenta como uma empresa de mobilidade corporativa que foca na otimização de custo, na melhoria da gestão e na capacidade operacional dos operadores de fretamento tradicional.

Para detalhar a estratégia comercial por trás do novo serviço de locação de ônibus, a Frota&Cia entrevistou o CEO do Fretadão, Antonio Carlos Gonçalves.

Frota&Cia – O Fretadão Rental pretende atingir qual público nesse primeiro momento?

Antonio Carlos Gonçalves (ACG) – Nós temos uma empresa de tecnologia voltada para o transporte de fretamento de colaboradores que, atualmente, transporta 36 mil pessoas por dia. Os pequenos operadores, que são aqueles que possuem até 10 veículos, enfrentam o problema da falta de crédito. A baixa capacidade de investimento se agravou com o reajuste nos preços dos veículos 0km de geração Euro 6. Essa dificuldade dos empresários do setor foi uma oportunidade para que pudéssemos criar um produto para eles. Muitos dos nossos parceiros são pequenos operadores que transportam funcionários para grandes fábricas e centros logísticos no Brasil.

Frota&Cia – Existe algum tipo de exigência ou todos estão qualificados para alugar um ônibus no Fretadão Rental?

ACG – Não. Todos os nossos operadores estão qualificados. A plataforma homologa as empresas em termos de licenças garantir que eles estejam em plena conformidade com as obrigações legais da atividade. Dessa forma, quem estiver cadastrado estará apto para alugar um veículo.

Frota&Cia – Como será a expansão da oferta de locação nos próximos cinco anos até que se some uma frota de 1.000 ônibus?

ACG – A nossa intenção é, ainda em 2024, abrir para todo o mercado de fretamento o aluguel de veículos através do Fretadão. Estamos estruturando toda a parte de análise de crédito e de como serão feitas as concessões dos veículos para os operadores que não trabalham com a plataforma. Temos a intenção de ofertar o serviço para todos que tenham a necessidade de vans, micro-ônibus ou ônibus no formato de locação de veículos. Também estamos estudando, para o médio prazo, o atendimento aos transportadores rodoviários de passageiros.

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Frota&Cia – A oferta do serviço começa em quais praças e até onde se estenderá?

ACG – O Fretadão atua em 16 Estados e mais o Distrito Federal, sendo que a nossa maior concentração está em São Paulo e, por isso, é onde o serviço de locação se inicia. O Sudeste é um dos grandes motores de mobilidade de colaboradores no Brasil, o que justifica tal prioridade. Logo mais, pretendemos expandir para todas as localidades já existentes e, futuramente, conquistar novos mercados. As regiões Sul e Nordeste serão as próximas a contar com essa possibilidade.

Frota&Cia – Será possível fretar para qualquer finalidade, como viagens de torcidas organizadas ou viagens internacionais, por exemplo? Existe algum tipo de limitação?

ACG – Hoje, a gente freta o veículo, exclusivamente, para o transporte de colaboradores. Portanto, o transporte eventual não entra nessa primeira fase. Mas, depois sim. Previamente, precisamos garantir que os veículos estejam devidamente habilitados para todas essas aplicações em conformidade com a ANTT. Em 2025, já estaremos falando em fretamento contínuo e eventual, mas ainda dentro do Brasil. No médio prazo, poderemos atender o transporte rodoviário, inclusive para viagens internacionais na América do Sul.

FretadãoFrota&Cia – O Fretadão promete desburocratizar o aluguel. Explique.

ACG – Atualmente, há uma empresa que também atua com a locação de ônibus. Mas, são contratos de cinco anos com multas e garantias. Geralmente, os acordos estão vinculados a um processo licitatório para atrelar o contrato de do aluguel ao período acertado com o poder público, como no transporte urbano de passageiros.

Por meio da nossa tecnologia, a análise de crédito e da capacidade operacional do cliente será simplificada e mais ágil, assim como permitiremos contratos mais flexíveis e seguros aos nossos clientes. Sabemos que estes contratos “leoninos” inibem os investimentos em frota.

Frota&Cia – O Rental começará com quantos e quais veículos?

ACG – Serão 21 veículos, inicialmente. Captamos R$ 50 milhões para formar uma frota de, mais ou menos, 70 veículos até o final de 2024. Hoje, são cerca de 20% de vans Renault Master, 30% de micro-ônibus Volare Sênior e 50% de ônibus com chassis Mercedes-Benz equipados com suspensão a ar e motor dianteiro. Atuamos com veículos seminovos e 0 km comprados.

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Frota&Cia – Qual é o perfil dos seminovos/usados no portfólio?

ACG – Provavelmente, teremos de 30% a 40% de veículos seminovos para fazer um contrabalanceamento de idade média de frota para os parceiros, já que um produto Euro6 0km demandará um investimento maior por parte do operador. Hoje, a idade máxima para comprar um veículo é de sete anos, mas nós procuramos sempre veículos de cinco anos, no máximo, para fazer essa composição de frota, pois esses ônibus precisam durar mais dez anos em circulação e atingir um máximo de 15 anos ao final da parceria.

Frota&Cia – Qual é o cronograma de aquisições até que se forme a frota de 1.000 unidades?

ACG – Em 2025, mais do que dobraremos as 70 unidades planejadas para este ano. Em 2026, chegarão mais 350 veículos. Os demais 500 ônibus chegarão no quarto e no quinto ano de projeto. Esse montante se soma aos 1.400 veículos que temos, atualmente.

Frota&Cia – De onde vem toda essa capacidade de investimento?

ACG – Nós temos oito anos de mercado e 110 empresas clientes que transportam com 36 mil pessoas diariamente. Portanto, parte do investimento vem de capacidade próprio. Todavia, a grande parte do montante é oriunda de investidores do capital de risco que estão olhando para o negócio como uma oportunidade de algo disruptivo e inovador, como no caso do Fretadão. Há outras possibilidades de financiamentos via BNDES e outros bancos.

Frota&Cia – Quais são os segmentos da economia que estão justificando a todos esses investimentos?

FretadãoACG – O nosso principal segmento são os centros logísticos, mercado em que somos o maior operador no transporte de passageiros. O comércio eletrônico ainda conta com enorme potencial de crescimento, já que os números deste setor no Brasil ainda estão distantes da média dos mercados mais desenvolvidos. O segmento de fretes para as indústrias nacionais é muito interessante e pretendemos aumentar a presença na oferta do serviço também nessa área. No médio prazo, a gente acredita muito no setor de turismo rodoviário por fretamento.

Frota&Cia – Como o Fretadão olha para os veículos elétricos e outras tecnologias mais limpas?

ACG – Estamos investindo R$ 2 milhões em vans elétricas e temos a intenção de fazer uma composição de frota incentivando os combustíveis alternativos. Todavia, nós não temos – ainda – certeza de qual é o melhor caminho para a eletrificação no Brasil em termos de matriz energética e como será essa rede de abastecimento. Acreditamos que este mercado, agora, se volta para as empresas com políticas concisas de ESG. 

Frota&Cia – Os clientes estão dispostos a pagar um contrato mais caro para usar um veículo elétrico?

ACG – Ainda não. Com o ESG, conversamos com clientes diferentes dentro da empresa. Por vezes, quem coordena essa verba é o RH (Recursos Humanos), mas pode ser direto com a gestão de frota ou, ainda, com na relação com investidores ou outra área estratégica. Precisamos fazer com que o parceiro entenda com ganhos ambientais e operacionais. É mais uma etapa de acostumar o público, assim como foi com o uso de aplicativos e outras coisas que fazem parte do nosso dia a dia.

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