BorgWarner quer ser protagonista da eletrificação no Brasil

Empresa inaugurou uma planta em Piracicaba neste ano e mira o escalonamento da produção para fazer a diferença no segmento

Multiplicar o faturamento em 20 vezes, ter 49% da receita proveniente de soluções para eletrificação no mundo todo até 2027 e contribuir diretamente para expansão da mobilidade elétrica no Brasil. Esses são os objetivos da BorgWarner depois da inauguração de sua recente fábrica em Piracicaba (SP) em fevereiro deste ano.

A planta tem uma área total de 33 mil m² e capacidade produtiva de 500 MWh (Megawatt.hora) de energia, o que representa alimentar por um ano um bairro com 250 casas, ou para um ônibus rodar 300.000 quilômetros sem parar em trajeto urbano. A ideia é atender toda a América do Sul e estar mais próximos dos clientes.

“No meu ponto de vista (a fábrica e esse movimento todo da BorgWarner) tem tudo pra ser o protagonista da eletrificação no Brasil, puxar a fila da mobilidade elétrica aqui. Como a bateria é um item muito importante, e pesado, de difícil manipulação, essa localização é fundamental pra gente. Estar próximo do cliente para prestar um bom atendimento.” Comenta Marcelo Rezende, diretor para Sistemas de Baterias da BorgWarner.

A planta de Piracicaba tem área útil de 2,3 mil m²   

O produto

Atualmente a empresa monta o Sistema de Gerenciamento da Bateria (BMS), os módulos de conexão entre as baterias (Junction box), a Unidade de recarga de corrente direta (DCCU) e a Unidade eletrônica de controle (EDCU). Tudo isso é acoplado à bateria que vem da Alemanha para formar o chamado battery pack, que o produto final entregue aos veículos.

Battery Pack, ou sistema de bateria, pesam 556 kgs

A BorgWarner tem um cuidadoso método de montagem, testagem e avaliação na fábrica. Cada passo é monitorado por um computadores que supervisionam tudo. “Nem se o operador quiser fazer algo errado ele consegue”, brinca Marcelo.

A vida útil da battery pack (que opera em até 665 volts e armazena 98 kWh de energia) é de 4000 ciclos de recarga, o que representa 8 anos. Depois ela pode seguir para a chamada 2ª vida, após passar por uma estação de recarga. O último passo é o sistema de reciclagem.

Adilson Victoria

Esse sistema consiste em dividir todos os componentes da bateria e encaminhar cada um pro seu devido destino. Hoje 85% dela é reciclável, mas a companhia visa chegar aos 90%. Segundo Adilson Victoria, Gerente de Manufatura e Engenharia de Planta, a meta é também trazer a produção da bateria para o Brasil. Parte da fábrica já tem estrutura para isso. “Queremos trazer o produto para dentro de casa” 

Brasil fonte renovável

Quando falamos de eletrificação, um dos questionamentos mais latentes é a fonte dessa energia e se não vai impactar no fornecimento para casas, por exemplo. Marcelo Rezende comenta que acredita que não teremos problemas com isso e faz questão de destacar o crescimento de geração de energia aqui no Brasil citando um relatório da ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).

Fontes hidráulica, eólica e solar, as chamadas fontes limpas, somadas responderam por 91,4% da energia gerada entre janeiro e abril de 2023. Esse número é superior ao mesmo período de 2022 (87,8%) e atesta o crescimento das fontes renováveis. 

Tendências no mercado da eletrificação

Marcelo Rezende durante apresentação à imprensa

O diretor Marcelo Rezende também analisou o futuro do segmento no Brasil. Para ele, a eletrificação vai acontecer primeiro nos veículos comerciais. “Ônibus urbanos de grandes centros serão os primeiro e em sequência vêm os caminhões last mile. No segmento de médios e pesados, talvez uma parte eletrifique, mas ainda falta muita definição das montadoras”.

O uso intenso do veículo, o que faz compensar o investir a longo prazo, e uma infraestrutura de recarga nos grandes centros ajudam a explicar porquê o diretor aponta os dois segmentos com a tendência da eletrificação primeiro. “Grandes distâncias são complicadas porque dificultam a estratégia de parada e recarga” completa.

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